Na reta final da campanha eleitoral paulistana, o prefeito Bruno Covas (PSDB) marca 54% dos votos válidos e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, 46%, mostra o Datafolha.
A corrida a ser decidida no domingo (29) é acirrada. A vantagem do tucano era de 16 pontos sobre o psolista na pesquisa dos dias 17 e 18 passados. Uma semana depois, no levantamento de terça (24) e quarta (25), caiu à metade.
O quadro, contudo, é de estabilidade agora em relação ao levantamento feito segunda (23), quando o placar era 55% a 45% dos válidos.
O instituto ouviu 1.512 eleitores. A pesquisa, feita em parceria com a TV Globo, tem margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento está registrado no Tribunal Regional Eleitoral sob o número SP-09865/2020.
A conta exclui, como acontece na totalização da Justiça Eleitoral no dia da eleição, os votos nulos e brancos. Além disso, estão de fora os indecisos.
Para isso é preciso observar os votos totais. Aqui, há apenas uma oscilação negativa de um ponto para Covas, que na pesquisa feita na segunda (23) tinha 48%, enquanto Boulos manteve os mesmos 40%.
Na pesquisa feita na semana passada (dias 17 e 18), o prefeito largara com 58% dos válidos e 48% dos totais, segundo o Datafolha. Já o nome do PSOL tinha 42% dos válidos e 35% dos totais.
A oscilação positiva de cinco pontos nos votos totais de Boulos para a pesquisa de segunda, ainda que dentro da margem de erro, acendeu sinais de alerta na campanha tucana. O candidato do PSOL avançara sobre indecisos e quem ia votar branco ou nulo.
Neste levantamento, o movimento parou. Brancos e nulos seguiram em 9% e indecisos oscilaram de 3% para 4% dos totais.
Do começo da semana para cá, os candidatos foram sabatinados diversas vezes, como ocorreu nesta quinta (26) no evento Folha/UOL, que ouviu Covas e Boulos. Os temores de lado a lado permanecem os mesmos.
O PSDB tem tido de lidar com a intensificação do escrutínio do candidato a vice do prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que responde a acusações de envolvimento com irregularidade em creches, e teme os efeitos da abstenção no eleitorado mais pobre e velho.
Já o candidato do PSOL se viu às voltas com perguntas acerca de suas pechas de inexperiente e radical, dada que nunca exerceu função eletiva e tem seu histórico ligado ao movimento dos sem-teto.
Neste momento, 84% dos ouvidos dizem estar certos de seu voto e 15%, podem mudar. Desse grupo, 55% migrariam para anular ou votar em branco, 19% escolheriam Boulos e 17%, Covas.
Entre os que votam no PSOL, 87% se dizem certos e 13%, podem mudar –desses, 59% estariam propensos a anular ou votar em branco e 37% migrariam para Covas.
No grupo tucano, 83% dizem que confirmarão o apoio ao prefeito e 17%, que teriam outra opção: anular ou votar em branco (62%) ou apoiar Boulos (37%).
Ou seja, o caminho de uma virada do PSOL, que teve 20,24% dos válidos ante 32,85% do prefeito no primeiro turno, contando com a pescaria desses votos indecisos ou hoje de rejeição é acidentado.
Os menos convictos são os mais jovens, justamente o eleitorado em que Boulos tem mais vantagem sobre Covas (70% a 30% dos válidos): 27% podem mudar de ideia domingo (29). Já os com mais de 60 anos, esteio do tucano (68% a 32% dos válidos), são os mais decididos, com só 10% admitindo alterar a opção.
A vantagem do psolista entre os grupos mais jovens (12% da amostra do Datafolha) tem menos peso relativo, se confirmada, do que a do tucano entre os velhos (23% da amostra).
O mesmo se dá nas categorias associadas aos dois segmentos: o nome do PSOL faz 65% a 35% dos válidos ante Covas entre estudantes, mas eles são só 2% da amostra. Já o tucano bate Boulos por 67% a 33% entre aposentados, que são 13% do universo.
Outro estrato em que há uma disparidade grande em relação ao resultado geral é o dos funcionários públicos, tema da campanha de Boulos, que dão 68% a 32% para o psolista. Só que eles são 4% da amostra.
Já Covas angaria apoio de 64% dos evangélicos (23% da amostra), ante 36% de Boulos. A vantagem se reduz para 59% a 41% entre os que se declaram católicos (43% dos ouvidos).
A questão da abstenção, que foi de 29,3% no primeiro turno, angustia os tucanos, já que pessoas mais velhas podem se sentir mais tentadas a ficar em casa devido aos riscos de contágio da Covid-19.
Onde é possível aferir, a distribuição geográfica, Covas foi mais prejudicado pela abstenção no primeiro turno. Bairros periféricos, com mais pobres e pessoas menos instruídas, que apoiam mais o tucano, tiveram faltas às urnas na casa dos 40%.
Nesta pesquisa, o prefeito segue liderando entre quem ganha menos de 2 salários mínimos (54% a 46%). Já entre aqueles que só têm o ensino fundamental, Covas ganha por 65% a 35% de Boulos.
A migração de apoios do primeiro turno, vencido por Covas, se cristalizou. Entre os 13,4% que votaram em Márcio França (PSB), 56% apoiam o tucano e 44%, o psolista. O ex-governador paulista não apoiou nenhum dos dois.
Já o eleitorado do quarto colocado Celso Russomanno (Republicanos, com 10,5%) foi para Covas como o próprio deputado, que na primeira rodada era o nome do presidente Jair Bolsonaro na disputa. Entre seus eleitores, o nome do PSDB tem 71% e o do PSOL, 29%.
O conhecimento do número do candidato, vital para a votação na urna eletrônica, é alto: 75% acertam as menções a seus candidatos.
O Datafolha questionou também aos eleitores acerca da importância partidária e programática na hora de decidir seus votos.
Para 83%, são as propostas dos candidatos que valem mais, enquanto 8% apontam o partido do postulante. Para 4%, ambas as coisas são importantes e 6%, não souberam responder.
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