É falso que as eleições deste ano no Brasil usaram o mesmo software utilizado no pleito presidencial norte-americano, conforme afirma uma jornalista em um vídeo publicado no YouTube. Isso não ocorreu em 2020 nem ocorrerá na próxima votação. O Brasil tem um sistema próprio e único utilizado na urna eletrônica, desenvolvido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Em nota, o Tribunal afirmou que o software usado nas urnas eletrônicas do país “é integralmente desenvolvido e mantido pela equipe técnica do TSE” e que “ele não foi cedido para uso nas eleições presidenciais dos Estados Unidos”.
O vídeo, verificado pelo Comprova, traz ainda outras informações inverídicas, como a de que a empresa Lenovo iria fornecer as novas urnas a serem usadas na eleição de 2022 no Brasil. Os equipamentos serão fabricados pela Positivo Tecnologia, companhia brasileira de capital aberto que não tem relação com a Lenovo.
Também é falso que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que perdeu as eleições para o democrata Joe Biden, esteja provando que houve fraude no pleito –o atual presidente tem perdido judicialmente recursos que move para tentar comprovar fraude. Segundo a jornalista, no Brasil seria impossível questionar o resultado da votação pois as urnas não são auditáveis. Isso também é falso. O TSE divulga todos os boletins de urnas eletrônicas e qualquer um pode ter acesso e conferir a votação de todos os candidatos.
No vídeo, a jornalista, que já foi candidata a deputada federal pelo PSL, questiona ainda a inviolabilidade das urnas eletrônicas por usarem sistema operacional baseado em Linux, que seria “sem segurança e facilmente adulterável”. Segundo especialistas, nenhum sistema é 100% seguro, mas o fato de o Linux ser um sistema aberto oferece mais segurança, pois mais programadores podem verificar seu código e melhorá-lo. Além disso, o TSE faz testes e atualizações regulares para aumentar a segurança das urnas. A reportagem tentou contato por e-mail com a autora do vídeo, mas não obteve retorno até a publicação.
Quem é Regina Villela
A jornalista e radialista carioca se candidatou a deputada federal pelo PSL, então partido do presidente Jair Bolsonaro (hoje sem partido), em 2018 no Ceará. Com pouco menos de 3 mil votos, ela não foi eleita.
Em seu canal no YouTube, com mais de 165 mil inscritos, ela trata majoritariamente de política, com visão à direita. Regina já veiculou informações contestáveis e inflou números de desvios na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 2019, ela foi investigada pela Polícia Civil após divulgar informações falsas sobre a prefeitura de Fortaleza. Conteúdos compartilhados por ela já foram checados por diversos veículos. O Comprova enviou mensagem ao e-mail indicado no canal da jornalista no YouTube, mas não obteve retorno até a publicação desta verificação.
Verificação
Em sua terceira fase, o Projeto Comprova monitora e verifica conteúdos sobre a pandemia, eleições municipais e políticas públicas do governo federal que possam causar desinformação nas redes sociais. É o caso do vídeo compartilhado pela jornalista. Com mais de 73 mil visualizações e 16 mil curtidas, Regina passa uma série de informações falsas com intuito de questionar a lisura do sistema eleitoral brasileiro, como já fez o presidente Jair Bolsonaro, que, como ela, também não apresentou provas.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
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