Medidas de Kalil na pandemia viram alvo de rivais contra reeleição de prefeito de BH

Capital mineira teve que recuar de ações devido aos índices de ocupação de leitos de UTI

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Belo Horizonte

Mesmo apontado como favorito na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, o atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD), pode ver seu desempenho nas urnas ser afetado pelas medidas adotadas contra a pandemia do novo coronavírus, que deixaram boa parte do comércio fechado por meses.

BH iniciou a reabertura no final de maio, teve que frear e recuar algumas vezes, devido aos índices de ocupação de leitos de UTI e de transmissão, e esperou até agosto para abertura gradual de shoppings, bares e restaurantes.

Ao longo do primeiro semestre, Kalil disse que seguiria especialistas de saúde, ainda que sob críticas e protestos de empresários, comerciantes e até do governador Romeu Zema (Novo), que chamou a prefeitura de BH de “fora da curva”.

Campanhas de adversários como Luísa Barreto (PSDB) e dos deputados estaduais Bruno Engler (PRTB) e João Vítor Xavier (Cidadania), candidato apontado como favorito na oposição até então, usaram as críticas ao prefeito já na pré-campanha.

“Você não assumiu com as suas responsabilidades”, diz Barreto, que desembarcou do governo Zema para concorrer, em um vídeo divulgado em junho, se dirigindo a Kalil.

O atual prefeito foi eleito em 2016, pelo PHS, com mais dois partidos na coligação (Rede e PV), pouco depois de deixar a presidência do Atlético-MG, embalado por um discurso antipolítico. Na época, ele chegou a declarar que havia acabado coxinha e mortadela —em referência à polarização entre PSDB e PT — e agora seria quibe.

Durante o mandato, conseguiu aprovar um novo plano diretor, mas foi criticado, por exemplo, pelos poucos avanços em transporte público e nas obras para diminuir o impacto das chuvas —no início do ano, o maior nível de chuvas em décadas deixou 14 mortos só na capital e um rastro de destruição em diversas regiões da cidade, com resposta lenta das obras.

“Eu quis fazer uma população com menos mortes, com cidade reconstruída, porque foi uma coisa pavorosa, quem estava aqui viu”, disse Kalil na convenção que confirmou sua candidatura, no dia 13 de setembro, se referindo à pandemia e aos temporais.

A coligação para a reeleição tem sete partidos confirmados —PSD, legenda do prefeito desde 2019, Rede, PP, DC, MDB, PV e o PDT de Ciro Gomes, apoiado por Kalil em 2018— e o Avante por confirmar. A candidatura de Kalil foi também um dos fatores para o senador e ex-governador Antonio Anastasia trocar o PSDB pelo PSD, já que os tucanos queriam candidatura própria.

João Vítor Xavier, que além de deputado estadual é jornalista na rádio Itatiaia, deve ter apoio de pelo menos sete partidos: além do Cidadania, DEM, PSB, PTB, PL, PMN e o PSL, do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio —candidato em 2016, a assessoria disse que ele não irá se manifestar no primeiro turno.

BH deve ter 16 candidaturas na disputa de 2020 —em 2016, foram 11, e em 2012, oito, segundo o TRE-MG (Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais).

A ideia de uma frente de esquerda, que uniria PT e PSOL, não vingou e o PC do B também decidiu pela candidatura própria, com o ex-deputado federal Wadson Ribeiro. O PT terá chapa pura, encabeçada por Nilmário Miranda, ex-deputado e ex-ministro do governo Lula.

O PSOL lançou Áurea Carolina, vereadora mais votada em 2016 e atual deputada federal, que terá na coligação PCB e UP. Na avaliação da legenda, com movimentos antirracistas e feministas ganhando força, não poderiam deixar Áurea como vice em outra chapa.

O Patriota confirmou o nome de Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) durante a pandemia, crítico a Kalil.

Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dizer que não deve tomar posição no primeiro turno das eleições, BH pode ser uma das exceções. Bolsonaro já acenou a Bruno Engler em transmissões nas redes sociais, ainda que sem citar nome, e, em entrevista à rádio Jovem Pan, elogiou o deputado que se elegeu na carona dele. “Se assumir a prefeitura, vai fazer um trabalho semelhante ao meu”, afirmou.

Engler trocou o PSL pelo PRTB, partido do vice-presidente Hamilton Mourão, este ano. Na convenção que confirmou seu nome, onde os presentes estenderam as mãos em sua direção para abençoá-lo, a decoração tinha fotos de Mourão e Levy Fidelix, e de Engler ao lado de Bolsonaro.

Mourão já gravou um vídeo de apoio, ao lado do presidente do partido em BH, Mauro Quintão, que deve ser o vice de Engler, e que será divulgado no início da campanha, segundo o próprio Quintão.

Em entrevista ao jornal O Tempo, o secretário de saúde de BH, Jackson Machado Pinto, disse temer que a capital tenha que passar por novo fechamento antes de dezembro. No boletim epidemiológico do município de sexta-feira (18), BH chegou a 1.160 mortes e a taxa de ocupação de UTIs reservadas para Covid-19 é de 44,4%.

Kalil, que é cogitado para disputa pelo Governo de Minas em 2022, decidiu fechar o comércio no final de março e criticou Zema no Twitter, afirmando que o governador não havia cumprido com a palavra dada em uma conversa entre eles. Os dois trocaram farpas outras vezes durante o período de quarentena, nas redes e em entrevistas.

Zema, primeiro político do Novo a ser eleito para um cargo do Executivo no país, participou da convenção do partido que lançou Rodrigo Paiva para a prefeitura. Empresário, Paiva disputou uma vaga ao Senado em 2018 e foi presidente da Prodemge (Companhia de Tecnologia da Informação de Minas Gerais).

"Fico muito satisfeito desse exército nosso estar crescendo a cada dia", afirmou o governador em chamada de vídeo.

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