São falsos os conteúdos que circulam no WhatsApp e nas redes sociais questionando a segurança das urnas eletrônicas por conta de um ataque hacker ao sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2018.
A invasão realmente ocorreu, como afirma um dos conteúdos, e o hacker teve acesso ao código-fonte —inclusive esse dado foi dito por Jair Bolsonaro (sem partido) em entrevista à Jovem Pan para dizer que a eleição de 2018 poderia ter sido fraudada—, mas, diferentemente do que afirmou o presidente ou o que levam a crer os conteúdos virais, isso não significa que houve fraude no pleito.
À Folha, o TSE enviou uma nota em que declara que "o acesso indevido, objeto de investigação, não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018" porque "o código-fonte dos programas utilizados passa por sucessivas verificações e testes, aptos a identificar qualquer alteração ou manipulação".
O órgão acrescentou ainda que "o código-fonte é acessível, a todo o tempo, aos partidos políticos, à OAB, à Polícia Federal e a outras entidades que participam do processo" e que "uma vez assinado digitalmente e lacrado, não existe a possibilidade de adulteração; o programa simplesmente não roda se vier a ser modificado".
Quase no final de 16 pontos de um dos conteúdos que viralizaram, no 15º, o texto falso afirma que o sistema eleitoral brasileiro "é baseado em urnas eletrônicas ultrapassadas de primeira geração", o que também não é verdade. Sobre isso, o TSE explica que o sistema de votação eletrônico, utilizado no Brasil desde 1996, passa por "aprimoramentos constantes, que acompanham o desenvolvimento científico nas áreas de segurança de sistemas e de sistemas embarcados".
Outro conteúdo que está viralizando traz a foto de Rogério Galloro, atual assessor especial da presidência do Supremo Tribunal Federal. Na época da invasão hacker de 2018, ele era diretor-geral da Polícia Federal e, segundo o conteúdo falso, "tinha por obrigação investigar tudo", mas "não fez nada quando recebeu a notícia de crime de invasão".
Também não é verdade. O caso foi investigado pela PF e o nome de Galloro aparece quatro vezes em trocas de mensagens no inquérito aberto pela PF para apurar a invasão. O inquérito foi pedido pela ministra Rosa Weber, então presidente do TSE, diretamente a Galloro, e instaurado pelo delegado Victor Neves Feitosa Campos.
O texto ainda engana ao afirmar que Galloro "foi o delegado do caso Adélio", referindo-se a Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro em 2018. Como já citado, Galloro era diretor-geral da PF na época —o delegado que assina os inquéritos sobre o caso é Rodrigo Morais Fernandes; vale ressaltar que as investigações concluíram que Adélio agiu sozinho.
Ambos os conteúdos seguem a linha de Bolsonaro, que, desde antes de ser eleito, critica as urnas eletrônicas. No início do mês, ele teve uma derrota após a Câmara dos Deputados não aprovar a PEC do voto impresso e, mesmo assim, continuou atacando a Justiça Eleitoral.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.