De olho em 2022, Alckmin afirma que deve sair do PSDB e prevê definição nas próximas semanas

Ex-governador quer disputar o Governo de São Paulo, mas teve o caminho no PSDB interditado por Doria e Garcia

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São Paulo

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu pela primeira vez, nesta terça-feira (9), que deve deixar seu partido e se filiar a outra sigla para concorrer ao governo do estado em 2022.

"Eu devo realmente sair, e a definição deve ocorrer nas próximas semanas", afirmou Alckmin durante um evento em Santos. A declaração foi dada à TV Tribuna, afiliada da Rede Globo. O destino do ex-governador atualmente tende a ser o DEM ou o PSD.

Alckmin, que já governou São Paulo por quatro mandatos e quer voltar ao Palácio dos Bandeirantes, viu seu caminho eleitoral interditado no PSDB pelo atual vice-governador paulista, Rodrigo Garcia (PSDB).

Garcia foi lançado pelo governador João Doria (PSDB) para disputar sua sucessão em 2022. Como mostrou a Folha, o vice intensificou suas viagens pelo estado e sua presença nas redes sociais num movimento eleitoral.

Já Doria mira concorrer à Presidência da República e, para isso, irá disputar prévias tucanas. Em maio, o governador pressionou pela saída de Garcia do DEM e filiação ao PSDB —na intenção de minar a concorrência de Alckmin.

Depois de ter o pior resultado eleitoral do PSDB em eleições presidenciais, marcando menos de 5% em 2018, Alckmin se afastou de Doria, de quem foi padrinho político. A relação entre os tucanos sofreu mais um abalo com a insistência do governador de que Alckmin disputasse um cargo ao Congresso em 2022, algo que ele rejeita.

Ao ex-governador sobraram as opções de disputar prévias contra Garcia ou buscar um novo partido, o que ele sinalizou nesta terça. Aliados de Alckmin apontam que a saída dele do PSDB é dolorosa, uma vez que foi um dos fundadores do partido.

No último dia 19, a executiva estadual do PSDB, comandada pelo aliado e secretário de Doria, Marco Vinholi, formalizou em reunião a decisão de fazer prévias paulistas —nas mesmas datas e com as mesmas regras das prévias nacionais.

Apesar de ter pregado a eleição direta nacionalmente, Vinholi acabou decidindo que as prévias paulistas seguirão as mesmas regras de grupos, em que filiados representam 25% da votação e políticos, 75%. Para aliados de Alckmin, trata-se de uma incoerência com a finalidade de beneficiar Garcia na votação interna.

Na reunião da executiva estadual, tucanos próximos ao ex-governador tentaram pleitear regras que consideram mais justas, como a eleição direta de filiados e a data separada da prévia nacional, mas foram derrotados.

Foi a pá de cal nas chances de Alckmin aceitar prévias. Da forma em que foram desenhadas, o ex-governador considera a disputa desigual e contaminada pela máquina partidária e de governo. Com isso, a discussão sobre deixar o PSDB avançou.

A saída de Alckmin já era esperada por seus aliados mais próximos —ao mesmo tempo em que era colocada em dúvida pelo entorno de Doria.

Ao deixar o PSDB, Alckmin deve buscar uma aliança com Márcio França (PSB), que já foi seu vice-governador, também é pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes e é adversário político de Doria.

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