Ataques machistas me dão mais força para continuar, diz Marina Helou em sabatina Folha/UOL

Candidata da Rede à Prefeitura de São Paulo critica Covas por medidas na pandemia e defende governo sustentável

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São Paulo

A deputada estadual Marina Helou, candidata pela Rede à Prefeitura de São Paulo, rebateu nesta sexta-feira (23) ataques machistas que vem recebendo durante a campanha e defendeu a diversidade de gênero, raça e classe social na política.

"Os ataques me dão mais força ainda para continuar", disse ela durante sabatina promovida pela Folha, em parceria com o UOL. Além de Marina, outras duas mulheres disputam o cargo: Joice Hasselmann (PSL) e Vera Lúcia (PSTU).

Para a deputada, as ofensas sexistas de que é alvo são uma forma "de descredibilizar mulheres jovens" na política. Na opinião dela, os autores de mensagens preconceituosas, que chegam principalmente via redes sociais, preferem fazer cobranças sobre sua aparência em vez de escutar suas ideias.

"Precisamos ouvir mais mulheres, negros e pessoas da periferia. Diversidade de olhares melhora a qualidade da política, traz diversidade de soluções", acrescentou Marina, que tem como vice Marco DiPreto (Rede).

A candidata da Rede aparece com 1% das intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha.

A candidata reiterou sua defesa de oportunidades iguais e reconheceu seus privilégios, como o fato de ter declarado o segundo maior patrimônio entre os postulantes a prefeito (R$ 2,2 milhões). Afirmou, contudo, ter uma atuação voltada à construção de uma sociedade mais justa.

"A gente precisa garantir a mesma oportunidade que eu tive o privilégio de ter para todas as pessoas", disse ela, que fez carreira no setor privado e se elegeu pela primeira vez em 2018.

Marina também fez uma defesa de seu programa de governo, baseado em sustentabilidade econômica e social. Disse que, se eleita, dará prioridade à população mais afetada pelos efeitos da pandemia de Covid-19 e buscará geração de emprego e renda, como por meio de cooperativas de reciclagem.

A candidata disse que o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), tomou decisões acertadas na condução da crise de saúde, mas errou, por exemplo, ao propor um megarrodízio com o objetivo de diminuir a circulação de carros e ao se comunicar com a população.

"Acho que foi acertada a decisão de investir na saúde de alta e média complexidade, garantindo que a gente não tivesse um colapso do sistema. Foi fundamental, mas a gente poderia ter feito mais", comentou.

Para ela, a capital deveria ter investido na prevenção e controle do vírus e adotado medidas de isolamento mais restritivas logo no início, para que o retorno às atividades fosse mais rápido.

"A antecipação de feriados foi válida para diminuir o fluxo. Já o rodízio [ampliado] claramente seria um desastre, porque as pessoas continuavam tendo a necessidade de usar o transporte. Era uma péssima medida, que estava na cara que não ia dar certo", afirmou.

"Faltou uma comunicação com clareza, uma liderança. O governador [João Doria, do PSDB] falava uma coisa e o prefeito, outra. E as pessoas ficaram sem saber em quem confiar. Era preciso ter uma comunicação coerente, e infelizmente a gente não teve isso no Brasil."

Marina criticou ainda o debate sobre a obrigatoriedade da vacina para a doença, discussão que, para ela, "não cabe no século 21". "A gente não deveria nem estar discutindo isso, mas como garantir que todas as pessoas serão vacinadas, para preservar vidas."

Sobre temas locais, a candidata disse que não trataria com urgência, por exemplo, da discussão sobre a demolição do Minhocão ("Não tem por que priorizar essa obra, precisamos priorizar quem mais precisa"), e defendeu a descanalização de rios hoje encobertos por ruas e avenidas.

"A gente não vai conseguir descanalizar todos os rios soterrados da cidade, nem é essa a intenção. Mas precisamos retomar esse contato com a natureza, o meio ambiente. Isso é pensar modelos mais sustentáveis", disse ela, apontando a medida como uma solução para as enchentes.

A candidata afirmou não ter uma posição dogmática sobre privatizações de bens e serviços públicos. Disse ser a favor das concessões do autódromo de Interlagos e do Anhembi. Defendeu os contratos com OSs (organizações sociais) que atuam em creches, mas pediu mais transparência e fiscalização.

"Se a melhor forma de resolver um problema for parceria com o setor privado, vamos fazer. Mas, se for necessário aumentar o tamanho do Estado, vamos fazer. É preciso pensar caso a caso", afirmou, levantando a bandeira do "Estado eficiente".

Sobre o caso de uma funcionária contratada de seu gabinete na Assembleia que trabalha em sua candidatura, Marina reiterou que a assessora foi exonerada assim que ficou claro que ela "se dedicaria mais à campanha do que ao mandato" parlamentar.

A Folha mostrou que assessores dela e do deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei (Patriota), que também concorre à prefeitura, participaram das respectivas campanhas. No caso da candidata da Rede, a servidora comissionada ficou apenas um mês no cargo.

"A gente tinha essa divisão bem clara, que se alguém começasse a se dedicar mais à campanha do que ao mandato seria imediatamente exonerado, o que aconteceu com todas as pessoas que passaram por esse processo."

Marina é formada em administração pública pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e está em seu primeiro mandato como deputada estadual. Em 2018, a parlamentar conquistou o apoio de cerca de 40 mil eleitores no estado de São Paulo.

Na sequência de sabatinas, à tarde, às 15h, é a vez de Manuela D'Ávila, do PC do B, que disputa a Prefeitura de Porto Alegre. Jornalista, foi vereadora, deputada estadual, deputada federal e candidata a vice-presidente da República em 2018 na chapa com Fernando Haddad (PT).

As entrevistas podem ser acompanhadas no site do UOL e da Folha e também nas redes sociais Facebook e YouTube.

SABATINAS

A Folha e o UOL estão sabatinando candidatos das principais capitais do país.

No Recife, foram entrevistados João Campos (PSB), Marília Arraes (PT), Patrícia Domingos (Podemos) e Mendonça Filho (DEM).

Dos candidatos em Belo Horizonte, foram sabatinados Áurea Carolina (PSOL), Alexandre Kalil (PSD), Bruno Engler (PRTB) e João Vítor Xavier (Cidadania).

De Salvador, Major Denice (PT), Olívia Santana (PC do B), o Pastor Sargento Isidório (Avante) e Bruno Reis (DEM) já foram entrevistados.

Em Curitiba, além de Fernando Francischini (PSL), falaram João Arruda (MDB), Goura (PDT) e Rafael Greca (DEM).

De Porto Alegre, além de José Fortunati (PTB), foram entrevistadas Juliana Brizola (PDT), Fernanda Melchionna (PSOL) e Gustavo Paim (PP).

De São Paulo, além de Marina Helou, foram entrevistados Antônio Carlos (PCO), Levy Fidelix (PRTB) e Orlando Silva (PC do B).

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