Aliados de Tebet põem em dúvida sua força e dão prazo para candidatura ao comando do Senado decolar

Argumento é que seguir em campanha com pouca chance pode render tensão evitável com Planalto

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Brasília

Após uma primeira semana de campanha com alguns reveses, cresceram nos últimos dias os questionamentos dentro da bancada do MDB sobre a força da candidatura de Simone Tebet (MS), inclusive com um início de pressão para a sua desistência.

Senadores do partido já trabalham com um prazo até terça-feira ou quarta-feira da próxima semana, para analisarem se a candidatura decolou.

Um importante senador da bancada do MDB evitou usar a palavra pressão, mas afirmou que seria legítimo fazer essas avaliações para verificar o aumento das adesões à candidatura de Tebet.

Uma das avaliações é que levar a frente uma candidatura com poucas chances de vitória pode resultar em um acirramento desnecessário de tensão, com as outras bancadas e também com o Palácio do Planalto —que já manifestou “simpatia” pelo rival, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

“Eu ouvi esses rumores [sobre pressão para desistência da candidatura], mas são conversas que uma eleição provoca, tanto de um lado como do outro”, afirmou o senador Dário Berger (MDB-SC), que é próximo de Simone Tebet.

“A impressão que eu tenho é que nossa bancada está unida e que essas histórias são utilizadas pelo outro lado da disputa para fragilizar a Simone”, completa.

Simone Tebet foi anunciada como candidata da bancada do MDB na terça-feira (12), em um momento em que seu rival já contava com o apoio de cinco bancadas que reúnem 28 senadores.

A candidatura vem enfrentando a indiferença de senadores influentes do partido. Um aliado da senadora relata que muitos ligam para ela, para manifestar apoio, mas pouca articulação com outros senadores e bancadas é feita.

Há também comentários de dissidências internas. Um dos casos citados é o do senador Luiz Carlos do Carmo (MDB-AP), que teria recebido pedido do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), para votar em Rodrigo Pacheco.

Luiz do Carmo é suplente de Caiado no Senado. O senador foi procurado, mas não se pronunciou.

O núcleo no entorno de Pacheco afirma que podem ser quatro os votos de “traição” dentro da bancada do MDB.

O líder da bancada, Eduardo Braga (MDB-AM), rebate as teses de racha no partido.

“MDB, em peso, unido em torno da candidatura de Simone Tebet à Presidência do Senado. O Brasil precisa de uma liderança independente, firme e equilibrada no comando do Legislativo”, escreveu nas suas redes sociais, nesta sexta-feira (15).

Braga foi um dos poucos senadores influentes do partido a manifestar seu apoio em redes sociais. Outros caciques, como Renan Calheiros (MDB-AL) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), não foram tão explícitos.

Bezerra chegou a publicar na terça-feira uma postagem referente à filiação dos senadores Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e Rose de Freitas (MDB-ES), mas nada escreveu sobre o lançamento da candidatura de Simone Tebet, que aconteceu no mesmo evento.

O resultado é que a primeira semana de campanha foi marcada por alguns apoios importantes, mas ainda considerados abaixo do que era esperado para a “largada”. Muitos aliados esperavam que a senadora conquistasse entre 18 e 21 votos de um bloco informal que reúne Podemos (9 senadores), PSDB (7), Cidadania (3) e PSL (2).

Esses partidos são a base do movimento suprapartidário Muda Senado, do qual Simone Tebet é próxima.

Somados aos 15 votos da bancada do MDB, a maior do Senado, esperava-se que a primeira semana terminasse portanto com, no mínimo, 33 votos. Então teria início a fase de articulações em busca de “traições” no bloco que já anunciou apoio a Pacheco.

São necessários 41 votos para vencer a disputa no Senado.

No dia seguinte à oficialização da candidatura, o Podemos divulgou nota em apoio à senadora, mas a questão não foi decidida por unanimidade. A própria nota do partido informava que seriam respeitadas as dissidências.

Os senadores Romário (Podemos-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES) deixaram claro na reunião da bancada que poderiam votar em Rodrigo Pacheco.

O golpe maior, no entanto, aconteceu com o racha da bancada do PSDB, que era considerada como apoio certo pelos aliados. O líder interino Izalci Lucas (PSDB-DF) decidiu abrir a bancada, sendo que apenas três dos sete tucanos anunciaram que vão ficar com Simone Tebet - José Serra (PSDB-SP), Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

À Folha, Izalci havia afirmado que não poderia colocar em risco interesses regionais dos senadores da bancada por uma candidatura que não tinha unanimidade dentro do próprio MDB

Desconsiderando possíveis traições, uma vez que o voto é secreto, Tebet teria apoio confirmado de 28 parlamentares votos - 14 do MDB, sete do Podemos, três do PSDB, três do Cidadania e um de uma dissidência do PP, o senador Esperidião Amin (PP-SC).

Seu rival, Rodrigo Pacheco, estima-se que já tenha em teoria, desconsiderando as traições, maioria dos votos necessários.

Para tentar reverter a situação, foi constituído nesta sexta-feira (15) um grupo de trabalho para tentar impulsionar a candidatura da senadora. O grupo é composto por comunicadores e lideranças nacionais do MDB para “dar visibilidade ao trabalho da senadora, a primeira mulher da história do Brasil a concorrer a chefia do Poder Legislativo”, informa nota da equipe.

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