Joice afirma que PSL se vendeu a Bolsonaro e entra com ação no TSE para deixar o partido

Deputada diz ter sido sondada por cinco legendas e estar conversando seriamente com três; ela tenta manter o mandato como fez a colega Tabata Amaral

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Brasília

A deputada Joice Hasselmann (SP) entrou nesta segunda-feira (14) com ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo desfiliação por justa causa do PSL, argumentando sofrer perseguição política no partido por seu posicionamento contrário ao presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL, hoje sem partido).

Joice chegou a ser líder do governo no Congresso até ser retirada do cargo durante o racha no PSL iniciado com a briga pública entre Bolsonaro e o presidente do partido, o deputado Luciano Bivar (PE).

Na ação, a deputada acusa Bivar de ser o principal responsável pela perseguição interna que sofre.

A ação junto ao TSE pede “reconhecimento de justa causa para desfiliação e consequente filiação a outro partido que reconheça o que lhe trouxe uma deputada federal de 1 milhão de votos, retribuindo-lhe a fidelidade partidária com que a filiada sempre tratou o partido, mas não recebeu de volta, especialmente após a eleição da Câmara.”

A deputada federal Joice Hasselmann (SP) na tribuna da Câmara
A deputada federal Joice Hasselmann (SP) na tribuna da Câmara - Divulgação

Na disputa mencionada, Bivar foi eleito primeiro-secretário da Câmara, em um acordo que incluiu a indicação do deputado Vitor Hugo (PSL-GO) como líder do partido na Casa e da bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF) como presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

“Meu rompimento com o partido internamente já aconteceu desde a eleição para a Mesa da Câmara. Eu inclusive saí do grupo raiz, depois que o Bivar me ameaçou no grupo, dizendo que tínhamos que resolver a situação, como se fosse coronel de partido pequeno”, afirma Joice.

“Entregar a liderança do partido na Câmara para o Vitor Hugo é entregar ao Bolsonaro”, diz ela, que ainda acusa Bivar de ter entregado as principais comissões da Casa a bolsonaristas.

“Eu cobrei do Bivar, dizendo que a culpa era exclusivamente dele nós termos Bia Kicis na CCJ, uma doida como a Carla Zambelli comandando uma comissão [do Meio Ambiente]."

Joice diz que Bivar sacrificou todos os que foram leais à legenda e às bandeiras que elegeram os deputados. “É muito clara a perseguição ali”, afirma. “O PSL que deixa a porta aberta para o Bolsonaro não é um partido que me representa. Eu já cometi esse erro uma vez, entrar num partido que estava agarrado nesse maluco, em quem eu acreditei, na ânsia de tirar o PT do poder. Eu não vou cometer esse erro duas vezes.”

Na avaliação da deputada, ao deixar a porta aberta a Bolsonaro após o presidente sair da legenda para tentar criar um partido próprio —a Aliança pelo Brasil, que não saiu do papel—, o PSL “se vendeu”. “Eu não faço parte dessa negociata."

Joice afirma ainda que foi censurada no PSL. “O líder do partido tem o poder de cercear e de calar deputado. Então, desde que houve essa eleição, meu microfone foi retirado. Eu não tenho voz, eu não tenho microfone."

Segundo Joice, cinco partidos a procuraram e com três a conversa está bem adiantada. “São cinco partidos com os quais eu tenho alguma afinidade”, diz ela, que afirma que um dos pré-requisitos para a escolha será a possibilidade de atuar na capacitação de mulheres. “É uma coisa que eu já ia fazer, independentemente de partido, e agora eu vou juntar isso numa questão partidária.”

No final de maio, o TSE autorizou a deputada federal Tabata Amaral (SP) a se desfiliar do PDT, sob a alegação de justa causa, depois de ter votado a favor da reforma da Previdência, em 2019.

Em abril, o TSE concedeu vitória semelhante aos deputados Felipe Rigoni (ES) e Rodrigo Coelho (SC), que ganharam o direito de deixarem o PSB preservando o mandato. Eles também foram enquadrados pela sigla por votarem a favor da reforma da Previdência.

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