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Covas promete em sabatina Folha/UOL cassar alvará por racismo e diz que põe a mão no fogo por vice

Prefeito também defendeu reforma do Anhangabaú e ações de controle da pandemia de Covid-19

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São Paulo

O prefeito e candidato à reeleição em São Paulo, Bruno Covas (PSDB), prometeu cassar alvarás de estabelecimentos em caso de racismo e afirmou colocar a mão no fogo pelo seu vice, Ricardo Nunes (MDB).

Covas participou de sabatina realizada pela Folha, em parceria com o UOL, nesta quinta-feira (26).

Questionado sobre o fato de seu vice ser um flanco em sua campanha, Covas disse que o registro de violência doméstica feito em 2011 pela esposa de Nunes, conforme revelado pela Folha, foi um desentendimento. Ela prestou queixa mas não seguiu com o processo. Os dois continuam casados e hoje ela nega ter sido agredida.

O prefeito ressaltou que não há processos na Justiça que envolvam Nunes e disse que ele tem um trabalho reconhecido como vereador na cidade.

"Não há nada que o desabone, coloco minha mão no fogo por ele, a população pode votar tranquilamente, que terá um vice à altura das expectativas que se esperam para um vice-prefeito de São Paulo."

Covas também prometeu que vai adotar uma proposta do deputado federal Orlando Silva (PC do B), que foi candidato a prefeito, de cassar alvarás de empresas que incorrem em prática de racismo.

"Vamos adotar. Eu só vou adotar de que forma classificar isso. Mas a gente terá uma legislação. Provavelmente na semana que vem a gente deve se reunir com o deputado Orlando Silva e a expectativa é já na semana que vem encaminhar um projeto à Câmara Municipal", disse Covas.

O prefeito ainda afirmou que está aprendendo sobre o assunto por não viver na pele. "Nunca tive que explicar para o meu filho por que eu sou parado quando entro num supermercado, quando entro num shopping center por conta da minha pele", disse.

Ele também lamentou que autoridades brasileiras neguem o problema. "A gente vê algumas personalidades políticas refutando a existência do racismo, ele existe, é um desafio a ser enfrentado."

Questionado sobre o desempenho superior do adversário Guilherme Boulos (PSOL) entre jovens aferido pelo Datafolha, ele minimizou a questão e afirmou que "pesquisa não pauta campanha".

Pesquisa Datafolha divulgada no dia 24 mostrou que Boulos tem 65% da preferência dos eleitores entre 16 e 24 anos, enquanto Covas tem 35%.

O prefeito, porém, afirmou que é preciso "reconhecer o mérito da campanha adversária, que conseguiu se comunicar bem com esse segmento".

Covas não respondeu se o discurso do PSDB envelheceu. "Não sei, acho que essa é uma questão para ser analisada", disse.

Covas chegou ao segundo turno das eleições com 32,85% dos votos válidos. Guilherme Boulos atingiu 20,24%.

O prefeito defendeu o combate ao coronavírus na cidade e afirmou que a prefeitura não pode ser chamada de omissa. Também afirmou que não há maquiagem de dados ao dizer que não existe uma segunda onda da doença em São Paulo.

Ele ressaltou que, em mortes por 100 mil habitantes, a cidade está em 16º lugar entre as 27 capitais brasileiras.

"Podem reclamar dessa ou daquela decisão, mas em nenhum momento podem chamar a prefeitura de omissa", disse. "Aqui a gente não viu cenas que aconteceram em cidades mais ricas, de o médico escolher quem era intubado, quem não era intubado", disse o prefeito. Segundo ele, atualmente a cidade tem 1.000 leitos permanentes a mais do que antes da pandemia da Covid-19.

Covas reclamou de alarmismo no período eleitoral. "Não vamos fazer discurso alarmista em véspera eleitoral, superestimando esses dados, e também não vamos fazer discurso de que a pandemia acabou, as pessoas não podem relaxar quanto à máscara, aglomerações. Nunca partidarizamos o vírus", disse.

"Vamos continuar a seguir as determinações da vigilância, desde o primeiro momento a gente não partidarizou a questão. Agora, os dados da cidade falam por si só: mostram estabilidade. Portanto, não estamos escondendo nenhum número, maquiando", completou.

O prefeito também admitiu que se houvesse mais testes seria mais fácil controlar a pandemia no começo. "A gente tinha um problema de falta de insumos. Primeiro se apontava a importância de usar álcool gel. Depois se percebeu que a utilização da máscara era mais importante para enfrentar a pandemia. A grande dificuldade foi ter enfrentado uma pandemia com mais dúvida do que certezas, o comportamento do vírus era desconhecido", disse.

Sobre o programa Redenção, de tratamento de dependentes químicos na região da cracolândia, que previa inicialmente internação compulsória mas foi reformulado após proibição da Justiça, o prefeito afirmou que ainda defende esse tipo de internação, mas que a respeita a decisão que barrou a ideia.

"Eu defendia como eu sempre defendi [a internação compulsória], eu acredito nisso. As pessoas não têm condição de avaliar a real situação em que elas se encontram. Só que essa decisão já foi tomada pela Justiça e eu respeito a decisão judicial", afirmou o prefeito, que disse defender que o médico decida quem precisa ser internado.

Covas afirmou que vai continuar com as ações de redução de danos na cracolândia, ofertando bolsa para quem passa pelo tratamento, e também com ações de segurança pública.

O prefeito defendeu as operações urbanísticas na região, como a construção do hospital Pérola Byington, e chamou os imóveis que têm sido demolidos de "verdadeiros laboratórios do crime".

Covas afirmou que são ações de longo prazo e que a cracolândia é um problema de saúde pública.

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