Descrição de chapéu Eleições 2020

Datafolha em São Paulo: na véspera da eleição, Covas tem 55%, e Boulos, 45%

Prefeito tucano manteve vantagem de ao menos oito pontos contra candidato do PSOL na disputa do 2º turno

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), chega ao dia do segundo turno da eleição municipal na capital mantendo vantagem sobre o candidato Guilherme Boulos (PSOL).

O tucano tem 55% dos votos válidos, enquanto o psolista marca 45%, aponta o Datafolha. A parcela daqueles que podem mudar de voto é de 13%, metade dos quais diz que votaria em branco ou nulo, com o restantes se dividindo entre os candidatos.

O levantamento ouviu 3.047 eleitores na capital na sexta (27) e no sábado (28). Com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, ele foi feito em parceira pela Folha e a TV Globo, e está registrado sob o número SP-02945/2020 no Tribunal Regional Eleitoral.

Os votos válidos excluem os brancos, nulos e indecisos, como a Justiça Eleitoral faz na contabilização no dia da eleição. O recorte destaca a preferência do eleitor por um dos candidatos.

O quadro é de estabilidade em relação à pesquisa realizada na terça (24) e na quarta (25) e o levantamento da segunda (23), com Covas mantendo a vantagem sobre o adversário. Ela sempre foi ao menos de oito pontos ao longo do segundo turno.

Ele também mostra que a redução de distância que Boulos atingiu na primeira semana da campanha até aqui não se converteu em onda.

Na pesquisa passada, Covas tinha 54% e Boulos, 46% dos válidos, com uma margem de três pontos percentuais.

O psolista, herdeiro do voto de esquerda tradicionalmente associado ao PT na capital e que reocupou o espaço após a onda conservadora que levou João Doria (PSDB) e Covas à prefeitura no primeiro turno em 2016, havia reduzido em uma semana a diferença de 16 para 8 pontos percentuais.

Em votos totais, havia oscilado positivamente de 35% nos dias 17 e 18 para 40% na segunda passada, mas permaneceu neste nível na terça e na quarta e oscilou para 39% nos dois dias seguintes. Já Covas manteve 48% nos dois primeiros levantamentos, oscilou para 47% no terceiro e agora volta aos 48%.

Havia a expectativa de um movimento maior por parte da militância de Boulos, que contava com o debate cancelado na sexta, devido à infecção de Boulos pelo novo coronavírus, para tentar gerar um fato que impulsionasse a candidatura.

Estavam no cardápio do PSOL a questão do manejo da pandemia e as suspeitas acerca do vice de Covas, Ricardo Nunes (MDB). Já os tucanos pretendiam explorar a inexperiência administrativa e a pecha de radical de Boulos, além de sua associação ao PT, aliado do segundo turno.

O espaço para uma migração, a partir da fotografia desta pesquisa, é estreito. Se dizem certos de seu voto 87% (86% dos eleitores de Covas e 89%, os de Boulos).

São mais convictos os mais ricos (93% entre quem ganha mais de 10 salários mínimos) e menos, aqueles que têm entre 25 e 34 anos (82% de certeza).

Entre aqueles que votam no prefeito e podem mudar, 32% dizem que poderiam ir com o psolista. Já para aqueles que votam em Boulos e podem mudar de ideia, 40% admitem apoiar o tucano.

O índice daqueles que dizem votar branco ou nulo está estável em 9%. Já o grupo dos indecisos marca 4%, o mesmo nível de todo o segundo turno.

Nesse grupo, metade (52%) diz que deverá votar em branco ou nulo. Os votos potenciais são colhidos igualmente por Covas (21%) e Boulos (20%).

O conhecimento do número do candidato não é um problema, em tese: 79% mencionaram corretamente a sua escolha.

O levantamento mostra dados consolidados ao longo do mais curto segundo turno da história. Apesar de ambos os candidatos serem jovens (o tucano tem 40 anos e o psolista, 38), eles apelam a públicos bastante diferentes quando o quesito é idade.

O psolista vence entre quem tem de 16 a 24 anos, por 67% a 33% dos votos válidos. Esse grupo, contudo, representa só 12% da amostra populacional do Datafolha.

Ele segue com vantagem entre quem tem de 25 a 34 anos, segmento que soma 20% dos ouvidos, com 57% a 43% sobre Covas.

A partir daqui, é o tucano que dá crescentemente as cartas. Ele lidera por 57% a 43% entre quem tem de 35 a 44 anos (21% da amostra). Vence por semelhantes 59% a 41% no segmento superior, dos 45 aos 59 anos, que soma 25% dos entrevistados.

Por fim, Covas chega aos 69% a 31% entre quem tem mais de 60 anos, grupo que representa 22% da amostra da pesquisa.

Tão importante quanto para o prefeito, sua penetração entre os mais pobres é superior à de Boulos, apesar da associação do psolista ao ideário de esquerda e sua história no movimento dos sem-teto.

Entre aqueles que ganham até 2 salários mínimos, o tucano marca 55% a 45% dos válidos contra o psolista. Esse é maior grupo no quesito renda da pesquisa, somando 37% do universo entrevistado.

Covas derrota Boulos nas outras faixas de renda por valores semelhantes, só havendo empate em 50% a 50% no grupo que recebe de 5 a 10 mínimos mensais.

Entre quem é menos instruído, isso se repete. Covas faz 65% a 35% sobre Boulos entre quem só tem o fundamental (23% da amostra).

É um padrão que se manteve desde o primeiro turno, quando o espraiamento do voto de Covas lhe garantiu uma inédita vitória tucana em todo os distritos, e sugere que a campanha calcada na venda de Covas como moderado funcionou junto a esses estratos com perfil mais conservador.

Com efeito, ambos empatam (51% para o nome do PSDB e 49%, para o do PSOL) entre os que têm curso superior (33% da amostra), teoricamente inclinados a visões ditas progressistas.

Isso tudo leva à preocupação com a abstenção, que foi de 29,3% na primeira rodada, já que nela o índice foi maior justamente em distritos periféricos habitados por pessoas mais pobres e menos instruídas. Além disso, há o temor entre tucanos que a pandemia da Covid-19 possa assustar o eleitor mais velho e o deixar em casa, com medo de pegar a doença.

Outros recortes confirmam tendências já estabelecidas. Boulos vai melhor entre estudantes (71% a 29%, num grupo de 2% da amostra) e funcionários públicos (75% a 25%, 3% dos ouvidos).

Já Covas vence bem entre aposentados (72% a 28%, expressivos 11% da amostra) e donas de casa (74% a 26%, 5% dos entrevistados).

Há empate em grupos economicamente relevantes, como assalariados com e sem registro e desempregados.

Já a migração de voto também se cristalizou: quem votou no terceiro colocado do primeiro turno, o agora neutro Márcio França (PSB), foi mais para Covas (56%) do que para Boulos (44%). Já o quarto lugar, o candidato do presidente Jair Bolsonaro, Celso Russomanno (Republicanos), viu seu eleitor ir com seu apoio declarado a Covas: 70% a 30%.

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