Em depoimento à CPI da Covid no Senado nesta terça-feira (18), o ex-chanceler Ernesto Araújo mentiu sobre seus atritos com a China, país fornecedor de matéria-prima para a fabricação de vacinas, e os ataques que ele próprio desferiu ao país asiático.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também têm histórico de investidas contra o país asiático.
Nesta quarta-feira (19), a partir das 10h, é a vez do ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde) ser sabatinado pela comissão. A Folha trasmite ao vivo a sessão.
Na última sexta (14), o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federa), concedeu habeas corpus preventivo que garante ao general o direito de ficar em silêncio na CPI.
Pelo teor da decisão, Pazuello tem que responder todas as perguntas cujas respostas não levem a autoincriminaçao. Ou seja, ele não pode se calar e tem o compromisso de falar a verdade em relação a terceiros, como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Relembre, abaixo, ataques do governo à China.
Troca do embaixador chinês
Após discussão em redes sociais do deputado Eduardo Bolsonaro e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, o ex-chanceler Ernesto Araújo saiu em defesa do filho do presidente Jair Bolsonaro e rompeu relações com Yang.
No fim de março do ano passado, Ernesto enviou para Paulo Estivallet de Mesquita, o embaixador do Brasil em Pequim, um telegrama diplomático solicitando que ele entregasse um documento formal ao governo chinês pedindo a substituição de Yang. A solicitação foi feita em abril e reiterada em novembro. Pequim ignorou as solicitações.
'Tecno-totalitarismo'
Em um painel virtual de debate do Fórum Econômico Mundial, Ernesto disse que o Brasil de Bolsonaro quer uma aliança com os Estados Unidos e "outros parceiros democráticos" para barrar a ascensão do "tecno-totalitarismo" de países com "diferentes modelos de sociedade" —ou seja, a China.
Ele fez questão de não nominar "nenhum país ou companhia específicos", mas todas suas intervenções foram voltadas a fustigar a China. A declaração foi dada em janeiro deste ano
'Comunavírus'
Em abril de 2020, Ernesto publicou, em seu blog chamado Meta Política Brasil, um post de título "Chegou o Comunavírus", com uma tese de que o coronavírus faria parte de um plano comunista. Ele citou frases que seriam, segundo ele, do escritor marxista Slavoj Zizek, dizendo que um vírus contagiará o mundo e permitirá construir o comunismo de uma forma inesperada.
Guerra biológica
Bolsonaro sugeriu no começo de maio que o país asiático teria se beneficiado economicamente da pandemia e afirmou que a Covid pode ter sido criada em laboratório —ecoando tese que não encontra respaldo em investigação da OMS sobre as possíveis origens do vírus.
"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?", disse o presidente em evento no Palácio do Planalto, em Brasília. "Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês."
'Chinês inventou o vírus'
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, no fim de abril, que "o chinês inventou o vírus" da Covid.
"O chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva que a do americano. O americano tem cem anos de investimento em pesquisa. Então os caras falam: 'Qual o vírus? É esse? Tá bom'. Decodifica, tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor do que as outras"
Responsabilidade do regime chinês
Em março de 2020, Eduardo Bolsonaro publicou um texto comparando a pandemia da Covid-19 ao acidente nuclear de Tchernóbil (1986).
"Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste,mas que salvaria inúmeras vidas."
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