PT descarta apoio a líder do centrão na Câmara e alivia campanha do grupo de Maia

Arthur Lira, do PP, figura como o nome ligado ao presidente Jair Bolsonaro para presidência da Casa

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Brasília

A bancada do PT na Câmara, que reúne 54 deputados, decidiu que não irá apoiar a candidatura de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Casa. Na disputa, o líder do centrão figura como o nome ligado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

As siglas de oposição ao governo (PT, PSB, PDT, PSOL e PC do B) não conseguiram ainda tomar uma posição conjunta sobre a eleição ao comando da Câmara, marcada para 1º de fevereiro. Essas legendas de esquerda, juntas, somam 132 deputados.

Maior partido desse bloco, o PT tem peso na disputa pela sucessão da Casa. A decisão da bancada traz alívio à campanha ligada ao atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que articula uma candidatura independente ao governo - em contraponto à de Lira.

O PT, porém, se reunirá novamente nesta semana para decidir se integrará o bloco de Maia ou se ainda tentará lançar um candidato próprio da esquerda, o que pulverizaria a disputa pela presidência da Câmara.

Além da tentativa de Maia de convencer o partido a aderir a seu grupo, outras legendas de oposição também pressionam o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva a entrar no bloco e apoiar o nome escolhido pelo deputado para sucedê-lo.

Embora ainda não tenha tomado uma decisão, o PSOL avalia lançar candidatura própria na disputa, como forma de marcar posição e por divergir da política econômica liberal de Maia.

O partido, que tem dez deputados, estuda ainda a possibilidade de compor o bloco do presidente da Câmara, mesmo tendo nome independente no primeiro turno.

De qualquer forma, a campanha de Maia conta com apoio da esquerda em eventual segundo turno contra Lira.

Nas contas de aliados de Maia, a fidelidade da esquerda ao bloco é grande. Eles calculam que cerca de 120 parlamentares apoiariam o nome indicado pelo deputado —a esquerda tem pouca dispersão de votos nas pautas que defende na Câmara. Na visão deles, o grupo de Lira tem um risco de “traição” maior.

No entanto, dentro do PSB alguns deputados já sinalizaram que votariam em Lira, apesar de o diretório nacional do partido ter decidido por unanimidade, na última sexta-feira (11), orientar a bancada a não votar em nomes apoiados por Bolsonaro.

Partidos do bloco de Maia estão passando listas para deputados assinarem indicando apoio ao grupo --eles precisam de 50% mais um.

O voto é secreto. A adesão de partidos a blocos não significa a garantia de votos, mas a campanha do atual presidente da Câmara acredita que as deserções terão pouco impacto em seu bloco.

São necessários 257 do total de 513 para eleger quem comandará os deputados pelos próximos dois anos.

O bloco partidário do entorno de Maia é formado por seis siglas (PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV), que reúnem 159 deputados, porém nem todos devem aderir à candidatura do grupo.

Há, no entanto, dissidências nesse bloco. A ala do PSL mais ligada ao governo, por exemplo, deve votar em Lira.

A campanha de Lira afirma ter votos do PP, PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS, Patriota e Republicanos. Esse bloco soma cerca de 200 deputados. Ele ainda consegue apoio em parte do PSL e também de alguns deputados da esquerda, como PSB.

Maia tentou atrair o Republicanos, que tem 31 deputados, mas o partido anunciou nesta quarta (16) apoio a Lira.

Aliados do líder do centrão fizeram, nos últimos dias, uma ofensiva sobre o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), e chegaram a oferecer até mesmo um ministério a ele, em troca do apoio formal à campanha do candidato de Bolsonaro. Pereira, até esta quarta, tinha a intenção de concorrer à presidência da Câmara. Ele, porém, desistiu.

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