Datafolha: Lula amplia vantagem sobre Bolsonaro para 2022 e marca 58% a 31% no 2º turno

Na pesquisa estimulada de primeiro turno, Lula fica à frente com 46%, ante 25% do presidente; Ciro marca 8%

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São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou sua vantagem pelo atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (sem partido), em citações espontâneas registradas pelo Instituto Datafolha.

Lula também lidera nos dois cenários apresentados para o eleitor e em todas as simulações de disputa de segundo turno —naquela em que enfrenta o presidente, ganha por 58% a 31%.

Os achados estão no mais recente levantamento do Datafolha, feito quarta (7) e quinta-feira (8). Nele, 2.074 eleitores foram ouvidos presencialmente pelo Brasil. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O ex-presidente Lula e o atual, Jair Bolsonaro
O ex-presidente Lula e o atual, Jair Bolsonaro - Marlene Bergamo/Folhapress e Adriano Machado/Reuters

Os dados da pesquisa confirmam as avaliações no meio político sobre o duopólio atual entre o petista e o presidente, com espaço exíguo neste momento para um nome da chamada terceira via.

No levantamento anterior do Datafolha, feito em 11 e 12 de maio, Lula tinha 21% na espontânea, Bolsonaro marcava 17% e Ciro Gomes (PDT), 1%. Agora, o petista pula para 26%, o presidente oscila para 19% e o pedetista, para 2%.

Outros candidatos marcam 2%, como em maio, e votam em nulo ou branco 7% (8% antes). O natural índice dos que dizem não saber passou de 49% para 42%.

Nos dois cenários de primeiro turno testados pelo Datafolha, os principais rivais estão na mesma. Lula fica à frente com 46%, ante 25% do presidente. Ciro marca 8% numa e 9%, na segunda. Numa hipótese e noutra, 10% dizem que não votam em ninguém.

Nesse cenário, em votos válidos Lula chega a 52%, o que dentro da margem de erro lhe garantiria a vitória em primeiro turno na eleição.

A diferença fica na conta do PSDB, que num cenário tem João Doria, o governador paulista que confirmou no período que vai disputar as prévias para tentar ser o presidenciável do partido, e noutro, Eduardo Leite, que governa o Rio Grande do Sul e também postula a nomeação.

Com o paulista no primeiro cenário, os tucanos chegam a 5%, enquanto o DEM com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta chega a 4%. Todos embolados tecnicamente entre si e com Ciro.

Já na segunda fotografia, com o gaúcho, o tucano faz 3%, e o ex-ministro, 5% —empatando com o pedetista no limite da margem de erro.

O tabuleiro político se mexeu bastante de maio para cá. Lula seguiu amealhando triunfos jurídicos, vendo anuladas sentenças de Sergio Moro contra si pela suspeição do ex-juiz da Operação Lava Jato, enquanto Bolsonaro desceu mais alguns degraus na crise política de seu governo.

Ao desastre na condução do combate à pandemia da Covid-19, que ultrapassou os 500 mil mortos no período, o presidente viu adicionadas acusações de corrupção em seu governo.

Elas foram evidenciadas pelos trabalhos da CPI da Covid no Sendo e pelo surgimento de casos como a estranha negociação de vacinas por propina denunciada à Folha.

Bolsonaro acabou alvo de inquérito para apurar se prevaricou por não agir contra seu líder na Câmara, Ricardo Barros, apontado como chefe dos esquemas no Ministério da Saúde. Usou termos chulos para falar sobre a CPI.

Ato contínuo, a rua, que já havia protagonizado dois dias de protesto com forte sabor esquerdista e pró-Lula, carimbou em Bolsonaro a pecha de corrupto. Como o mesmo Datafolha aferiu, colou. E ajudou a aumentar ainda mais a reprovação do governo.

Doria, por sua vez, se assumiu postulante à vaga de candidato tucano. Já Leite fez manchetes na semana passada ao se declarar gay, no que foi fustigado por Bolsonaro, notório homofóbico.

Até aqui, isso não se reverteu em voto no conjunto de 4% da amostra do Datafolha que se diz homossexual ou bissexual: os mesmos 3% do público em geral escolhem Leite.

Em favor do gaúcho há o desconhecimento, que o leva a ter a menor rejeição entre todos os especulados no levantamento: 21%. Junto a ele está Mandetta, com 23%, e Ciro surge com 31%.

Doria tem 37% de rejeição, empatado com Lula. Já Bolsonaro tem 59% dos eleitores a dizer que não votam nele de jeito nenhum.

É uma péssima fotografia, que naturalmente diz respeito a este momento, e casa com a reprovação recorde a Bolsonaro apontada na mesma pesquisa —de 51% entre os ouvidos.

Não se sabe ainda o impacto mais imediato das questões de corrupção, do hoje improvável processo de impeachment de Bolsonaro e o eventual alívio que possa vir de uma retomada econômica que atinja empregos e da vacinação contra Covid-19 mais amplas.

É uma cornucópia entregando fatores diversos, o que impede juízos imediatos apesar dos números superlativos desta pesquisa.

Na base lulista do Nordeste, por exemplo, a rejeição a Bolsonaro chega a 70%. Até aqui, as políticas compensatórias do auxílio na pandemia não impactaram positivamente a avalição do presidente, talvez por insuficientes.

O segundo turno traz o presidente, assim, derrotado em todos os cenários se o pleito fosse hoje.

Na disputa Lula contra Bolsonaro, o petista oscilou de 55% para 58% de maio para cá. O presidente, de 32% para 31%. Já Ciro segue à frente do presidente, em estabilidade: o placar deu 50% (era 48%) a 34% (era 36%).

Num raro alento a Doria, que luta para levar a indicação tucana em novembro, ainda que seu entorno creia que isso só será definido em março ou abril, a pesquisa mostra ele ultrapassando Bolsonaro num segundo turno.

Passou de 40% para 46%, ante maio, enquanto o presidente caiu oscilou negativamente no limite da margem, de 39% para 35%.

O dado só é animador para os tucanos por mostrar que Doria pode se mostrar como um candidato viável para ocupar o lugar de Bolsonaro no segundo turno, pela comparação direta com o presidente.

Mas hoje, no embate com Lula no "round" final, perde por 56% a 22%, números estáveis em relação a maio.

Doria enfrenta grande rejeição no Nordeste, por exemplo. Só tem 1% de intenção de votos por lá. E 55% dos eleitores de Bolsonaro, na simulação de primeiro turno que inclui o tucano, dizem que nunca votariam nele —ambos disputam uma luta encarniçada acerca do manejo da pandemia.

Os pontos fortes dos dois principais candidatos hoje são semelhantes nas duas simulações.

Usando o cenário com Doria como referência, Lula tem sua fortaleza entre os nordestinos (64% de intenção de voto), mais pobres (57%, num grupo que soma iguais 57% da amostra total do Datafolha) e menos instruídos (56%).

Já Bolsonaro vai melhor entre os mais ricos. Ele vence Lula por 41% a 21% no grupo que ganha de 5 a 10 salários mínimos e por 36% a 22%, na faixa imediatamente superior.

Ele consegue empate com o ex-presidente entre evangélicos, sua base de apoio usual, no primeiro turno (38% para o presidente, 37% para o ex) e no segundo (46% a 45%, respectivamente).

Como já é conhecido, empresários dão vantagem enorme a Bolsonaro. No grupo, que soma só 2% da amostra, o presidente ganha do petista por 52% a 25%, no primeiro turno.

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