Em alta nas pesquisas e vendo surgir no horizonte a chance de vencer no primeiro turno, o prefeito Bruno Covas (PSDB) deixou o tom neutro e partiu para o ataque contra Celso Russomanno (Republicanos), durante debate promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), realizado na manhã desta terça-feira (10).
Enquanto isso, o candidato do Republicanos e Guilherme Boulos (PSOL) trocaram ataques numa estratégia para conseguir a outra vaga em disputa para o segundo turno —junto com Márcio França (PSB), eles estão tecnicamente empatados em segundo lugar.
Também participaram do debate Jilmar Tatto (PT) e Arthur do Val (Patriota), que têm cerca de 6%. Arthur se envolveu em confrontos com Russomanno também.
Russomanno, cujo derretimento nas pesquisas tem sido atribuído ao apoio que recebeu de Jair Bolsonaro (sem partido), não mencionou o presidente no debate. Segundo o Datafolha, Bolsonaro é rejeitado por 48% dos moradores de São Paulo.
O candidato do Republicanos vem dizendo que não abandonou a estratégia eleitoral de se associar ao padrinho, mas mesmo instado por Tatto que fez crítica ao presidente, não defendeu Bolsonaro.
Segundo pesquisa Ibope, a queda de Russomanno nas pesquisas beneficiou o tucano na corrida eleitoral. Covas lidera a disputa eleitoral de 2020 com 32% das intenções de votos, segundo a pesquisa divulgada na noite desta segunda-feira (9).
Atrás dele seguem tecnicamente empatados em segundo lugar os candidatos Guilherme Boulos, com 13%, Celso Russomanno, com 12%, e Márcio França, com 10%.
Logo no início do debate, Covas aproveitou para atacar Russomanno. O candidato do Republicanos havia sido perguntado sobre suspeitas de corrupção em seu partido relacionadas ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e outros, e respondeu que os casos estavam na Justiça.
"O combate a corrupção deve unir todos os partidos políticos. É inaceitável que a gente tenha partidos políticos que passem a mão em cima da cabeça daqueles que cometem desvios e a gente finge que não olha só porque é companheiro do mesmo partido", disse Covas para Russomanno, em um comentário à resposta do candidato, citando ainda uma pessoa expulsa do partido devido a uma suposta ligação com o crime organizado.
Russomanno, então, rebateu citando casos de corrupção do PSDB, inclusive os ex-governadores José Serra e Geraldo Alckmin. "Precisamos de fato separar o joio do trigo, agora a gente precisa de explicações do Rodoanel, do Paulo Preto, que continuam sendo defendidos pelo PSDB".
Covas, depois, escolheu Russomanno para fazer uma pergunta sobre educação e usou o questionamento de escada para falar sobre novas vagas em creche criadas pela gestão.
O candidato do Republicanos aproveitou a deixa para atacar Covas por supostamente acabar com o emprego na cidade, soldando portas de comércios e deixando crianças abandonadas. “Vamos criar o vale-creche, a mãe se inscreve hoje, vai a uma creche particular conveniada com a prefeitura, recebe uniforme, material didático e vai estudar”, disse.
Covas retrucou afirmando já existir um vale creche na cidade de São Paulo. “O senhor precisa se informar melhor sobre a cidade de São Paulo antes de querer ser prefeito da cidade”.
O prefeito vem evitando polêmicas ao longo da campanha, focando muito na própria história, que inclui o enfrentamento a um caso grave de câncer. Bastante atacado por outros candidatos, o prefeito não adotou o mesmo tom que usou com Russomanno, e na maioria das vezes respondeu questionamentos e críticas apresentando dados da gestão.
Entre os três candidatos empatados em segundo lugar, o maior embate se deu entre Russomanno e Boulos, como já vem acontecendo em peças de propaganda do horário eleitoral.
Em pergunta sobre habitação, Russomanno afirmou que Boulos promove invasões e faz maldades. O candidato do PSOL devolveu dizendo que o candidato do Republicanos espalha fake news e não tem credibilidade.
As duplas Boulos e França e Russomanno e França não se atacaram. O candidato do Republicanos já disse que é amigo do candidato do PSB e que espera ter seu apoio num eventual segundo turno.
França não abandonou a ambiguidade em sua ideologia, fazendo acenos para a esquerda e para bolsonaristas. Instado por Tatto a responder sobre um posicionamento contra o fascismo, o ex-governador de São Paulo se esquivou e não criticou o presidente, apesar de seu partido fazer oposição a Bolsonaro.
“Não vou torcer contra o Brasil e nem contra a prefeitura”, disse França, acrescentando que radicalismo e extremos só servem na internet.
Mais uma vez, Arthur foi destaque no debate. Seus ataques se concentraram em Russomanno e nos candidatos de esquerda, Tatto e Boulos.
Russomanno se mostrou mais preparado do que no embate da TV Bandeirantes, em 1º de outubro, mas acabou tendo que ler suas propostas em alguns momentos.
Acuado, Russomanno chegou a se exaltar com o candidato do Patriota, o Mamãe Falei. Arthur citou gastos de Russomanno, como R$ 5 mil por mês com combustível e R$ 4 mil com telefone. "Até sushi o senhor paga com o nosso dinheiro", disse.
O candidato do Republicanos rebateu aparentando nervosismo. "Você era um bebê quando eu comecei a defender o consumidor. Por sinal, para começar comigo, você primeiro precisa ter presença na Assembleia Legislativa, porque seu apelido lá é 'mamãe faltei", disse, afirmando que gasta dinheiro para atender as pessoas. "Você não é nada, começou agora na política".
Arthur fez sua tréplica afirmando que Russomanno teria tomado um Redbull nos bastidores.
Posteriormente, o deputado do Patriota novamente alfinetou Russomanno por não ter cadastro na OAB (Ordem dos Advogados no Brasil. Russomanno, novamente, se exaltou. "Eu nem fiz a prova porque eu sou jornalista, eu tenho dois cursos. Você deveria enfiar sua cabeça debaixo do rabo para entender o que que eu sou".
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