Descrição de chapéu Eleições 2020

Com mais de 100 mil votos, delegado da elite da polícia vai reinaugurar bancada da bala na Câmara de SP

Apoiador de Bolsonaro, Delegado Palumbo (MDB) promete fortalecer e valorizar a GCM

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O resultado da noite do último domingo (15) surpreendeu quem acompanhava a eleição à Câmara Municipal de São Paulo. Um novato da política, o delegado Mario Palumbo Jr. (MDB), 46, se elegeu com 118.395 votos e foi o terceiro candidato a vereador mais votado.

Sua campanha custou R$ 77 mil e ele teve quase a mesma quantidade de votos de Milton Leite (DEM), cacique da zona sul cuja campanha custou R$ 2,4 milhões, 31 vezes mais cara.

Delegado da Polícia Civil do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), Palumbo é conhecido nas redes sociais —tem quase 500 mil seguidores só no Instagram—, onde defende o endurecimento das leis penais.

Entrou para a política a convite do amigo e apresentador da Band José Luiz Datena e, no MDB, recebeu o número 15000, considerado valioso pela fácil memorização.

Na Câmara, promete trabalhar pelo fortalecimento da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e diz que vai dialogar com vereadores de outros partidos. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), deixa claro que Guilherme Boulos (PSOL) não terá seu voto no segundo turno na disputa contra Bruno Covas (PSDB).

Ele deve reinaugurar a bancada da bala na Câmara, que em outras legislaturas já teve nomes como Coronel Telhada e Coronel Camilo.

Delegado Palumbo (MDB), o terceiro candidato a vereador mais votado em São Paulo
Delegado Palumbo (MDB), o terceiro candidato a vereador mais votado em São Paulo - Divulgação

O sr. foi o 3º vereador mais votado neste ano. Surpreendeu o sucesso das urnas? Como o sr. chegou a esse resultado?
A gente trabalhou 15 horas por dia pedindo votos ao povo em feira, porta de metrô, em todas as regiões. Não aceitamos o fundo eleitoral, que está na lei, mas na minha opinião é imoral, ainda mais em um momento em que as pessoas estão passando fome, na pandemia, e políticos aí gastando milhares de reais em suas campanhas. Recebemos muitos pedidos de pessoas que queriam nos apoiar voluntariamente, de graça, em rede social e panfletagem.

Como vai ser seu mandato? Quais suas principais propostas?
Eu trabalhei 20 anos como delegado de polícia. Minha alma é de policial. Tanto é que nós fizemos prisão na pré-campanha, onde pegamos um ladrão de carro após sair de uma reunião. Depois fizemos prisão na campanha, saindo de uma igreja, achamos um sujeito com uma moto roubada. Eu sempre trabalhei com segurança.

Acho que temos que ter uma GCM forte, fazendo o papel de polícia municipal, combatendo tráfico na porta de escola municipal, indo pra cima de desmancheiros criminosos. Não consigo aceitar por que há tanto rigor com uma mulher que está vendendo milho, guarda-chuva, e não vejo tanto rigor contra desmancheiros criminosos que fomentam os crimes de roubo e furto. Por que é que a prefeitura dá alvará para esse pessoal? A prefeitura tem que lacrar esses locais.

Vou trabalhar com segurança pública, e buscar sempre o fortalecimento da GCM, que é a nossa polícia municipal, tem que ser valorizada.

O sr. defende o endurecimento das leis penais, mas isso depende do Congresso. O sr. pretende se candidatar a deputado federal na próxima eleição?
Primeiro eu vou trabalhar muito para o povo de bem, meu lado sempre será o das vítimas e dos cidadãos de bem. Isso é um projeto mais para frente. Agora vou me dedicar ao cargo de vereador e lutar pelo povo. O futuro a Deus pertence. Eu não me imaginaria há um ano concorrendo ao cargo de vereador. Então vamos deixar nas mãos de Deus e ir um passo de cada vez.

O sr. será alinhado ou contrário às pautas de um eventual governo Bruno Covas?
O meu lado sempre será o povo de bem. Se tiver algum projeto que vá contra os interesse do povo, pode ser o partido A, B ou C, eu vou votar contra.

E se o próximo prefeito for Guilherme Boulos?
Independente. Eu não voto projetos contra a GCM, porque acho que eles têm que ser prestigiados, independentemente se o prefeito for Covas ou Boulos. A gente tem que valorizar os professores da rede municipal de ensino, os médicos, enfermeiros. O funcionalismo público não pode ser tão mal visto como ele é por determinados partidos políticos, eu não aceito isso. A gente tem que trabalhar pelo povo e por justiça, por pessoas de bem.

Mas o sr. tem alguma preferência entre os dois candidatos?
Eu não voto no Boulos. Para bom entendedor, é isso.

Neste ano foram eleitos também muitos ativistas de esquerda, que defendem propostas contrárias às suas. Como vai ser a relação do sr. com vereadores de outros partidos?
Vai ter diálogo, o diálogo tem que prevalecer na política. A gente tem que discutir propostas, independente se o partido é de A, B ou C. Se for uma proposta boa, por que não se aliar? O político tem que servir o povo, e não o povo servir o político.

As pautas do sr. são identificadas com partidos mais à direita, como o PSL, o Patriota, entre outros, mas o sr. decidiu sair pelo MDB, de centro. Por quê?
Eu precisava entrar num partido. Sempre fui a favor de candidaturas autônomas, mas isso não é possível no país. Então o MDB me acolheu bem. O Baleia Rossi, o presidente, cumpriu todos os acordos. Eu disse a ele que precisava que as pessoas vissem que eu sou candidato. Ele me deu tempo de TV, e me deu uma boa legenda, e eu sou feliz e grato pelo partido em que estou.

Que avaliação o sr. faz do governo Bolsonaro?
Eu sou uma pessoa que sempre pensa no Brasil, sempre pensa nas pessoas de bem. Eu tenho certeza que ele é uma boa pessoa e que quer o bem do país. Então eu apoio ele sim.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.