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Partido Novo suspende temporariamente Filipe Sabará e paralisa campanha à Prefeitura de SP

Decisão do conselho de ética ainda terá julgamento definitivo; candidato apresentará defesa

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São Paulo

O conselho de ética do Partido Novo decidiu, nesta quarta-feira (23), suspender temporariamente os direitos de filiação de Filipe Sabará, candidato da legenda à Prefeitura de São Paulo.

A decisão coloca em risco a continuidade da candidatura, que já foi registrada junto à Justiça Eleitoral.

Como consequência, o diretório nacional do Novo orientou o diretório municipal de São Paulo a suspender as ações de campanha até que o caso seja julgado em definitivo pelo conselho de ética.

O candidato afirma estar sendo "perseguido pelo João Amoêdo [ex-presidente do partido] e por uma ala esquerdista minoritária do Partido Novo, por ser uma pessoa de direita".

"Estou entrando com todos os meios jurídicos e medidas judiciais cabíveis, tanto para reverter a situação, quanto para processar os responsáveis", afirmou Sabará. "Infiltrados do MBL [Movimento Brasil Livre] também estão nesse grupo de pessoas que estão tentando me derrubar."

O partido afirma ter recebido denúncias que deram origem a processos disciplinares contra Sabará, mas não detalha quais são essas acusações.

Em email do diretório nacional a seus filiados, enviado na noite desta quarta, o Novo comunica que a decisão da comissão corre em sigilo e que o filiado terá um prazo determinado para manifestar sua defesa.

Sabará já vinha enfrentando oposição dentro de seu próprio partido. Sua defesa contínua de medidas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido recebida negativamente na legenda.

Entre filiados do Novo também circulam questionamentos sobre a fidelidade partidária de Sabará, sobre sua formação acadêmica e até suspeitas de troca de favores com dirigentes do Novo em nível municipal.

Um episódio trazido à tona ocorreu em 2018, quando o candidato do Novo ao governo de São Paulo, Rogério Chequer, criticou o então candidato do PSDB, João Doria, de quem Sabará foi secretário.

Sabará, então, defendeu Doria, o que gerou atrito em relação a Chequer. Na semana passada, Sabará entrou em conflito com João Amoêdo, candidato do Novo à Presidência em 2018 e principal líder do partido, por fazer uma defesa de Paulo Maluf.

A inconsistência na declaração dos bens de Sabará à Justiça Eleitoral foi outro pontos de reclamação entre filiados.

Nesta quarta, o Painel mostrou que Sabará retificou sua declaração de bens à Justiça Eleitoral —passando de R$ 15 mil para R$ 5 milhões.

No documento que enviou em 19 de setembro, Sabará declarou R$ 15.686 em bens. Filiados do Novo passaram a criticar o que viram como falta de transparência do candidato, que é herdeiro do Grupo Sabará, gigante da indústria química voltada à fabricação de cosméticos, com faturamento acima de R$ 200 milhões em cada um dos últimos anos.

Em retificação enviada em 21 de setembro, declarou ter, na verdade, R$ 5,1 milhões, divididos entre ações de uma empresa de cosméticos (R$ 5 milhões), aplicações e valores em conta. Na declaração original, as ações da empresa estavam avaliadas em R$ 8.000.

Em documento enviado ao Tribunal Regional Eleitoral, o advogado de Sabará, Ricardo Stella, atribuiu a diferença de valores a "um lapso".

Na última quarta (16), Amoêdo deu um pito público a Sabará pela escolha de Paulo Maluf como um bom prefeito. O dirigente chegou a dizer que espera do diretório paulista as providências cabíveis sobre a declaração.

“Teve suas questões de corrupção, foi condenado, mas fez muita coisa. Imagina São Paulo sem as obras do Maluf”, disse Sabará no programa Pânico, da Jovem Pan.

“A citação de um político corrupto como exemplo de gestão é inadmissível. O ‘rouba, mas faz’ fere frontalmente os valores e princípios do Novo. Essa prática não pode ser endossada por ninguém do partido”, tuitou Amoêdo.

Sabará respondeu dizendo que não defendeu o “rouba, mas faz”. “Dizer quem foi um bom prefeito não é tarefa fácil. A maioria não realizou nada. E os que realizaram, roubaram”, afirmou.

Sabará foi escolhido candidato à Prefeitura de São Paulo em processo seletivo do Novo que teve cerca de 70 concorrentes.

No último dia 5, a convenção do Novo, que confirmou Sabará e Marina Helena como sua vice, foi feita em formato drive-thru no estacionamento da Câmara Municipal. Sabará defendeu um estado enxuto e a geração de emprego e renda.

“Isso é a nova e boa política que a sociedade tanto pede. O Novo também é o único partido que não usa dinheiro público. Uma vergonha para o Brasil todos os outros partidos que usam dinheiro que poderia ser investido na Saúde, por exemplo, para fazer campanha política, mas nossa resposta vai vir nas urnas”, disse.

Sabará foi secretário de Assistência e Desenvolvimento Social da prefeitura na gestão Doria e foi presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo, também no governo do tucano. Ele pediu demissão no ano passado para concorrer na eleição municipal.

Empresário, Sabará é fundador de associação que insere moradores de rua no mercado de trabalho, ação que também desenvolveu na prefeitura, e de empresa de cosméticos naturais. Também idealizou um programa de produção de alimentos em terrenos baldios e se especializou em sustentabilidade.

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