Descrição de chapéu senado

Caso da cueca deve ficar engavetado no Conselho de Ética, preveem senadores

Articulação deve empurrar análise para depois de eleição da Mesa Diretora da Casa, em fevereiro

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Brasília

Após três dias de esforço concentrado para a aprovação de ministros e diretores de agências reguladoras, o Senado não deve ter nova reunião de comissões até dezembro, o que põe fim à expetativa de líderes da oposição que aguardavam ainda neste ano uma avaliação do caso do senador Chico Rodrigues (DEM-RR).

Flagrado com dinheiro na cueca e entre as nádegas, o senador agora afastado do mandato é alvo de uma representação no Conselho de Ética da Casa por quebra de decoro parlamentar.

Rede e Cidadania querem a cassação do mandato, mas há no Senado uma articulação para que nada seja colocado em apreciação no colegiado antes da eleição para a presidência da Casa, a qual Davi Alcolumbre (DEM-AP) busca sustentabilidade jurídica e política para concorrer.

A eleição do Senado é em fevereiro de 2021, próximo ao fim da licença não remunerada solicitada por Rodrigues, que é de 121 dias.

Para que o caso seja analisado no conselho, é preciso uma manifestação do presidente Alcolumbre junto à Mesa Diretora, o que não tem prazo para ocorrer. Procurado, Alcolumbre não se manifestou.

"O presidente [Alcolumbre] é quem precisa convocar a Mesa, que toma a decisão, mas a maioria do Senado quer proteger o Chico [Rodrigues], e o Davi precisa se proteger neste período antes da eleição", disse o líder do PSL, Major Olímpio (SP), que é titular do conselho.

"Eu acho isso muito ruim porque dá a sensação de impunidade e corporativismo. A imagem do Senado fica muito ruim para a sociedade", afirmou.

O presidente do colegiado, Jayme Campos (DEM-MT), que é aliado de Rodrigues, afirmou que não pode adotar nenhum procedimento enquanto não houver uma manifestação da Mesa Diretora, a quem cabe convocar as comissões. Nem ele sabe quando isso poderá ocorrer.

"Não tenho autoridade nem prerrogativa de convocar o conselho diante dessa resolução, que foi feita pela Mesa", disse o presidente do colegiado.

As reuniões do conselho estão suspensas desde março por causa da pandemia do novo coronavírus.

Campos já encaminhou à Advocacia-Geral do Senado a representação por quebra de decoro parlamentar ingressada pelos dois partidos. Ainda não há prazo para a entrega do parecer.

Campos foi quem primeiro fez a sugestão para que o senador investigado pela Polícia Federal pedisse uma licença de 120 dias do Congresso. O senador é suspeito de integrar um esquema de corrupção para desviar recursos públicos na compra de testes rápidos para detecção de Covid-19.

O esquema envolveria mais de R$ 20 milhões em emendas parlamentares. A CGU (Controladoria-Geral da União) também participa da investigação.

De acordo com informação da PF enviada ao Supremo, Chico Rodrigues escondeu R$ 33.150 na cueca. Desse total, R$ 15 mil em maços de dinheiro estavam entre as nádegas.

A defesa alega que o recurso era particular, e que o parlamentar não cometeu irregularidades.

A decisão do senador agora licenciado abre margem para que o cargo seja ocupado pelo seu suplente. O primeiro na lista é seu filho, Pedro Rodrigues (DEM-RR).

Entre os senadores e servidores da Casa, o suplente já é conhecido como "cuequinha", uma vez que o suplente também foi alvo da operação da PF realizada na casa do senador em Boa Vista.

De acordo com a Secretaria-Geral do Senado, a Casa não é obrigada a convocar o suplente de Rodrigues durante o período de licença pedida pelo titular.

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