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Não sou candidato de Bolsonaro ou Lula em Vitória e rejeito extremos, diz Delegado Pazolini

Candidato do Republicanos a prefeito da capital do Espírito Santo tenta se descolar da imagem de bolsonarista

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Vitória

Na disputa pelo segundo turno em Vitória contra o ex-prefeito João Coser (PT), o deputado estadual Delegado Pazolini (Republicanos) tenta se descolar da imagem de bolsonarista. Rejeita a extrema direita. se coloca mais ao centro e afirma que não é o candidato do presidente.

Pazolini ganhou os holofotes por sua atuação contra pedófilos enquanto foi delegado e saiu do 1º turno na liderança com 30,95% dos votos. Coser teve 21,82%.

O deputado estadual Delegado Pazolini, candidato do Republicanos à Prefeitura de Vitória
O deputado estadual Delegado Pazolini, candidato do Republicanos à Prefeitura de Vitória - Tati Beling/Divulgação

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O senhor aceita o rótulo de bolsonarista? Meu mandato e minha vida sempre foram pautados pela independência, pela minha consciência, mas sempre observando o desejo da população. Me pauto pela razoabilidade e pela ética.

O senhor tem discordâncias de ações do presidente? Cabe-me analisar os fatos do governo estadual.

Mas o senhor é do Republicanos. O seu partido está ligado à Igreja Universal. É o partido de Crivella e Russomanno. Mesmo assim, não é alinhado à direita? Sempre fui de centro-direita, mas com bom senso, com tranquilidade. Com análise crítica.

Quer dizer que rejeita os extremos? Com certeza absoluta.

Adversários dizem que o senhor é bolsonarista, mas esconde isso. Não sou o candidato nem do Bolsonaro, nem do Lula. Sou o candidato da família. Tenho condições de empregar uma cidade com mais tranquilidade e segurança. Seja para quem quer que seja, de centro, de direita. O debate não é esse.

Qual sua relação com a ministra Damares? O senhor já organizou uma homenagem à ela na Assembleia Legislativa. Me relaciono com ela, como com qualquer autoridade. Dialogo independente do espectro de atuação. Quem quem fazer o bem, lutar, certamente terá o meu apoio.

Não está tentando evitar um posicionamento? Não. Minha vida pública é limpa. Está nas redes sociais, nas minhas votações. Tenho total tranquilidade de dialogar com as pessoas. Sempre tive minhas votações pautadas pela razoabilidade.

Um dia depois de Bolsonaro estimular a população a invadir hospitais para filmar oferta de leitos da Covid-19, o senhor esteve num hospital com outros deputados por duas horas fazendo uma vistoria por conta própria. Por que fez isso? Realizei uma inspeção, que é direito constitucional de parlamentar. Recebemos demanda de trabalhadores sobre o atendimento no hospital. Estivemos lá de forma ordeira. A equipe nos acompanhou, agradeceu.

Essa visita gerou mudanças. Logo após, foi anunciada a expansão de leitos e a reforma de uma ala do hospital. Houve também uma denúncia de superfaturamento, e a diretoria foi substituída.

Não há uma relação com fala de autoridade. Se tivesse sido uma visita clandestina, certamente as forças de segurança teriam sido acionadas pelos vigilantes. Não há registros na polícia, o que comprova que a entrada foi um dever constitucional.

E o que comprovou de fato na visita? Falta de EPIs [equipamentos de proteção individual], ou EPIs de baixa qualidade. Foram constatados que profissionais estavam descansando, no chão, em cima de papelão, sem nenhuma dignidade. E faltava medicação.

O governador Renato Casagrande (PSB) chamou de invasão e a Procuradoria-Geral do Estado entrou com uma representação contra o senhor. Lamento muito. Politizaram algo que não deveria ter sido politizado. O papel do governo era reconhecer, corrigir.

O senhor se arrepende? Não, porque foi um exercício da minha prerrogativa como deputado. Havia necessidade de o Poder Legislativo exercer sua função.

O senhor esteve no norte do estado quando ocorreu o caso da menina de 10 anos grávida após ser estuprada pelo tio. Pessoas ligadas à ministra Damares Alves também. A Folha publicou que ela agiu para evitar o aborto. O senhor também? Jamais permitiria e compactuaria com esse tipo de coisa.

Fontes relatam que o senhor esteve presente em reuniões com os conselheiros tutelares para debater o caso. A pauta que eu participei era para discutir a melhor maneira de proteger a criança.

Em algum momento encontrou a família da criança ou a criança? Não houve qualquer contato. Só interagi com autoridades locais. E importante dizer: interagi como presidente da Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia. É o dever constitucional prezar pela saúde, pela segurança e vida de qualquer criança.

O senhor é a favor do aborto num caso como aquele? Não me cabe decidir. A família é quem deve decidir e a decisão deve ser soberana. Todos devem respeitar a intensa dor e sofrimento. Ter empatia. A criança precisa de acolhimento. Esse deveria ser o debate. E minha atuação sempre foi referência na proteção de crianças e adolescentes. Prendemos mais de 400 abusadores.

A imprensa local publicou que o ex-presidente da Assembleia capixaba José Carlos Gratz disse que encontrou com o senhor antes do 1º turno. Ele é acusado de comprar votos de deputados. O encontro aconteceu? É mentira. Atuei em torno do combate à corrupção, já prendi diversos corruptos. É uma criação falaciosa e que não tem um lastro com a verdade. Foi desmentida pelo Gratz.

No 1º turno, tentaram colar no senhor a pecha de “Era Gratz”, porque o ex-deputado Marcos Madureira foi aliado de primeira ordem de Gratz e assumirá a cadeira do senhor caso seja eleito. Qual sua relação com Madureira? Nunca troquei uma palavra com ele.

A sede da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente foi invadida por criminosos na sua gestão. Qual foi o erro naquele episódio?​ Há um déficit estrutural na Polícia Civil, na estrutura policial. Muitos prédios não têm alarme, câmeras de segurança. Esse tipo de coisa ocorre. Mas identificamos as armas, os envolvidos, alguns já estão condenados, presos.

Raio-X

Lorenzo Pazolini, 38
Formado em direito e pós-graduado em gestão de segurança pública, foi auditor de controle externo do Tribunal de Contas do Espírito Santo. Na Polícia Civil, foi delegado e comandou as delegacias especializadas de tóxicos e entorpecentes; a do adolescente em conflito com a lei e a de proteção à criança e ao adolescente. Em sua primeira eleição, em 2018, foi eleito deputado estadual pelo PRP. Hoje está no Republicanos

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