Após externar sua insatisfação com a atuação do Palácio do Planalto no processo em que o STF (Supremo Tribunal Federal) barrou a possibilidade de sua reeleição para o cargo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reuniu-se com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite de terça-feira (8).
A aliados o senador disse ter ouvido de Bolsonaro que o Planalto apoiará o nome escolhido por Alcolumbre para sua sucessão.
Auxiliares palacianos diziam que o chefe do Executivo apadrinharia um nome do MDB, provavelmente Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, ou Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado.
Como a Folha mostrou nesta terça, o MDB não está na lista de seis nomes de onde Alcolumbre pretende tirar seu escolhido até o final da semana, quando termina a rodada de conversas individuais com senadores que vem conduzindo desde a noite de segunda-feira (7), quando chegou a Brasília.
Na lista de Alcolumbre estão Antonio Anastasia (PSD-MG), Nelsinho Trad (PSD-MS), Lucas Barreto (PSD-AP), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Marcos Rogério (DEM-RO) e Daniella Ribeiro (PP-PB).
Irmã do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que tenta se cacifar para presidir a Câmara, Daniella está licenciada desde o fim de setembro por motivos pessoais e retorna em janeiro. Ela entrou na lista de Alcolumbre não exatamente por ser do PP, mas por ser mulher.
Ao longo desta quarta-feira (9), o nome de Pacheco passou a circular como o favorito no grupo de Alcolumbre, embora o martelo ainda não tivesse sido batido.
O senador mineiro é próximo ao presidente da Casa e se tornou um de seus principais conselheiros. Durante sua gestão, Alcolumbre deu a Pacheco a relatoria de propostas de destaque como a lei de falências, a lei de abuso de autoridade e o pacote anticrime, o que é lido no Congresso como um sinal de confiança.
Auxiliares de Bolsonaro procurados pela Folha disseram reservadamente não saber da mudança de posicionamento do presidente em relação a quem apoiar na disputa pelo comando do Senado.
O compromisso de Bolsonaro relatado por Alcolumbre a aliados, porém, não dá a certeza de que o mandatário abandonou de fato as candidaturas do MDB.
Na Câmara, por exemplo, apesar de apoiar Arthur Lira (PP-AL), o presidente também trabalha com planos B, como uma possível candidatura de sua ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), deputada licenciada.
De acordo com pessoas que conversaram com Alcolumbre, o encontro durou cerca de uma hora. O presidente do Senado disse a Bolsonaro, segundo relatos de aliados, que ele é quem está conduzindo sua sucessão e que já conversou com boa parte dos senadores.
Bolsonaro, então, disse, ainda de acordo com pessoas ligadas a Alcolumbre, que não apoiará ninguém até a definição pelo senador amapaense.
O STF barrou na noite do último domingo (6) a possibilidade de reeleição de Alcolumbre e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O placar ficou em 6 a 5 contra a reeleição de Alcolumbre, e 7 a 4 contra a de Maia. Para a maioria dos ministros, a recondução é inconstitucional.
A Constituição proíbe os chefes das Casas de tentarem a recondução no posto dentro da mesma legislatura. A atual começou em fevereiro de 2019 e vai até fevereiro de 2023.
Aliados do senador dizem que Alcolumbre ficou bastante decepcionado com o comportamento do Planalto ao longo do julgamento. Aliado do governo, ele se sentiu abandonado em decorrência da articulação do Planalto para impedir a possibilidade de reeleição de Maia.
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