Descrição de chapéu Eleições 2022

FHC diz que votaria em Lula em 2º turno contra Bolsonaro, e petista elogia tucano

Lula afirmou que gostou de entrevista de FHC a Bial; em live nesta quinta, tucano falou que não vai anular o voto novamente e se referiu ao sucessor como 'gato pacificado'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo | UOL

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogiou Fernando Henrique Cardoso (PSDB) após entrevista do tucano ao programa Conversa com Bial, da TV Globo.

Na ocasião, após criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-presidente FHC (1995-2002) disse que, entre o petista e o militar reformado, votaria no primeiro nas eleições presidenciais do ano que vem, avaliando que Lula (2003-2010) é um "democrata" que respeita as instituições republicanas.

Pelas redes sociais, Lula disse que gostou da entrevista de FHC a Pedro Bial e que sempre teve uma "disputa civilizada" com o tucano, com quem disputou duas eleições presidenciais, em 1994 e 1998, perdendo ambas.

"Fico feliz que ele tenha dito que votaria em mim e eu faria o mesmo se fosse o contrário. Ele sempre foi um intelectual e sabe que não dá para inventar uma candidatura."

Com "inventar uma candidatura", Lula se referia ao fato de FHC ter dito que se faz necessária a existência de uma frente contra "quem está ganhando" —no caso, tanto Lula como Bolsonaro, que lideram as últimas pesquisas de intenção de voto.

Ainda assim, FHC afirmou que gostaria de "votar com tranquilidade" contra a reeleição de Bolsonaro e que, caso não apareça um candidato forte de terceira via em 2022, votaria no petista.

"Ele faz uma ponte aí. E, em certas circunstâncias, é melhor ter a ponte do que alguém que derrube pontes", afirmou FHC, dizendo que o petista é "uma pessoa curiosa" que "olha para os que mais precisam" e que também "gosta dos que não precisam".

"Como pessoa, o Lula é sagaz. Desde que o conheci, fiquei admirado com a capacidade que ele tinha. Ele percebe na hora, e ele muda na hora também. Ele é rápido. Ele não precisa ler, ele percebe", disse em outro momento da entrevista.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última quarta-feira (12), Lula lidera a corrida eleitoral em 2022, marcando 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% de Bolsonaro.

O ex-juiz Sergio Moro aparece como terceiro colocado, com 7%. Ciro Gomes (PDT-CE), antigo aliado de Lula e hoje crítico ao ex-presidente, marca 6%. Representante tucano, o governador de São Paulo, João Doria, aparece na sexta colocação, com 3% das intenções de voto.

Em live nesta quinta-feira (20) promovida pelo IREE (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa), FHC disse que não vai anular o voto novamente, como fez em 2018, quanto Bolsonaro foi para o segundo turno contra Fernando Haddad (PT), e voltou a fazer comentários elogiosos a Lula.

"Acho que é melhor uma terceira [via], mas, se não houver, quem não tem cão caça com gato. E no caso é um gato que não é tão feroz, não é uma onça, não. É um gato pacificado. Tem experiência. A vida ensina", afirmou, em referência indireta ao ex-presidente petista.

"Eu votei nulo na última eleição. Eu não vou fazer isso mais. Eu quero uma terceira via e vou lutar para que haja um candidato. Se for do PSDB, bom. Se não for, também não tem importância. Mas eu vou votar contra o Bolsonaro. Não conheço o Bolsonaro, nunca vi. Mas conheço o Lula", relatou.

O tucano descreveu Lula como alguém que, diferentemente de Bolsonaro, "sente o momento".

"Eu não sou lulista, acabei de dizer que se houver uma terceira solução é melhor, mas ele sente o momento. Eu tenho a impressão de que o presidente do Brasil atual não sente o momento, ele não sente nada, enquanto que o outro tem suficiente esperteza para sentir."

FHC reconheceu, no entanto, que "não está fácil" construir uma opção de terceira via, já que "é uma fragmentação muito grande nas forças do chamado centro".

"É possível? Ainda é possível. É provável? Não sei. Tenho um pouco mais de dúvidas sobre a probabilidade. Se acontecer, eu vou apoiar. Dependendo também de quem", avaliou, evitando citar nomes.

Segundo ele, para ter seu apoio, "tem que ser alguém com uma visão abrangente, que conheça mais a vida do Brasil. Precisa ser alguém que seja mais aberto, tenha uma sensibilidade maior para com a realidade, que tenha um sentimento de inclusão, não de exclusão".

Durante o encontro virtual, o ex-presidente defendeu a necessidade de otimismo e de resiliência.

"Eu não conheço o presidente [Bolsonaro], nunca vi nem quero vê-lo. Não bato com ele. Mas isso não quer dizer que eu o considere um desastre para o Brasil; pode até ser. Mas o Brasil vai se recuperar. A gente tem sempre que acreditar no futuro, ter uma expectativa de que as coisas podem melhorar", disse.

"Estamos passando um momento difícil, politicamente bem difícil, mas isso passa", continuou, mencionando que tem acompanhado pela TV os debates na CPI da Covid no Senado.

O tucano afirmou ainda que no momento atual "parece que as pessoas não querem ouvir as outras, e isso é ruim" porque provoca isolamento e não contribui para resolver os problemas do Brasil.

FHC também reiterou o arrependimento por ter aprovado a reeleição no país, dizendo que não tinha consciência do "efeito tão negativo" da medida. Ele disse que seria melhor estender a duração dos mandatos dos atuais quatro anos para cinco.

Também convidada do debate virtual do IREE, a empresária Luiza Trajano ratificou a posição de que não será candidata em 2022. A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza tem sido cotada por diferentes partidos para concorrer à Presidência ou ocupar uma vaga de vice.

"Eu não vou sair candidata a presidente, nunca pertenci a nenhum partido, mas eu sempre luto pelo Brasil", disse ela, que neste ano lançou o movimento Unidos Pela Vacina, que organiza ações do setor privado no processo de imunização.

Colaborou Joelmir Tavares, de São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.