PDT anuncia apoio a Pacheco e dá maioria teórica a candidato de Alcolumbre e Bolsonaro no Senado

Simone Tebet, candidata do MDB, tenta estimular traições e busca apoio da bancada feminina da Casa

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Brasília

O PDT anunciou nesta quinta-feira (14) seu apoio ao candidato Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na corrida pela presidência do Senado, oferecendo ao senador mineiro um número de votos que, em tese, é suficiente para ele vencer a disputa —desconsiderando possíveis traições dentro das siglas.

Pacheco é o nome do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que se engajou na articulação para fazer seu sucessor. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já havia informado sua preferência pelo mineiro em reunião interna e, nesta semana, afirmou publicamente ter “simpatia” pelo candidato.

O senador já tinha o apoio de oito bancadas —DEM, PL, PP, PROS, PSC, PSD, PT e Republicanos—, que reúnem 38 votos. O PDT tem mais 3 senadores, o que daria a Pacheco os 41 votos necessários para vencer a eleição para a presidência da Casa —a maioria absoluta dos senadores.

Além disso, ele já teve apoios declarados em outros partidos, como parte da bancada do PSDB. Em tese, Pacheco contaria no momento com 44 senadores.

O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato de Alcolumbre e Bolsonaro na eleição do Senado - Jefferson Rudy - 11.jan.2021/Agência Senado

Como a votação é secreta, no entanto, é possível que haja traições ou mesmo que senadores revertam seus votos até o dia da eleição, no início de fevereiro.

Um senador do PP, Esperidião Amin (PP-SC), informou que vai votar na rival de Pacheco, Simone Tebet (MDB-MS).

A bancada do PSDB se dividiu em reunião na noite de quarta-feira (13) e, por isso, o líder interino Izalci Lucas (PSDB-DF) decidiu liberar os senadores para votarem como desejarem.

Segundo Izalci, quatro dos sete senadores tucanos manifestaram intenção em votar em Pacheco, enquanto três vão se manter com o MDB, que era a expectativa inicial. Os quatro que manifestaram apoio ao mineiro são Izalci, Roberto Rocha (PSDB-MA), Plínio Valério (PSDB-AM), e Rodrigo Cunha (PSDB-AL).

O apoio do PDT, partido de Ciro Gomes, foi confirmado em uma nota divulgada na manhã desta quinta-feira.

A bancada afirma que o Brasil vive um momento difícil e que terá pela frente o desafio de “reencontrar o rumo correto para superar o desafio de conter a pandemia de coronavírus, proteger a população, recuperar a economia, estabelecer um mínimo de justiça social, garantir a estabilidade institucional e democrática e preparar um clima saudável e equilibrado para as eleições de 2022”.

O texto também afirma que o Congresso necessita de uma condução firme, independente, coerente, porém serena, madura e que atenda aos interesses do país.

“O PDT considera que o senador Rodrigo Pacheco reúne as características acima citadas e, portanto, tem as melhores condições de liderança para exercer o papel de presidir a Casa. Assim, a bancada do PDT no Senado Federal decidiu apoiar o senador Rodrigo Pacheco (DEM) para a presidência da nossa Casa Legislativa”, afirma o texto.

A nota, no entanto, afirma que o apoio não representa um alinhamento automático da bancada do partido com as pautas defendidas por outras siglas que integram o bloco de apoio.

Pacheco conseguiu reunir em torno de si partidos de linhas ideológicas divergentes. No caso mais emblemático, obteve o apoio do presidente Bolsonaro, do partido Republicanos —legenda de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ)— e até do PT.

O PDT afirma que vai manter uma posição de “independência e oposição responsável” ao governo federal.

“Em todas as conversas com o senador Rodrigo Pacheco, o partido deixou claro que não abre mão da defesa de temas que considera fundamentais e sempre fizeram parte de sua história de luta, como a manutenção do estado democrático de direito, os ideais trabalhistas, a proteção à educação e saúde públicas de qualidade, o respeito aos direitos das minorias, com igualdade de oportunidades entre todos, independente do gênero, raça, credo ou origem, e a proteção dos mais vulneráveis”, completa o texto.

No outro lado da disputa, Simone Tebet conseguiu angariar o apoio de duas bancadas, que reúnem 12 senadores, em seu primeiro dia de campanha oficial. Tebet havia sido anunciada como candidata do MDB em evento na última terça-feira (12).

Além dos 15 membros da bancada emedebista, a maior do Senado, foi oficializado na quarta o apoio do Podemos (9 senadores) e do Cidadania (3) —embora os senadores tenham fechado questão, o anúncio só deve ser feito neste sábado (16), por causa de problema de agenda dos parlamentares.

O apoio do Podemos, no entanto, não foi unânime e a bancada chegou a informar na nota que liberaria possíveis dissidências. Durante reunião virtual, Romário (RJ) e Marcos do Val (ES) indicaram que devem votar em Pacheco.

O golpe maior, no entanto, foi a perda do apoio do PSDB, uma bancada que figurava nos cálculos de seus aliados como uma adesão certa. Os tucanos contam com sete senadores.

Em reunião virtual, a bancada se dividiu, com uma parte dos senadores defendendo a candidatura de Pacheco, pois o contrário afetaria interesses desses parlamentares em suas bases regionais.

Ficaram do lado de Tebet os senadores José Serra (PSDB-SP), Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Com isso, Simone Tebet conta com o apoio de bancadas e senadores avulsos que somam 30 votos em seu favor —desconsiderando as intenções de Romário e Marcos do Val, que ainda não anunciaram publicamente.

Com as posições de praticamente todas as bancadas definidas, a candidata do MDB e seus aliados passaram esta quinta-feira em contato com senadores avulsos para estimular traições.

A avaliação é que existe uma "ditadura das lideranças", que foram atraídas pelas promessas de Alcolumbre, mas que as posições externadas nas notas de apoio a Pacheco deixaram descontentamentos internos.

Uma das apostas de Tebet é obter o apoio da bancada feminina, uma vez que ela pode ser a primeira mulher presidente da história do Senado.

A Casa conta com 11 senadoras, sendo que cinco delas estão em partidos que declararam apoio a Pacheco e uma delas, Leila Barros (PSB-DF), ainda não definiu o seu apoio —embora tenda a apoiar a emedebista.

Um representante do MDB também voltou a articular com lideranças do PSDB. Apesar de dois votos radicalmente contrários a um acerto com o MDB, por questões regionais —Plínio Valério (AM) e Rodrigo Cunha (AL), que concorrem em seus estados, respectivamente com Eduardo Braga (MDB-AM) e com o grupo ligado a Renan Calheiros (MDB-AL)—, há a percepção de que a bancada tucana precisaria agir unida, para aumentar o poder de barganha em comissões.

Os emedebistas também minimizam o sucesso de Pacheco, argumentando que Alcolumbre estaria buscando ele próprio, com telefonemas, provocar dissidências no MDB, o que é visto como um forte indício de que os números podem não ser tão favoráveis ao senador mineiro.

O atual presidente da Casa também estaria atuando para, pelo menos, retardar notas de apoio a Tebet, para não estimular novas adesões. Um dos casos seria a articulação com a líder do Cidadania, Eliziane Gama (MA).

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