Oposição veta Lira e se aproxima de apoio a bloco de Maia na eleição da Câmara

Presidente da Casa quer anunciar nesta sexta (17) bloco que vai concorrer contra líder do centrão, apoiado por Bolsonaro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Partidos de oposição decidiram nesta quinta-feira (17) vetar apoio ao candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à Presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL).

A decisão foi tomada após reunião de mais de três horas na tarde desta quinta. PT, PC do B, PDT, PSOL e PSB descartaram o voto no líder do centrão, em movimento que pode sedimentar a ida da esquerda ao bloco que está sendo costurado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A expectativa inicial era de que o deputado do DEM anunciasse o nome de seu candidato no último dia 10, pouco após o STF (Supremo Tribunal Federal) barrar uma tentativa de drible na Constituição que poderia abrir caminho para a reeleição de Maia e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O anúncio também ocorreria um dia depois de Lira oficializar sua candidatura, no dia 9. A estratégia do líder do PP na Câmara foi formalizar a campanha enquanto Maia ainda negociava a construção de um bloco independente.

No entanto, Maia optou por consolidar as conversas com os partidos que já haviam indicado apoio a seu nome —PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV— , enquanto intensificava os contatos com a esquerda para assegurar os cerca de 130 votos que oferecem as legendas de oposição ao governo.

A interlocutores, Maia descarta ser pressionado para anunciar um nome às pressas. Para ele, segundo aliados, é mais importante construir um bloco sólido de partidos que defendam a mesma bandeira de uma Câmara independente do governo do que se precipitar e divulgar uma candidatura frágil.

As negociações continuaram nesta quinta-feira. Líderes da oposição se reuniram com Maia e com seus favoritos a sucedê-lo, os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP). Depois, PT, PC do B, PSB, PSOL e PDT realizaram reunião para conciliar a posição.

Maior partido desse bloco, o PT tem peso na disputa pela sucessão da Casa. No encontro, alguns líderes partidários pressionaram a legenda a desistir da ideia de lançar nome próprio na disputa, como fará o PSOL —o partido, no entanto, ainda estuda aderir ao bloco de Maia, mesmo com candidatura independente.

De qualquer forma, a campanha de Maia conta com apoio da esquerda em eventual segundo turno contra Lira.

Apesar de formalizarem o veto a Lira, as siglas não oficializaram o embarque no grupo de Maia. Isso deve ocorrer nesta sexta-feira, mesmo dia em que ele deve anunciar seu candidato.

Nas contas de aliados de Maia, a fidelidade da esquerda ao bloco seria grande. Eles calculam que cerca de 120 parlamentares apoiariam o nome indicado pelo deputado —a esquerda tem pouca dispersão de votos nas pautas que defende na Câmara. Na visão deles, o grupo de Lira tem um risco de “traição” maior.

No entanto, dentro do PSB alguns deputados já sinalizaram que votariam em Lira, apesar de o diretório nacional do partido ter decidido por unanimidade orientar a bancada a não votar em nomes apoiados por Bolsonaro.

Nesta quarta-feira (16), o grupo de Maia sofreu um revés na disputa, depois que o Republicanos, que soma 31 deputados, oficializou apoio ao líder do PP.

Segundo parlamentares e aliados do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, o grupo de Lira fez uma série de ofertas para atrair o partido para o bloco.

Estaria na mesa um ministério no governo, que seria a pasta da Cidadania, e a indicação de um parlamentar para a vaga da Câmara no TCU (Tribunal de Contas da União), que será aberta em 2022 com a aposentadoria da ministra Ana Arraes.

O presidente do Republicanos nega que tenha negociado cargos no primeiro escalão do governo para aderir ao bloco de Lira. "Não terá ministério. Não serei ministro", afirmou.

O voto é secreto. A adesão de partidos a blocos não significa a garantia de votos, mas a campanha do atual presidente da Câmara acredita que as deserções terão pouco impacto em seu bloco.

São necessários 257 do total de 513 para eleger quem comandará os deputados pelos próximos dois anos.

No bloco de Maia, a perspectiva é de dissidências em alguns partidos, como o próprio PSL, que tem a bancada dividida e muitos deputados bolsonaristas que devem votar em Lira.

No entanto, mesmo dentro desse grupo poderia haver votos no candidato de Maia, por uma avaliação negativa do núcleo ideológico do governo em relação a Lira.

A campanha de Lira afirma ter votos do PP, PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS, Patriota e Republicanos. Esse bloco soma cerca de 204 deputados. Ele ainda consegue apoio em parte do PSL e também de alguns deputados da esquerda, como PSB.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.