Eleitor confia mais no jornalismo profissional para se informar sobre o pleito, mostra Datafolha

Redes sociais são consideradas menos confiáveis para moradores de São Paulo, Rio, BH e Recife

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São Paulo

Na hora de se informar sobre o pleito municipal de novembro, os eleitores de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Recife confiam mais no jornalismo e nos meios de comunicação profissionais do que na mídia digital e redes sociais.

O dado foi aferido pelo Datafolha, em pesquisa feita nas quatro capitais nos dias 5 e 6 de outubro. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

Celulares usados em empresa para enviar mensagens de WhatsApp em massa
Celulares usados em empresa para enviar mensagens de WhatsApp em massa - Reprodução

Em São Paulo, maior cidade do país, foram ouvidas 1.092 pessoas. Para 41% delas, jornais são o meio mais confiável para se informar sobre as eleições, enquanto 35% confiam parcialmente neles. Para 20%, eles não são fontes confiáveis.

A mesma confiabilidade, 41%, é atribuída a programas jornalísticos de TV e de rádio. As taxas de desconfiança são igualmente semelhantes (33% parcial e 20% total para televisão e 32% e 22% para o rádio).

Já a mídia digital e as redes sociais são bem menos aprovadas para o serviço. Consideram o WhatsApp uma fonte confiável sobre a eleição apenas 6%, enquanto 78% dizem não achar isso. Já 11% confiam um pouco no que leem.

A avaliação do Facebook vai na mesma toada: 74% o rejeitam como fonte confiável, ante 7% que acreditam nas postagens e 13%, que confiam um pouco nelas.

Mesmo sites jornalísticos são vistos com mais desconfiança, ainda que acima dos índices das redes sociais: 29% confiam neles, 41% não e 25%, um pouco.

Os índices são parecidos nas outras três capitais, com pequenas variações. No Rio de Janeiro, lideram o quesito de confiança o rádio (37%), a TV (36%) e os jornais (35%). Lá foram ouvidas 900 pessoas.

Na capital mineira, onde o Datafolha entrevistou 800 eleitores, eles confiam mais no rádio (40%), na TV (39%) e nos jornais (37%). Em Recife, com o mesmo tamanho de amostra, TV ficou com 39%, programas radiofônicos, com 38%, e os jornais impressos, com 37%.

Da mesma maneira, os índices de desconfiança em redes sociais e meios digitais seguem o mesmo comportamento registrado em São Paulo nas três cidades.

A única diferença notável é uma desconfiança algo menor nas notícias do Facebook nas outras três cidades em relação à capital paulista. Em todas elas, 67% não acreditam no que leem sobre eleição na rede social.

Outro padrão que se repete em todas as quatro capitais é a maior desconfiança nos meios de comunicação profissionais à medida que cresce a idade do entrevistado. O maior índice registrado de confiança, com efeito, é registrado pelos jornais entre jovens de 16 a 24 anos de São Paulo (57%).

Há relativa homogeneidade na avaliação quando o critério de estratificação é a renda salarial. Um ponto fora da curva ocorre na capital paulista, que tem um índice de confiança em jornais (55%) significativamente maior do que nas outras cidades.

A falta de confiança em redes sociais ocorre mesmo com elas fazendo parte da vida dos cidadãos. Nas quatro cidades, praticamente a totalidade dos eleitores usam o WhatsApp, por exemplo.

Aos entrevistadores, contudo, eles dizem minimizar hábitos de compartilhamento de mensagens, refletindo assim sua percepção do quanto elas são confiáveis. A prática está no centro do tsunami de irregularidades como disparos em massa de propaganda e desinformação registrados na eleição de 2018.

O debate regulatório sobre o tema ocorre em base diária, em decisões do Tribunal Superior Eleitoral.

Os dados são bastante semelhantes em todas as capitais e desafiam o senso comum da proliferação de "tios do zap", apelido jocoso dado a quem espalha fake news e afins. Em São Paulo, por exemplo, dos 84% que têm conta no Facebook, 47% leem notícias de política na rede, mas 66% não compartilham postagens sobre o tema.

No WhatsApp, o índice sobe para 98% de cobertura. Desses usuários, 37% se informam sobre política, e 81% dizem não compartilhar nada.

No Instagram, que atinge 71% dos paulistanos, 29% veem postagens, mas 63% não as dividem. A rede com menos adesão, o Twitter (30% têm conta), registra 15% de leitores e 23% de transmissores.

Aqui há algumas disparidades regionais. Em São Paulo há menos relatos de propagandas de candidatos a prefeito ou a vereador chegando ao WhatsApp dos eleitores. Dos ouvidos, 77% afirmam não ter recebido.

Já em Belo Horizonte, a proporção cai para 60%. Os eleitores do candidato à reeleição Alexandre Kalil (PSD) são os que mais dizem receber, 40%. No Rio e em Recife os índices são menores do que em São Paulo, mas nem tanto: 68% e 64% dizem não receber, respectivamente.

Entre os cariocas, apoiadores de Benedita da Silva (PT) e Eduardo Paes (DEM) são os que dizem receber mais propaganda (42% e 41%, respectivamente), enquanto os recifenses que apoiam Delegada Patrícia (Podemos, 44%) e Marília Arraes (PT, 41%) são os mais expostos.

Nos cruzamentos com intenção de voto, é possível identificar alguns fenômenos.

Na principal eleição do país, a paulistana, o candidato cujos eleitores são mais ativos nas redes é, de longe, Guilherme Boulos (PSOL) —que se descolou numericamente neste levantamento de Márcio França (PSB) na disputa pelo terceiro lugar, na corrida liderada por Celso Russomanno (Republicanos, 27%) e o prefeito Bruno Covas (PSDB, 21%).

No Facebook, 35% dos eleitores de Boulos compartilham notícias, ante 18% no geral. O índice é de 30% no WhatsApp, enquanto só 10% dos apoiadores de Covas fazem isso. No Twitter, são 19% e no Instagram, 17%, aí num empate com quem declara voto em Arthur do Val.

O candidato do Patriota é o único na disputa que emergiu das redes sociais, no caso um canal de YouTube de onde tirou seu apelido, Mamãe Falei.

Previsivelmente, seu eleitor é o que mais se informa por meio de redes sociais sobre política. Dizem fazer isso 52% dos que usam o WhatsApp, 32% no Twitter e 59% no Instagram e nada menos que 77% no Facebook.

Questionados, contudo, eles mantêm o padrão geral de negativa de compartilhamento de informações que recebem.

As pesquisas foram feitas pela Folha em parceria com a TV Globo. O Datafolha as registrou nos Tribunais Regionais Eleitorais sob os número SP-08428/2020 em São Paulo, PE-08999/2020 em Recife, MG-09256/2020, em Belo Horizonte e RJ-09140/2020, no Rio.

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