Descrição de chapéu Eleições 2020

Em sabatina Folha/UOL, Arthur do Val promete fim do rodízio e se defende sobre uso de assessores na campanha

Candidato do Patriota tinha 4% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha

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São Paulo

O candidato à Prefeitura de São Paulo Arthur do Val (Patriota) prometeu, em sabatina feita pela Folha e pelo UOL nesta segunda-feira (2), acabar com o rodízio de veículos na capital paulista e se defendeu sobre o uso de assessores na sua campanha, o que contradiz sue discurso de que não utiliza dinheiro público na eleição.

Youtuber conhecido como Mamãe Falei e ligado ao MBL, Arthur do Val foi eleito em 2018 como um dos deputados estaduais mais votados de São Paulo, com um discurso pela diminuição da máquina pública, e nesta eleição de 2020 tem dito que não utiliza “nenhum centavo” de dinheiro público em sua campanha e que abriu mão dos valores dos fundos partidário e eleitoral a que teria direito.

Reportagem da Folha mostrou, no entanto, que ao menos três de seus assessores com cargos comissionados (de livre nomeação) na Assembleia paulista, que recebem salário pago pelo Legislativo, tiveram atuação em sua campanha.

Na sabatina desta segunda, o candidato questionou a reportagem do jornal, afirmando que outros candidatos pegam "milhões de reais enchendo seus gabinetes de assessores, eles vão fazer matéria justo sobre o deputado mais barato, que tem menos assessores, porque dois de seus assessores estão em grupos de WhatsApp ou Facebook defendendo o que acreditam?".

Arthur foi questionado sobre o uso de verba pública pelo Patriota, seu partido. O candidato recriminou "qualquer tipo de uso do fundo partidário e do fundo eleitoral", mas disse que não pode responder pelos diretórios nacional e estadual da legenda, apenas pelo municipal, que, segundo ele, não usa verba pública.

O deputado entrou para o Patriota depois de ser expulso do DEM por criticar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que governa com a sigla.

Arthur afirmou na sabatina que não entrou para o Novo, único partido que não aceita verba pública, por discordâncias programáticas, e que escolheu o Patritota por, em suas palavras, ter sido "o único partido que não se vendeu para o Bruno Covas", que "se utiliza da máquina pública, das subprefeituras, para lotear cargos e angariar apoio político".

Na sabatina, o candidato negou a eficiência do rodízio de carros na cidade, que restringe a circulação na região central nos horários de pico de veículos com determinadas placas.

"Desde o início dos anos 1990, quando o rodízio surgiu, nenhum estudo mostrou que o rodízio adiantou para o trânsito, em nenhum momento diz que ele funcionou. Muito pelo contrário. Quando você analisa estudos ao redor do mundo, você vê que muitas cidades que aplicaram rodízio voltaram atrás."

Na verdade, estudos feitos por especialistas e pela própria CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), da prefeitura, mostram que houve aumento de velocidade dos veículos nos primeiros anos de rodízio, mas que essa eficiência foi diminuindo ao longo do tempo, com o aumento da frota de carros na cidade. Além disso, tem crescido a discussão sobre restrição de circulação de carros em outras cidades grandes pelo mundo, como Paris e Nova York.

"Quando você tem um sistema de rodízio implementado, muitas vezes ou você desvia pelo interior do bairro as suas rotas, que é o que por exemplo eu fazia quando eu precisava sair no horário do rodízio, aliás, faço até hoje, causando ainda mais trânsito, em vez de pegar as vias principais [para não ser multado], ou, pelo contrário você acaba comprando um carro mais velho [com outra placa]", disse ele. "Vira um instrumento arrecadatório e não uma ferramenta de diminuição de trânsito."

O candidato também criticou medidas de restrição implementadas pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), que implementou bloqueios de ruas e depois um megarrodízio em que os carros só poderiam circular dia sim, dia não, numa tentativa de restringir a circulação durante a pandemia. As duas medidas foram revogadas dias depois. "É um completo atrapalhado", disse Arthur.

Ele defendeu o corte de gastos na cidade para financiar outras ações, como uma secretaria dedicada ao bem-estar animal. Segundo o candidato, é possível cortar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões apenas em cargos comissionados em subprefeituras da cidade.

O candidato também defende revisar o Plano Diretor Estratégico, o que pode ser feito no próximo ano de acordo com a lei, o que Arthur chamou de "chance histórica de fazer com que o potencial construtivo dos terrenos seja melhor aproveitado, com que a vocação dos terrenos seja de fato explorada", incluindo aí acabar com o limite de altura de prédios, entre outras mudanças.

"A gente tem orgulho do Copan, do Conjunto Nacional, do Edifício Itália. Você não consegue construir uma outra obra dessas em São Paulo por diversos motivos. Por limite de altura, por recuos, por uso misto do imóvel", disse.

Na verdade, o plano diretor incentiva a construção de prédios de uso misto, aqueles que têm comércio no térreo e unidades habitacionais nos andares superiores.

O candidato propõe ainda transformar a Guarda Civil Metropolitana em uma Polícia Municipal. Doria, quando prefeito, tentou fazer isso e chegou a mudar a inscrição em algumas viaturas, sem autorização da Câmara, mas foi impedido pela Justiça. Arthur propõe fazer a mudança com aval do Legislativo e dar à corporação atribuição de policiamento ostensivo para combater a criminalidade.

Arthur também aproveitou a sabatina para criticar adversários. Ele voltou a questionar a relação entre o candidato do PT, Jilmar Tatto, e a facção criminosa PCC. O Ministério Público Eleitoral já pediu que a Polícia Federal investigue Arthur pelo crime de calúnia depois que a mesma acusação foi feita na última semana.

"Se eu não posso perguntar as coisas, eu não sei mais qual o papel de um candidato no debate", disse ele, antes de refazer o questionamento. "Qual será a relação do Jilmar Tatto com o PCC? É só uma pergunta. Eu quero saber porque ele é amigo de infância do Pandora e por que que justamente quando ele foi secretário de Transportes da Marta [Suplicy], o Pandora coincidentemente ascendeu muito ali no que se chama de máfia dos perueiros."

Pandora é Luiz Carlos Pacheco, perueiro preso em 2006 acusado de fazer parte da facção criminosa. Na última semana, Tatto respondeu a Arthur do Val dizendo que precisou usar colete à prova de balas por ter enfrentado a máfia do transporte e acusou o deputado de calúnia.

O candidato do Patriota também questionou Covas por permitir a reabertura de uma série de atividades econômicas na cidade antes da reabertura de escolas. Ele questionou se isso não seria uma forma de a prefeitura manter o pagamento do auxílio-merenda, benefício pago durante a pandemia para famílias pobres com crianças fora da escola, e perguntou se isso não seria um tipo de compra de votos.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 22 de outubro, Arthur do Val tinha 4% das intenções de voto.

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