Em reunião com líderes da esquerda, Baleia diz que irá respeitar espaço da oposição na Câmara

Candidato do MDB à presidência da Casa tenta diminuir resistências internas no seu bloco; minoria no PT é contra acordo

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Brasília

Na tentativa de diminuir resistências do seu bloco de apoio à sua candidatura à presidência da Câmara, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) sinalizou nesta segunda-feira (28) que seguirá a mesma linha do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na relação com os partidos de oposição.

Em reunião por videoconferência com líderes de esquerda, o candidato de Maia ressaltou que adotará uma postura de independência em relação ao Poder Executivo, que respeitará o princípio da proporcionalidade na distribuição de cargos e que pretende garantir o espaço regimental das siglas de oposição.

Segundo relatos de presentes, a sinalização foi feita após oposicionistas terem pedido que seja garantido o espaço regimental dos partidos para a instalação de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) e a convocação de ministros do governo Jair Bolsonaro (sem partido).

O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Rodrigo Maia à presidência da Câmara, participa de videoconferência nesta segunda (28) com líderes de partidos de esquerda
O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Rodrigo Maia à presidência da Câmara, participa de videoconferência nesta segunda (28) com líderes de partidos de esquerda - Divulgação

Em um aceno político, Baleia agradeceu o apoio das legendas à sua candidatura e repetiu durante o encontro que cumprirá rigorosamente, caso seja eleito para suceder Maia, o que está previsto tanto no regimento interno como na Constituição.

"Foi uma reunião muito positiva. Ela nos deu a segurança de que os espaços constitucional e regimental da oposição serão respeitados por Baleia Rossi ao exercer com independência a presidência da Câmara dos Deputados", afirmou o líder do PSB, Alessandro Molon (RJ).

A videoconferência teve também a presença de Maia, que, de acordo com relatos, agradeceu os partidos de oposição pelo apoio à candidatura de Baleia e ressaltou a importância do diálogo entre siglas de esquerda e de centro neste momento do país.

O apoio a um candidato do MDB ainda enfrenta resistência em parcela da esquerda, para a qual o campo político deveria ter um candidato próprio. O argumento, sobretudo dentro do PT, é de que o partido não deveria apoiar um candidato da sigla que defendeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

A tendência é de que, com a maior bancada da Câmara, o PT indique o primeiro vice-presidente do bloco partidário caso oficialize o apoio a Baleia. A legenda se reunirá até esta terça-feira (29) para uma posição oficial, já que há uma minoria contrária a um acordo.

A videoconferência com Baleia teve as participações de líderes partidários de PT, PSB, PDT e PC do B. A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, também participaram.

No encontro, os partidos de oposição entregaram uma carta com compromissos que esperam que sejam adotados por Baleia caso ele seja eleito. Segundo deputados presentes, o candidato demonstrou disposição de cumpri-los.

Um deles é se posicionar contra "ataques autoritários" de Bolsonaro "que façam apologia da ditadura, da tortura e do arbítrio" e "não pautar projetos de cunho antidemocrático".

O documento também defende que sejam apreciados decretos legislativos "que visem a impedir que o Poder Executivo exorbite ou desvie de seu poder regulamentar para driblar, esvaziar ou burlar leis".

O texto ainda defende que o novo presidente paute projetos que garantam o acesso de todos à vacina contra o coronavírus e ressalta a necessidade de combater "práticas autoritárias e desestruturantes" empreendidas pela gestão atual.

Mais cedo, em uma nova defesa do voto impresso, Bolsonaro deu informação falsa sobre a eleição da presidência da Câmara e afirmou que ela ocorre "no papelzinho", quando na verdade o processo de escolha é eletrônico desde 2007.

O sistema eletrônico para a escolha dos postos de chefia na Câmara foi instituído por uma resolução de 2006. Dessa forma, a primeira vez que ele foi usado foi no ano seguinte, quando os deputados elegeram Arlindo Chinaglia (PT-SP) para liderar a Casa naquele biênio.

A justificativa para a adoção da votação eletrônica foi justamente o tumulto e a longa espera registrados nas eleições em papel.

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