Candidata pelo PSTU à Prefeitura de São Paulo, Vera Lúcia defendeu "uma alternativa socialista e revolucionária" para a cidade e pregou a destruição do sistema capitalista em sabatina promovida pela Folha, em parceria com o UOL, nesta terça-feira (27).
Ela disse que, se eleita, vai tomar iniciativas como a estatização do sistema de transporte público e confiscará os imóveis hoje usados na especulação imobiliária para destiná-los a programas de moradia popular. Além disso, falou que deixará de pagar a dívida pública do município.
"Precisamos nos organizar em conselhos populares, criar condições para destruir o sistema capitalista, que é o maior dos genocidas, e fazer uma revolução socialista neste país e no mundo", afirmou Vera.
As propostas da socióloga e dirigente sindical para a cidade são semelhantes às apresentadas por ela em 2018, quando concorreu à Presidência da República —terminou em 11º lugar, com 55 mil votos (0,05% do total).
Ainda nesta terça, serão sabatinados Glória Heloiza, candidata pelo PSC à Prefeitura do Rio de Janeiro, e Nelson Marchezan Jr. (PSDB), atual prefeito de Porto Alegre.
Fundadora do PSTU, Vera também é a presidente do partido em Sergipe. Criada em Aracaju, ela disse morar na capital paulista há três anos.
A candidata buscou se diferenciar de outros candidatos de esquerda, como Guilherme Boulos (PSOL), Jilmar Tatto (PT) e Orlando Silva (PC do B). Todos eles, na visão dela, pregam medidas que dependem do sistema capitalista, o que ela considera um erro.
"Tatto diz que acabou com a máfia dos transportes, mas a máfia permanece [...]. A máfia do transporte termina quando você estatiza o serviço público e deixa de mandar subsídios para essas empresas", disse Vera, que também propõe que o Estado assuma diretamente serviços como educação e saúde.
Para isso, ela defende o fim de contratos com OSs (organizações sociais) que hoje são responsáveis pelo atendimento em algumas áreas. "Isso não passa de atravessar mão de obra e garantir os interesses das empreiteiras em detrimento da população, dos servidores e dos terceirizados", disse.
A candidata afirma que os recursos para bancar suas propostas, que envolvem maior peso do Estado na oferta de serviços, viriam de decisões como a taxação de fortunas e a cobrança compulsória do pagamento de dívidas que grandes empresas e bancos tenham com a prefeitura.
"Primeiro nós vamos tirar dos grandes empresários, retirar [o peso] das costas da classe trabalhadora", afirmou. "Nós não vamos pagar a dívida pública, nós vamos estatizar o serviço de transportes e garantir o passe livre para estudantes e desempregados."
Vera também é a favor de redução dos salários do prefeito e dos vereadores para que o Orçamento seja usado para atender as pessoas mais necessitadas. Na visão dela, os ocupantes de cargos públicos deveriam ter remuneração equivalente à dos professores.
A postulante se disse contra isenções fiscais para grandes empresas e defendeu que sejam dados financiamentos a custo zero apenas a micro e pequenas empresas, com a contrapartida de que não demitam.
Entre suas bandeiras de campanha, está um complemento do auxílio emergencial para atingir o valor de R$ 1.163, contemplando os paulistanos que já recebem o benefício do governo federal.
Durante a sabatina, Vera também disse que criará um plano emergencial de obras públicas para gerar emprego e renda na crise pós-pandemia. A candidata não detalhou como funcionaria o programa nem quais seriam as prioridades.
"Não temos nenhuma ilusão de que o sistema capitalista pode resolver o problema do emprego completamente, porque no capitalismo a concorrência é uma necessidade e, portanto, o pleno emprego exige que, para além desse plano imediato, a gente crie as condições para construir uma nova sociedade", disse.
Indagada sobre como instalar um modelo socialista isolado em uma cidade, Vera reconheceu que "é impossível existir o socialismo em um só país e muito menos em uma só cidade", mas sustentou que a implementação em São Paulo poderia servir de exemplo e impulsionar a organização dos trabalhadores.
Outra ideia da candidata do PSTU é adotar uma plataforma de participação popular na administração da cidade, transformando conselhos da sociedade que hoje têm caráter consultivo em colegiados deliberativos, que governariam a capital junto com a prefeitura.
"Em São Paulo vai se ter pela primeira vez um nível de democracia exercida como nunca houve antes. A classe trabalhadora não vai votar apenas no dia da eleição, mas sobre toda a vida política e econômica da cidade", disse.
Às 15h, é a vez de Glória Heloiza participar da sabatina Folha/UOL. Ela atuou como juíza de 1996 até março deste ano, quando pediu exoneração para disputar a prefeitura pelo PSC —mesmo partido do governador afastado do Rio, Wilson Witzel.
Passou por diversos juizados e, desde 2015, era titular da 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da capital.
Em seguida, às 16h, Marchezan Jr. é entrevistado. Atual prefeito de Porto Alegre, foi eleito deputado estadual em 2006 e deputado federal por dois mandatos consecutivos, 2010 e 2014. Formado em direito, ele é, atualmente, alvo de processo de impeachment.
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