Ameaçado, Crivella clama por apoio imediato de Bolsonaro para chegar ao 2º turno no Rio

Em pesquisa Datafolha, prefeito aparece empatado em segundo lugar com Martha Rocha e Benedita

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Rio de Janeiro

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se comprometeu a declarar apoio a alguns candidatos, inclusive o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), nas duas semanas anteriores às eleições. O bispo licenciado, no entanto, tem pressa e deseja uma manifestação mais enfática na busca pela reeleição.

Isso porque as pesquisas mostram que talvez Crivella não chegue sequer ao segundo turno. A candidatura do prefeito vem disputando espaço com Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT).

Na última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (22), Crivella e Martha têm 13% das intenções de voto, enquanto Benedita tem 10%. Os três estão empatados tecnicamente. Eduardo Paes (DEM) se isola na liderança, com 28%.

Em relação à primeira pesquisa, realizada no início do mês, o prefeito perdeu um ponto percentual, enquanto Martha ganhou três e, Benedita, dois. Os três oscilaram dentro da margem de erro, de três pontos.

A comparação com o levantamento anterior mostra que a tentativa de colar sua imagem em Bolsonaro, principal estratégia de Crivella, não alavancou sua candidatura.

Até porque, ainda que tenha feito acenos ao prefeito e permitido o uso de sua imagem no programa eleitoral, Bolsonaro ainda não pediu votos para o aliado.

O objetivo da campanha do bispo foi tentar cacifá-lo como o principal candidato do campo conservador. A expectativa era a de que a proximidade com o presidente o ajudasse a atrair esses eleitores.

Por isso, para o horário eleitoral na TV, o prefeito apostou em propaganda voltada para a união com Bolsonaro.

Em uma das peças, metade do tempo foi ocupado por imagens ou pela voz do presidente. O deputado federal Luiz Lima (PSL), que também tenta surfar a onda bolsonarista, recorreu ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para que o programa seja suspenso. A legislação determina que um apoiador só pode aparecer em até 25% do tempo do material.

A peça exibe fotos de Crivella e Bolsonaro e um vídeo com uma dancinha entre os dois. O prefeito tenta estabelecer um vínculo afetivo com o presidente. “O que nos move é o que moveu o presidente quando acordou naquela UTI esfaqueado”, afirma o prefeito no programa.

O material não evitou que outros candidatos, especialmente Paes e até a pedetista Martha Rocha, conquistassem o voto bolsonarista. São esses eleitores, junto aos indecisos, que Crivella ainda quer arrebanhar.

A pesquisa Datafolha mostra que, entre os que aprovam o desempenho do governo Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus, 28% votam em Crivella, 24% em Paes e 10% em Martha Rocha.

Ao longo da campanha, Paes tentou se manter neutro na disputa ideológica, mas também declarou que é pragmático e que dialogaria com o governo federal, caso eleito. “Quero resolver os problemas da cidade. Bolsonaro é o presidente e vai ter um parceiro no Rio”, afirmou à Folha.

Crivella ainda precisa lidar um alto índice de reprovação. Em dezembro do ano passado, em meio a uma grave crise fiscal e na saúde, o prefeito acumulava 72% de rejeição, segundo pesquisa Datafolha feita à época.

O comando da campanha de Crivella acreditava que ele havia conseguido melhorar sua imagem durante o combate à pandemia e que o quadro seria revertido.

De fato, a reprovação de Crivella diminuiu, mas ainda é muito alta. O prefeito é o candidato mais rejeitado entre os eleitores –58% declaram que não votariam nele de jeito nenhum.

O bispo também teve que enfrentar outro percalço. Por cerca de três semanas entre setembro e outubro, a candidatura de Crivella e um eventual novo mandato estiveram ameaçados.

No dia 24 de setembro, o TRE decidiu por unanimidade pela inelegibilidade do prefeito até 2026 por suposto abuso de poder na convocação de funcionários da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) para participação de um ato político na campanha eleitoral de 2018.

Após a decisão, o Ministério Público Eleitoral chegou a impugnar a candidatura de Crivella. No dia 13 de outubro, no entanto, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) colocou fim à questão e suspendeu provisoriamente a inelegibilidade do bispo.

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