Mourão diz que Exército não pode ser julgado pela atuação de Pazuello na pandemia

Vice-presidente disse ter recomendado que ex-ministro da Saúde deixasse a ativa, mas não foi atendido

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Brasília

Na véspera da instalação da CPI da Covid no Senado, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse nesta segunda-feira (26) que não se pode tomar o Exército brasileiro pela atuação do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e um dos alvos da comissão parlamentar de inquérito.

"A gente não pode tomar uma instituição por um dos seus integrantes", disse Mourão em entrevista em live do jornal Valor Econômico.

Ele deu esta resposta ao ser questionado se atuação de Pazuello no comando do Ministério da Saúde poderia trazer problemas para o Exército.

Mourão também disse ter aconselhado Pazuello a sair da ativa do Exército, o que era cobrado reservadamente por militares, incomodados com o trabalho do general no combate à pandemia de coronavírus.

"Uma coisa eu falei para ele pessoalmente. Eu disse para ele que ele deveria ter pedido transferência para a reserva. Isso aí deveria ter feito", afirmou o vice-presidente.

Mourão, porém, também se referiu a Pazuello como "camarada de valor" e "planejador logístico". O vice-presidente afirmou que Pazuello "recebeu uma tarefa" de assumir a pasta em meio à pandemia e em um país desigual como o Brasil.

"[Ele] levou uma equipe com ele ali de alguns oficiais do Exército, mas preservou o core do ministério com a área técnica", disse Mourão.

Na sexta-feira (23), Pazuello também foi alvo de elogios do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A cerimônia de inauguração de um centro de convenções inacabado com capacidade para 10 mil pessoas tornou-se um ato de desagravo ao ex-ministro da Saúde.

Ovacionado cinco vezes por dezenas de simpatizantes de Bolsonaro aglomerados em um dos cantos do centro de convenções, o general foi elogiado pelo presidente e pelo ministro do Turismo, Gilson Machado. Ao final, os simpatizantes gritaram “Pazuello governador”.

No início desta semana, Pazuello voltou a ficar em evidência depois que uma foto dele passou a circular nas redes sociais.

O ex-ministro entrou sem máscara pelo shopping Manauara, em Manaus, neste domingo (25), ignorando o decreto estadual que obriga o seu uso dentro de ambientes fechados coletivos.

Advertido, o general Pazuello reagiu com ironia e acabou ganhando uma máscara de presente, segundo relato da fotógrafa Jaqueline Bastos, que flagrou a irregularidade.

Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello circula sem máscara no shopping Manaura, de Manaus
Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello circula sem máscara no shopping Manaura, de Manaus - Jaqueline Bastos/Arquivo Pessoal

​Na entrevista desta segunda-feira, Mourão também disse acreditar que, embora não consiga identificar alguém no momento, não descarta a possibilidade de surgimento de um nome como terceira via para quebrar a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT) na disputa de 2022.

"Olha, hoje, sinceramente, não vejo esse nome aí, mas pode surgir", disse Mourão.

O vice-presidente afirmou que a terceira via teria que se valer da união de partidos de centro. "Que largassem cada um de lado as suas vaidades e se unissem em torno de um nome factível", disse Mourão.

Na análise dele, há nomes "muito bons" colocados, mas eles "não empolgam o eleitorado". Para o vice de Bolsonaro a terceira via tem que ser capaz de levar adiante as reformas necessárias ao país.

"Tem que, primeira coisa, haver uma união desses partidos e, segundo, elegerem um nome, buscarem um nome que realmente empolgue o eleitorado nacional. Não pode ser um nome que tenha penetração regional, se ele não tem penetração nacional."

Mourão afirmou mais uma vez que, no ano que vem, deverá disputar o Senado. Desta vez, confirmou que deve se lançar pelo Rio Grande do Sul e que continua no PRTB para a disputa.

À tarde, o vice tomou em Brasília sua segunda dose da vacina contra a Covid. Mourão afirmou que foi imunizado com a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan e no passado alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro.

Vice-presidente, Hamilton Mourão, toma a segunda dose da vacina contra a Covid-19 - Bruno Batista / Presidência da República

Bolsonaro chegou a determinar a Pazuello, então ministro da Saúde, que não adquirisse essa vacina, uma vez que ela é trunfo político do governador de São Paulo e seu adversário, João Doria (PSDB).

Após reação de governadores, a Coronavac acabou sendo adquirida pelo governo federal e hoje é o principal imunizante no plano nacional de vacinação.

"Ciclo completo! Hoje fui vacinado com a segunda dose da Coronavac. Estimulo a todos que se vacinem quando chegar o momento e que se protejam do vírus da Covid, mantendo o distanciamento, não se aglomerando com pessoas desconhecidas, higienizando as mãos e utilizando a máscara", escreveu Mourão, em sua conta no Twitter.

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