Descrição de chapéu Eleições 2020

DEM e PDT apoiam adversário de Flávio Dino e implodem base aliada em São Luís

Movimento antecipa debate em torno da sucessão ao governo do Maranhão em 2022

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Salvador

Derrotados no pleito em São Luís, DEM, PDT e até setores do PC do B anunciaram nesta quarta-feira (18) o apoio à candidatura de Eduardo Braide (Podemos) no segundo turno da disputa pela prefeitura da capital maranhense.

A aliança faz desmoronar a tentativa de união dos candidatos aliados do governador Flávio Dino (PC do B) em torno de Duarte Júnior (Republicanos) e implode a base do governador no principal colégio eleitoral do estado.

O movimento antecipa o debate em torno da sucessão de Dino em 2022, cujos principais nomes da base aliada são o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos).

Também põe em xeque a capacidade de articulação do governador em um momento em que ele se coloca como um possível candidato ao Planalto e defende a construção de uma aliança ampla para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Braide integra a oposição a Dino e tem o apoio de alguns dos principais adversários do governador, caso do senador Roberto Rocha (PSDB) e da ex-governadora Roseana Sarney (MDB).

Desde o início da campanha, Braide era visto por aliados do governador como principal candidato a ser batido na eleição na capital.

Duarte Júnior é advogado e foi aluno de Flávio Dino na universidade. Entrou na política pelas mãos do governador e ocupou cargos no governo estadual. Filiado ao PC do B entre 2015 e 2020, migrou para o Republicanos após perder a disputa interna pela nomeação para o candidato Rubens Júnior, que ficou em quarto lugar no pleito.

No primeiro turno, os partidos aliados do governador dividiram-se entre cinco candidatos —Duarte Júnior, Rubens Júnior, Neto Evangelista (DEM), Bira do Pindaré (PSB) e Yglésio Moyses (PROS). A expectativa era que o candidato que passasse ao segundo turno tivesse o apoio dos demais.

Com as urnas apuradas, o oposicionista Eduardo Braide saiu na frente, com 37,8% dos votos válidos, contra 22,2% de Duarte Júnior, 16,2% de Neto Evangelista e 10,6% de Rubens Júnior.

A definição da disputa pelo segundo turno fez Dino, que havia optado pela neutralidade no primeiro turno, anunciar apoio a Duarte em um vídeo publicado nas suas redes sociais.

“Meu apoio firme e decidido vai para o candidato Duarte Júnior. Duarte já integrou o meu partido e tem experiência de boa gestão no nosso governo. Sempre se mostrou corajoso, eficiente e incansável”, afirmou.

Apesar do apoio público do governador, os demais candidatos da base derrotados tomaram caminhos distintos. Neto Evangelista e Yglésio Moyses anunciaram apoio a Braide, e Rubens Júnior endossou Duarte.

Braide também recebeu o apoio até mesmo de políticos do próprio PC do B, caso do deputado estadual Carlinhos Florêncio. A cúpula do partido diz que foi um caso pontual, mas classificou a atitude do parlamentar como inaceitável.

Nos bastidores, a decisão de apoio a Braide é justificada pelas feridas abertas no primeiro turno. O principal alvo de críticas é Duarte Júnior, cujo perfil é considerado personalista e pouco agregador.

Também há uma avaliação de que o apoio de DEM e PDT a Braide zera o jogo para a sucessão do governo em 2022 e irá demandar muita conversa e negociação para manter a base aliada de pé.

Procurado, o candidato derrotado Neto Evangelista classificou como pessoal sua decisão de apoiar Braide e afirmou que optou pelo candidato do Podemos após ler o seu programa de governo.

Ele, que é deputado estadual, diz que permanece na base de Dino mesmo se colocando no campo oposto ao do governador na disputa pela prefeitura.

Procurado, o senador Weverton Rocha não atendeu às ligações da reportagem. Em uma rede social, ele afirmou que segue aliado ao governador.

“A política está sempre acompanhada de boatos. A verdade é que minha amizade com Flávio Dino é sólida, baseada em respeito mútuo e diálogo. Por isso, seguimos firmes no projeto de trabalhar por um Maranhão melhor”, disse.

Caso caminhe para um rompimento com Flávio Dino, Weverton repetirá a mesma trajetória do senador Roberto Rocha, eleito em 2014 com o apoio do governador e que depois virou seu adversário.

Entre os aliados mais próximos de Dino, o apoio do DEM e do PDT a Braide foi recebido com surpresa. O deputado federal Márcio Jerry (PC do B) afirmou que havia uma espécie de entendimento para que o candidato da base que fosse ao segundo turno fosse apoiado pelos demais.

“Temos dois campos em disputa. Braide é da oposição ao governador Flávio Dino e Duarte é da base de apoio. Esta é a razão pela qual não temos dúvida alguma quanto ao nosso apoio ao candidato Duarte”, afirmou.

Em uma rede social, o deputado chamou Braide de “candidato bolsonarista” e afirmou que este faz “oposição ferrenha” ao governador. Na campanha, contudo, Braide tem evitado relacionar sua candidatura ao presidente Bolsonaro.

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