PT vira fiel da balança em disputa por comando do Congresso

Após engordar bloco de Baleia Rossi na Câmara, partido pode decidir nesta segunda quem apoiará no Senado

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Brasília

Apesar do mau desempenho nas eleições municipais, o PT começa 2021 como fiel da balança para a definição de candidaturas ao comando do Congresso.

Após engordar o bloco de Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa contra Arthur Lira (PP-AL) na Câmara, o partido agora deve definir quem será o nome do MDB a enfrentar o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à sua sucessão no Senado.

O partido, que tem seis senadores —é a sexta maior bancada da Casa—, se reúne nesta segunda-feira (11) para tentar escolher quem irá apoiar.

A tendência, segundo petistas ouvidos pela Folha, é apoiar Pacheco.

Eles argumentam que, como já estão na aliança do MDB na Câmara, chancelar uma candidatura da sigla no Senado se torna impraticável, pois poderiam garantir ao partido que capitaneou o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) o comando das duas Casas.

A decisão, porém, pode não ser tomada de imediato porque a bancada pode querer voltar a conversar com o senador mineiro depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) oficializou seu apoio a ele em conversa com o líder do MDB no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE).

Em dezembro, Pacheco já havia se reunido com Bolsonaro, levado por Alcolumbre ao Palácio da Alvorada.

Naquele momento, a indicação do chefe do Executivo era que o processo de sucessão seria conduzido por Alcolumbre, e o Palácio do Planalto não atrapalharia este trabalho.

Na última sexta-feira (8), porém, Bolsonaro confirmou que rompeu a neutralidade na eleição e que vai apoiar Pacheco.

Até então, integrantes do PT sustentariam o discurso de que a relação de Bolsonaro era com Alcolumbre, não com Pacheco. Com a declaração de apoio, a situação pode se tornar mais difícil.

A decisão do PT é considerada importante para que o MDB defina o nome que lançará para a disputa.

Congressistas e assessores ouvidos pela Folha sob a condição de anonimato durante o fim de semana disseram que Bezerra e Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, não disputariam mais a escolha da bancada. Ambos ignoraram reiteradas tentativas de contato feitas pela reportagem.

Caso a desistência dos dois se confirme, restam no jogo interno o líder da bancada, senador Eduardo Braga (MDB-AM), e a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS).

O PT tem mais simpatia pelo nome de Braga. Mas, caso realmente definam apoio a Pacheco, podem fazer de Tebet o nome emedebista mais viável.

O MDB tem reunião marcada no Senado para a próxima sexta-feira (15), mas o encontro deve ser antecipado, a depender do resultado da reunião do PT.

Tebet é tida por aliados de Pacheco como capaz de rivalizar com o senador mineiro, que, a seu favor, tem o apoio de Alcolumbre, nome forte pela posição que ocupa.

Aliados da senadora contabilizam que ela tem votos em siglas como Podemos (10 senadores), PSDB (7), Cidadania (3) e PSL (2). Maior bancada, com 13 senadores, o MDB deve crescer nesta semana com a filiação de Veneziano Vital do Rego (PSB-PB) e Rose de Freitas (Podemos-ES)​.

O aumento da bancada do MDB pode se tornar uma dor de cabeça para o governo diante da decisão de apoiar a candidatura adversária.

Durante este período de negociações, o articulador político do Palácio do Planalto, ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), saiu de férias.

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