Urna refletiu frustração na aposta pelo novo de 2018, diz Amazonino Mendes

Aos 81, mais idoso candidato em capitais, ele tenta derrotar Davi Almeida em Manaus

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Manaus

Mais idoso entre os candidatos nas capitais, o ex-governador Amazonino Mendes (Podemos), 81, disputa o segundo turno da eleição para comandar a capital do Amazonas.

Ele vai concorrer com Davi Almeida (Avante). Entre os candidatos no primeiro turno no estado, estava um coronel apoiado no primeiro turno pelo presidente Jair Bolsonaro.

Natural de Eirunepé, no interior, Amazonino foi eleito governador do estado quatro vezes e tenta a quarta gestão na prefeitura da capital amazonense.

homem de máscara no palco fala para uma multidão
Amazonino Mendes em campanha no segundo turno pela Prefeitura de Manaus - Amazonino Mendes no Facebook

Formado em direito pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas), foi prefeito de Manaus pela primeira vez em 1983, apadrinhado por Gilberto Mestrinho, político tradicional do Amazonas. Voltou a vencer as eleições para comandar a capital em 1992 e 2008.

Como governador do estado, tentou a reeleição em 2018, mas foi derrotado no segundo turno pelo atual governador, Wilson Lima (PSC).

No primeiro turno deste ano, Amazonino teve 23,91% dos votos, contra 22,36% de Almeida, um diferença de pouco mais de 15 mil votos. Agora ele aposta na experiência que acumulou ao longo de quase 40 anos de política para manter a maioria no segundo turno.

*

Que apoios o candidato conquistou ou espera conquistar para manter a vantagem nas urnas no segundo turno? A minha campanha não teve apoio de máquina pública. Foi uma campanha que sempre mostrou os partidos aliados, de forma transparente. Os partidos de Wilson Lima [governador do Amazonas] e Arthur Virgílio [prefeito de Manaus] não fazem parte da coligação. O governador apoia veladamente o meu adversário.

Todos que tenham boas propostas para a cidade e que queiram discutir projetos com esse foco são bem-vindos na minha campanha. Mas sempre deixei bem claro que minha candidatura não passa por acordos e troca de favores. Quem resolver apoiar os projetos que temos para Manaus, deverá saber que faz isso por convicção.

Como o candidato vê a reprovação dos candidatos de direita alinhados ao presidente Bolsonaro no 1º turno? O que aconteceu nessa eleição, e aqui temos o caso emblemático, foi o reflexo do sentimento de frustração na aposta ao 'novo' para o governo em 2018, que se mostrou inexperiente, não conseguiu cumprir as promessas mirabolantes que fez e ainda se envolveu em escândalos pesados em uma área vital para as pessoas, que é a saúde. Quem diz isso não sou eu. É a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República, que acusam o governador do Amazonas.

Qual sua avaliação da gestão de Jair Bolsonaro, do governador Wilson Lima e de Arthur Virgílio Neto, atual prefeito? O presidente tem erros e acertos, como todo administrador. O presidente acertou, por exemplo, em garantir o auxílio emergencial para milhões de brasileiros afetados pela crise gerada pela pandemia.

Já o governador do Amazonas vive uma situação extremamente complicada, investigado pela Polícia Federal e Procuradoria Geral da República, acusado de chefiar, conforme dizem esses órgãos, quadrilha que se locupletou com recursos públicos, de compra superfaturada de respiradores, de uma empresa de vinhos.

Ao prefeito Arthur Virgílio Neto minhas considerações são de que também teve erros e acertos na administração e não terei qualquer problema para manter os projetos implantados em sua gestão que estejam dando certo, funcionando a contento.

Qual o senhor considera o maior problema de Manaus e qual sua proposta para solucioná-lo? O maior problema hoje envolve o acolhimento à população, para que possa enfrentar a crise do desemprego. Manaus tem a mais alta taxa de desemprego entre as capitais. O problema já vinha se acentuando e ficou crítico com a pandemia.

Vai ser preciso colocar em prática ações para auxiliar a população, como a que estou propondo, que é a volta do Cartão Direito à Vida, que criei em administração como governador, antes mesmo do Bolsa Família do governo federal. Também será preciso um grande pacote de estímulo à geração de emprego e renda e a oferta de linhas de crédito para pequenos empreendedores.

Como será sua gestão municipal em meio à pandemia? A prefeitura, caso seja eleito, vai trabalhar para que a população tenha acesso à imunização. Nossa ideia é que todas as medidas tenham como base as orientações dos especialistas e autoridades de saúde, sempre resguardando a saúde das pessoas. O que precisar ser feito terá sempre isso como norte.

Seu concorrente questiona suas condições de saúde para governar Manaus pelos próximos quatro anos... Eu não pretendo governar sem sair de casa nem estou fazendo campanha dessa maneira. Tenho percorrido os bairros e tenho ido, de forma presencial, conversar com a população, adotando, claro, todas as medidas de prevenção, de maneira a não colocar em risco a vida de ninguém. Na prefeitura, estarei nas ruas, nos bairros, fazendo o meu trabalho.

Qual sua principal proposta para a saúde da primeira capital a colapsar na pandemia? A lição que a pandemia deixa, para todos, é de responsabilidade no uso do recurso público e de planejamento. Para esta nova administração, minha pretensão é ampliar a cobertura da rede, com a construção de novas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), com capacidade dobrada.

Quero também lançar o serviço de teleconsulta, para facilitar o atendimento em casos de pequenos agravos, de forma online. Além disso, vamos realizar concurso público. Com relação à pandemia, vamos aumentar o número de unidades de saúde para atendimento de Covid-19 de 18 para 30, com teste rápido e RT-PCR. Outra preocupação é com a garantia de vacinação.

Qual sua proposta para a educação em 2021? O candidato é favorável à retomada das aulas presenciais? Se forem necessárias ações para reposição de aulas, as medidas serão tomadas e discutidas com os educadores e com os pais. Temos esperança de que possamos retomar as atividades presenciais, já com a vacina liberada.

Dentro das propostas para a educação, minha ideia central é a implantação de escolas de tempo integral em todas as zonas da cidade. Pretendo criar o programa Bolsa Infantil, ampliando a oferta de creche, por meio de convênios.

Como prefeito, qual sua posição sobre a Zona Franca de Manaus? O prefeito faz parte do grupo do Conselho de Administração da Suframa. Farei uso dessa prerrogativa, defendendo o modelo Zona Franca e, da parte do município, implantando ações com foco na atração de indústrias para a cidade. Ao mesmo tempo, estimular o uso sustentável do potencial da biodiversidade, de forma a atrair empresas e investidores.

Como avalia seu concorrente? Não conheço muito bem David Almeida. O que sei dele é do seu comportamento público. Acho muito parecido, no seu perfil, com o governador do Amazonas, Wilson Lima, que simplesmente decepcionou os seus milhares de eleitores.

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