Descrição de chapéu Eleições 2020

Bruno Reis, vice de ACM Neto, é eleito prefeito no 1º turno em Salvador

Vitória confirma peso do apoio do mandatário; major do PT apoiada pelo governador fica em 2º

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Salvador

Candidato apoiado pelo prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), o vice-prefeito Bruno Reis (DEM) confirmou o favoritismo demonstrado ao longo da campanha, venceu no primeiro turno e comandará a capital da Bahia pelos próximos quatro anos.

Com 100% das urnas apuradas neste domingo (15), Reis liderou com 64,2% dos votos válidos. A candidata Major Denice Santiago (PT), apoiada pelo governador Rui Costa (PT), ficou em segundo lugar, com 18,9%.

O Pastor Sargento Isidório (Avante) teve 5,3%. Único candidato alinhado com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Salvador, o vereador Cezar Leite (PRTB) totalizou 4,7% do votos. Na sequência veio a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB), com 4,5%.

Disputaram ainda a capital baiana o deputado federal Bacelar, o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL), Celsinho Cotrim (Pros) e Rodrigo Pereira (PCO).

Em discurso após a confirmação da vitória, Reis destacou sua trajetória na vida pública, o trabalho realizado na prefeitura nos últimos oito anos e os desafios que enfrentará em seu mandato.

“Estou consciente da minha responsabilidade, sei que não será fácil [...] Mas não tenho amarras ideológicas ou partidárias que me impeçam de conversar com quem quer que seja”, disse, destacando que buscará parcerias com o governo do estado e o governo federal.

Ele ainda creditou sua vitória ao reconhecimento da população à gestão do prefeito ACM Neto e se disse preparado para comandar a cidade nos próximos quatro anos: “Eu me preparei e a vida me preparou para isso".

A vitória de Bruno Reis consolida um ciclo de gestões do DEM em Salvador que deve chegar a 12 anos. É a segunda vez desde a redemocratização que um prefeito consegue fazer o seu sucessor na capital baiana —desde 1988, nenhum dos prefeitos havia conseguido emplacar um aliado.

Natural de Juazeiro, no norte da Bahia, Bruno Reis começou sua trajetória política como assessor do então deputado federal ACM Neto. Em 2010, foi eleito de deputado estadual pelo PRP e quatro anos depois foi reeleito pelo PMDB.

Na prefeitura de Salvador, foi secretário de Promoção Social de 2015 a 2016, ano em que deixou o cargo para ser eleito vice-prefeito. No segundo mandato do prefeito, ocupou a secretaria de Infraestrutura entre 2019 e abril de 2020.

Em janeiro deste ano, foi indicado como candidato da base do prefeito ACM Neto e conseguiu formar uma aliança ampla, com 15 partidos.

Sua candidatura foi impulsionada pela popularidade do prefeito, que é aprovado por 85% dos eleitores e desaprovado por 11%, segundo pesquisa Ibope divulgada em 30 de outubro.

Reis também enfrentou uma esquerda fraturada e uma pulverização de forças entre os aliados do governador petista Rui Costa.

Com as candidaturas de Major Denice, Olívia Santana, Hilton Coelho e Rodrigo Pereira, as esquerdas tiveram o maior nível de fragmentação em uma campanha em Salvador desde a redemocratização.

A divisão fez com que os candidatos disputassem entre si uma mesma fatia do eleitorado, subindo o tom na reta final da campanha na batalha pelo eleitor de perfil mais progressista.

A candidatura de Major Denice, que teria maior potencial para enfrentar o grupo liderado por Bruno Reis, fez uma campanha mais propositiva e evitou críticas mais duras à gestão ACM Neto.

Casal e duas crianças fazem sinal de 25 com as mãos ao lado de urna eletrônica
Bruno Reis, prefeito eleito de Salvador, vota com a família na capital baiana - Reprodução/Facebook

Durante a campanha, o PT focou a campanha no mote “cuidar de gente”, focado na promessa de melhoria da qualidade dos serviços públicos. A ideia era fazer uma contraposição à gestão do prefeito do DEM, que registrou um dos maiores níveis de investimento do país e entregou uma série de obras na cidade.

Do outro lado, a candidatura do DEM também evitou travar embates com o PT, traduzindo na campanha a boa relação entre o governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto consolidada nos últimos meses.

Governador e prefeito aproximaram-se durante a pandemia e demonstraram sintonia nas ações de enfrentamento ao novo coronavírus. Ambos foram favoráveis a medidas consideradas duras de fechamento de comércio, parques e praias para evitar a disseminação da doença.

Neste domingo (15), após votar em uma faculdade em Salvador, ACM Neto destacou em entrevista a boa relação com o adversário destacou que na eleição da capital baiana não haveria espaço para um discurso antipolítica.

“Na Bahia, tenho que fazer justiça. A política aqui é organizada. Os dois campos, ambos são vistos como grupos que têm gestão, têm resultado, entregam para a população. São bem avaliados. Não tem espaço para aventureiro, novidadeiro com discurso da antipolítica", afirmou.

Na campanha, os principais ataques a Bruno Reis partiram da candidata do PCdoB, Olívia Santana, e do candidato do PSOL, Hilton Coelho.

A primeira buscou associar a imagem de Reis ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, condenado por corrupção e que atualmente cumpre prisão domiciliar. Quando foi eleito vice-prefeito pelo MDB, em 2016, ele teve o apoio do ex-ministro.

Já candidato do PSOL buscou associar Bruno Reis ao presidente Jair Bolsonaro, que tem em Salvador a sua mais alta rejeição dentre as capitais.

No campo conservador, o candidato Pastor Sargento Isidório (Avante), que é aliado ao governador Rui Costa, desidratou desde o início da campanha. Deputado federal mais votado da Bahia e de Salvador em 2018, ele foi para sua segunda eleição à prefeitura de Salvador com um novo figurino.

Com mais estrutura e apoio do PSD dos senadores Otto Alencar e Angelo Coronel, deixou o para trás o seu perfil folclórico. A mudança, contudo, não se traduziu em um maior patamar de votos. Na eleição de 2016, ele teve 8,6% dos votos válidos.

O candidato bolsonarista, o vereador Cezar Leite, não decolou. Teve como obstáculos a alta rejeição do presidente, que chega a 62% de ruim é péssimo na capital baiana, e o próprio partido.

Sem votos mínimos na eleição de 2018 para atingir a cláusula de barreira, o PRTB não teve direito a tempo de propaganda na televisão.​

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