Descrição de chapéu

República da impunidade interessa tanto ao lulopetismo quanto ao bolsonarismo

Em discurso nesta quarta (10), ex-presidente Lula mentiu como sempre e foi demagogo como nunca

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Catarina Rochamonte

Doutora em filosofia, pós-doutoranda em direito internacional e autora do livro 'Um Olhar Liberal Conservador sobre os Dias Atuais'

Lula voltou à ribalta em grande estilo, no melhor da sua forma populista. No discurso que seus entusiasmados seguidores estão chamando de “épico” e “histórico”, mentiu como sempre e foi demagogo como nunca.

Uma mentira grande que Lula contou no seu discurso “épico” foi esta: “Fui vítima da maior mentira jurídica em 500 anos”. Não houve mentira jurídica no caso nem Lula foi inocentado.

O ministro Edson Fachin, numa decisão nebulosa, declarou a incompetência da 13ª Vara de Curitiba e transferiu o processo para Brasília. A denúncia continua, e as provas estão lá.

No programa Manhattan Connection desta quarta-feira, o jurista Ives Gandra enfatizou a obviedade abominada pelos lulistas de que se as provas apresentadas na primeira instância não fossem claras, não teriam sido convalidadas em instâncias superiores.

De todo modo, Lula pôde passar por cima do escândalo do petrolão e proclamar sua inocência porque no Brasil foi instalado um regime de ampla impunidade dos poderosos e consequente naturalização da corrupção, isto com a conivência e apoio indisfarçáveis da Presidência da República.

Convém sempre lembrar que alguns dos mais notórios políticos que nesse episódio se declararam em defesa de Lula e contra Moro – por mensagem direta ou assinando manifesto– foram ou estão envolvidos em escândalos de corrupção e são aliados recentes de Bolsonaro, como Collor de Mello, Arthur Lira, Aécio Neves, Ciro Nogueira etc.

Embora tenha feito questão de afirmar que não pensava na eleição de 2022, o discurso de Lula desta quarta-feira (10), no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi o lançamento não oficial da sua candidatura a presidente.

Há um longo caminho a percorrer, mas o ex-presidiário conta com a vantagem inicial de confrontar não um governo, mas um destroço, um amontoado de equívocos, bizarrices e crimes de responsabilidade.

A resiliência de Bolsonaro —que mantém fiel parte significativa do eleitorado e permite a previsão de que vá ao segundo turno da eleição presidencial— tem por base um fanatismo que vai dando sinais de desgaste, enquanto o fanatismo em torno de Lula dá sinais de recuperação.

Manter a 'República da impunidade' interessa tanto ao lulopetismo quanto ao bolsonarismo: agrupamentos políticos de extremos ideológicos opostos, mas ambos sustentados no populismo, no fanatismo, no culto à personalidade e no oportunismo de alguns.

Estes extremismos sempre terminam por arrastar os povos dominados para o totalitarismo e a miséria —vejam, como mais próximo exemplo, o regime chavista de Nicolás Maduro na Venezuela. Regime este apoiado e incensado desde sempre pelo PT e, agora, em alguns aspectos importantes, como a cooptação fisiológica das instituições, imitado pelo presidente Bolsonaro.

A possibilidade de resgate de uma República minimamente decente, capaz de reacender a esperança em um desenvolvimento consistente da Nação, depende agora da construção de uma alternativa para a qual o centro democrático deve se mover com determinação; e com a urgência necessária.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.