Moraes aceita compartilhar dados de inquérito das fake news, dizem senadores da CPI

Parlamentares fizeram visita de apoio ao ministro, alvo de pedido de impeachment feito por Bolsonaro

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Brasília

O presidente e o vice-presidente da CPI da Covid, senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disseram nesta terça-feira (24) que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), aceitou compartilhar informações do inquérito das fake news com o colegiado.

A afirmação foi feita logo após uma reunião de senadores com o ministro, alvo de pedido de impeachment feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O encontro foi no gabinete de Moraes, no Supremo. De acordo com os senadores, foi uma vista de cortesia e apoio ao ministro.

Segundo Aziz, o inquérito irá ajudar a comissão que apura ações e omissões do governo federal no enfrentamento da Covid-19. Isso porque, segundo ele, já há uma investigação mais aprofundada sobre as fake news, que conseguirá subsidiar o relatório final.

Reunião de senadores com o ministro Alexandre de Moraes no STF; os parlamentares pediram o compartilhamento do inquérito das fake news com a CPI da Covid
Reunião de senadores com o ministro Alexandre de Moraes no STF; os parlamentares pediram o compartilhamento do inquérito das fake news com a CPI da Covid - Ariel Costa/AI Omar Aziz

Aziz voltou a criticar a condução da crise sanitária. Na sua visão, isso piorou a situação do país.

"Tudo que se trata de fake news em relação à propagação de medicamentos e que contribuiu com a morte de brasileiros é de responsabilidade da CPI", disse Aziz.

"Queremos esse compartilhamento porque é o mesmo núcleo que pede o fechamento do Supremo, núcleo negacionista que defende imunização de rebanho, medicamentos sem comprovação científica", afirmou.

Randolfe acrescentou que os senadores também foram se solidarizar sobre o pedido de impeachment protocolado pelo Bolsonaro contra Moraes.

“O pedido de impeachment deve ser imediatamente arquivado por ser totalmente impertinente, o Brasil tem outras prioridades. Viemos manifestar solidariedade a ele, ao STF, ao princípio constitucional da separação dos poderes e a democracia brasileira.”

O ministro decidiu no dia 4 de agosto incluir Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news em tramitação na corte.

A decisão ocorre após o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, ter enviado notícia-crime ao Supremo contra o chefe do Executivo para que a conduta dele seja investigada por causa de uma live com profusão de mentiras sobre o sistema eletrônico de votação.

Moraes determinou que a Polícia Federal colha depoimento dos envolvidos na transmissão, entre eles o ministro da Justiça, Anderson Torres.

Bolsonaro, por sua vez, disse que o inquérito de Moraes é uma tentativa de intimidá-lo.

Bolsonaro tem feito duros ataques a Barroso. O presidente do TSE tomou as medidas mais contundentes contra o presidente da República no dia 2 de agosto. Por unanimidade, a corte eleitoral decidiu abrir um inquérito para investigar Bolsonaro pelas acusações sem provas de fraude nas urnas e também encaminhou a notícia-crime ao STF.

No dia 20 de agosto, Bolsonaro entrou com um pedido de impeachment contra Moraes. Além da destituição do cargo, Bolsonaro pede o afastamento do ministro de funções públicas por oito anos.

A formalização ocorre no dia em que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do cantor Sérgio Reis e do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), aliados do presidente. As medidas foram solicitadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e autorizadas por Moraes.

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