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PT oficializa Tatto em evento esvaziado na periferia, com repeteco do PSOL e expectativa por Lula

Haddad e Gleisi, que eram esperados em laje, participarão só virtualmente; PSDB lança Bruno Covas e o vice Ricardo Nunes, do MDB

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São Paulo

Com uma convenção esvaziada neste sábado (12), o PT lança o ex-secretário Jilmar Tatto à Prefeitura de São Paulo.

A ideia inicial do partido era fazer um evento simbólico numa laje na periferia com Tatto, o ex-prefeito Fernando Haddad e a presidente nacional do partido, Gleisi Hofmann, além de dirigentes municipais.

Serviria como contraponto à convenção da principal sombra hoje à esquerda do partido, a de Guilherme Boulos (PSOL), que fez seu evento no Campo Limpo, também na periferia (da zona sul), no último dia 5.

A presença de Haddad e Gleisi era confirmada pela campanha petista até a tarde desta sexta-feira (11), mas ambos informaram que participarão apenas virtualmente.

Jilmar Tatto, candidato do PT em São Paulo, durante protesto contra ações de despejo - Divulgação/PT

A convenção marca ainda o embarque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha de Tatto. A aparição de Lula será online e deve ser feita por meio de um vídeo gravado.

Entre os petistas, é grande a expectativa pelo nível de adesão de Lula à campanha. O ex-presidente e a presença do PT nos bairros, com militância organizada, são as estratégias a que se agarram os aliados de Tatto na esperança de que ele não figure entre os candidatos nanicos, supere Boulos e chegue ao segundo turno.

Também neste sábado, o PSDB lança Bruno Covas como candidato à reeleição. O prefeito chega à convenção tucana com quase todas as arestas da campanha aparadas. Como antecipou o Painel, da Folha, nesta sexta (11), ele definiu o vereador Ricardo Nunes (MDB) como seu candidato a vice-prefeito.

A escolha de Nunes atende a coligação formada em torno de Covas, com nove partidos além do PSDB. Parte dos tucanos preferia uma chapa pura, mas essa opção esbarrou nos aliados. Covas é apoiado por DEM, Podemos, MDB, PSC, PP, PL, PROS, Cidadania e PV. ​

Ao longo da semana, Covas também formalizou o apoio de Marta Suplicy ao mesmo tempo em que perdeu o partido da ex-prefeita, o Solidariedade, que resolveu abraçar a candidatura de Márcio França (PSB). Após o racha, Marta, que participará da convenção tucana com um vídeo gravado, deve se desfiliar da legenda.

Para o prefeito, falta ainda a definição sobre Celso Russomanno (Republicanos). Dirigentes do Republicanos afirmam que a candidatura própria está sacramentada, mas os tucanos dizem seguir em conversas para atrair Russomanno. A entrada do deputado federal no pleito é considerada uma ameaça à reeleição de Covas.

Já o PT chega a sua convenção com incertezas e desgastes. O partido fará o evento numa laje no bairro Jardim São Luiz, na zona sul da capital, a partir das 15h.

São esperados ali, além de Tatto, sua candidata a vice (ainda indefinida) e o presidente do PT municipal, Laércio Ribeiro.

Por causa de uma palestra pré-agendada numa entidade de engenheiros, Haddad afirmou que iria participar apenas virtualmente, o que surpreendeu o partido e gerou uma crise interna.

O ex-prefeito, no entanto, manteve a decisão de não comparecer fisicamente ao evento, citando ainda o fato de ter se desgastado muito nos últimos dias gravando propaganda para candidatos petistas.

Gleisi afirmou, por sua assessoria, que já havia acertado anteriormente com Tatto sua participação apenas online, e que não conseguiu voo para participar presencialmente.

O PT limitou os convidados presenciais em razão da pandemia e da capacidade da laje. A convenção será transmitida, e líderes do partido participarão online. A imprensa foi vetada no local, o que não aconteceu em convenções de outros candidatos em São Paulo, apesar dos riscos do coronavírus.

Além da ausência de Haddad e Gleisi e do discurso de Lula, a escolha da vice mobilizou membros da campanha do PT na reta final dos preparativos da convenção. A ideia é anunciá-la neste sábado, mas petistas admitem que a escolha pode até ser adiada.

A historiadora Selma Rocha, membro do conselho da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, topou a missão, mas não agradou a todos internamente —a campanha ainda busca um nome de mais apelo eleitoral.

Graça Xavier, militante negra do movimento por moradia, tornou-se uma nova aposta. Tatto vem encontrado dificuldade para definir sua chapa após tentativas frustradas com Djamila Ribeiro, Ana Estela Haddad e Eduardo Suplicy.

A rivalidade entre Tatto e Boulos vem sendo alimentada pelo bom desempenho do ex-presidenciável do PSOL em pesquisas e pela migração de artistas e intelectuais ligados ao PT para sua campanha.

Conforme mostrou a Folha, Lula está constrangido em meio a um dilema entre apoiar Tatto e melindrar Boulos, de quem também é aliado. A insistência para que o PT tivesse candidato próprio em São Paulo veio do próprio ex-presidente.

Tanto no PT como no PSOL, a escolha pela periferia quis transmitir a ideia de que os mais pobres estarão no centro das propostas dos candidatos.

Os petistas rejeitam a comparação com a convenção de Boulos, afirmam que o lançamento de Tatto numa laje estava previsto antes e que ele já vem fazendo gravações em lajes há mais de um mês.

Já a participação de Lula vem após a campanha de Tatto se desgastar em busca de seu apoio e em busca de unidade no PT –o ex-secretário foi escolhido em polêmicas prévias com vantagem pequena sobre o deputado Alexandre Padilha.

“A convenção marca a largada do PT rumo ao segundo turno, como historicamente sempre foi na cidade de São Paulo, a partir da periferia, das marcas que o PT tem na cidade, da disposição do Tatto de defender o legado e apontar para novas perspectivas. Temos segurança de que, junto com a militância, Haddad e Lula, vamos levar Jilmar Tatto à vitória”, afirma Ribeiro.

Em seu discurso na convenção, Haddad deve dizer que a principal tarefa do partido é tornar Tatto mais conhecido. "Esta é a primeira meta, levar o nome do Jilmar para toda a cidade", afirma o ex-prefeito.

Haddad minimizou o apoio de Marta a Covas. "Faria diferença se ela estivesse na chapa, mas não está. Eu nunca tive expectativa real do apoio dela ao Tatto."

Reservadamente, porém, alguns petistas afirmam que o apoio da ex-prefeita ao tucano foi um baque e comprometeu o discurso de Tatto de defesa do legado petista na capital. Parte das conquistas são de Luiza Erundina, vice de Boulos, e de Marta, apoiadora de Covas.

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O prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB) e Marta Suplicy (Solidariedade) após jantar em que selaram apoio - Divulgação/PSDB

A estratégia, agora, é atribuir os avanços ao PT como um todo, reforçando que Tatto foi secretário de Marta e de Haddad.

Além de Marta, participarão virtualmente da convenção tucana o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do MDB, Baleia Rossi, o presidente do DEM, ACM Neto, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, entre outros.

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) também participará. Ele deixou o posto de coordenador do plano de governo de Covas após se tornar réu acusado de corrupção e caixa dois —Alckmin afirma não ter cometido irregularidades.

A costura política em torno do prefeito, com DEM e MDB, envolve o governador João Doria (PSDB) e sua intenção de ser candidato à Presidência em 2022. ​

A convenção do PSDB, com os discursos virtuais, será às 14h30. A votação de delegados será presencial em 18 pontos da cidade.

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