PF intima Carlos e Eduardo Bolsonaro a deporem no inquérito que apura atos antidemocráticos

Para polícia, os dois filhos do presidente têm a colaborar com o caso por suas ligações políticas com alguns dos investigados

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Brasília

A Polícia Federal intimou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a deporem como testemunhas no inquérito em curso no STF (Supremo Tribunal Federal) que apura a realização de atos antidemocráticos.

O relator é o ministro Alexandre de Moraes e, no caso de testemunhas, entendem os investigadores, não há a necessidade de autorização judicial para colher os depoimentos.

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O deputado Eduardo (PSL-SP) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos (Republicanos), filhos do presidente Jair Bolsonaro - Divulgação

A delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro avaliou que os dois filhos do presidente têm a colaborar com a apuração por causa da ligação política com alguns dos investigados. De acordo com o Código do Processo Penal, a testemunha tem o compromisso de dizer a verdade sobre o que Ihe for perguntado pela autoridade policial.

A PGR (Procuradoria Geral da República) informou que não se manifestou sobre a iniciativa da PF de ouvir os dois filhos do presidente da República como testemunhas.

No final do mês passado, em parecer enviado ao ministro Alexandre de Moraes, a procuradoria se opôs a um pedido de partidos de oposição para incluir Bolsonaro e outras pessoas no rol de investigados.

A PGR informou que não cabe a terceiros, como partidos ou quaisquer outros, ficar interferindo em inquéritos, por não serem parte legítima.

O inquérito em questão foi aberto em 21 de abril por Moraes, a pedido da PGR, e mira integrantes da militância bolsonarista que participaram de manifestações com pautas favoráveis ao AI-5 e ao fechamento do Congresso e do STF.

O relator já determinou mandados de busca e apreensão, quebra do sigilo bancário e outras diligências contra dez deputados federais, um senador e diversos outros apoiadores do chefe do Executivo.

O blogueiro Allan dos Santos, do site Terça Livre, o marqueteiro Sérgio Lima e o empresário Otávio Fakhoury são outros envolvidos no caso.

Uma linha de apuração neste inquérito, segundo a PGR, busca esclarecer se os investigados se articularam com parlamentares e outras autoridades com prerrogativa de foro no STF "para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional (7.170/1983)".

Ao autorizar a operação no inquérito em 16 de junho, Moraes afirmou que o grupo que organizou os atos é financiado por diversas formas por empresários.

O ministro também citou que a PGR indicou a estruturação da associação criminosa, que seria formada por quatro núcleos, intitulados “organizadores e movimentos”, “influenciadores digitais e hashtags”, “monetização” e “conexão com parlamentares”.Diante dos indícios, os pedidos da Procuradoria para avançar nas investigações tornaram-se “imprescindíveis”, segundo o ministro.

O inquérito corre sob sigilo e nenhum dos órgãos se pronunciou oficialmente sobre o depoimento de Carlos e Eduardo.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior desta reportagem afirmou incorretamente que houve uma manifestação da PGR contrária ao depoimento de Carlos e Eduardo Bolsonaro como testemunhas à Polícia Federal. O que houve foi uma manifestação da PGR contra se ampliar o rol de investigados no inquérito. O texto já foi corrigido.

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