Descrição de chapéu ameaça autoritária

Em alusão a Bolsonaro, CNBB pede que brasileiro 'não se deixe convencer por quem agride' Legislativo e Judiciário

Após retórica golpista de Bolsonaro às vésperas do 7 de Setembro, presidente de entidade católica diz que existência de 3 Poderes barra totalitarismo

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Brasília

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Walmor Oliveira de Azevedo, divulgou​ um vídeo nesta sexta-feira (3), às vésperas dos atos bolsonaristas de 7 de Setembro, no qual pede ao brasileiro que "não se deixe convencer por quem agride os Poderes Legislativo e Judiciário".

"A participação cidadã na política, reivindicando direitos com liberdade, está diretamente relacionada com o fortalecimento das instituições que sustentam a democracia. Por isso, não se deixe convencer por quem agride os Poderes Legislativo e o Judiciário. A existência de três Poderes impede o totalitarismo, fortalecendo a liberdade de cada pessoa", afirmou Azevedo, que também é o arcebispo de Belo Horizonte.

Ele também pediu para que os fiéis não aceitem “agressões às instituições que sustentam a democracia”.

Sem citar nomes, ele criticou àqueles que “dedicam-se a agressões, ofensas, chegando ao absurdo de defender o armamento da população”. Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro ironizou quem se opõe à disseminação das armas e sugeriu que a população comprasse fuzis.

“Ora, quem se diz cristão ou cristã deve ser agente da paz, e a paz não se constrói com armas”, completou o bispo no vídeo.

A mensagem do líder católico se dá em meio à tensão em relação às manifestações marcadas para o Dia da Independência. Bolsonaro tem escalado as ameaças golpistas.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo é arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB
Dom Walmor Oliveira de Azevedo é arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB - Divulgação

Nesta sexta, o presidente afirmou, na Bahia, que os atos de 7 de Setembro servirão como um ultimato a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O chefe do Executivo disse que não faz críticas a instituições ou Poderes, mas sim críticas pontuais a pessoas. Os ataques são a Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, este último também presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Nós não criticamos instituições ou Poderes. Somos pontuais. Não podemos admitir que uma ou duas pessoas que usando da força do poder queiram dar novo rumo ao nosso país."

De acordo com o presidente da CNBB, o povo brasileiro não deve aceitar agressões aos pilares da democracia. Azevedo criticou o uso de expressões como agredir, eliminar, hostilizar, ignorar ou excluir.

"Respeite a vida e a de seu semelhante", afirmou. "A intolerância nos distância da justiça e da paz e afasta-nos de Deus. Somos todos irmãos. No Dia da Pátria, 7 de Setembro, rezemos para que o Brasil encontre um caminho para superar as suas crises. Rezemos também pelas vítimas da Covid-19", disse Azevedo.

Em outro trecho, o bispo defende os indígenas e faz críticas aos defensores do marco temporal, em julgamento no STF.

“Os povos indígenas, historicamente perseguidos, dizimados, enfrentam grave ameaça: a pressão de um poder econômico extrativista, ganancioso, que tudo faz para exaurir nossos recursos naturais. Esse poder tenta manipular instâncias de decisão, alterar marcos legais para avançar sobre terras indígenas dizimando a natureza dos povos originários”, afirmou.

Na próxima semana, o Supremo vai retomar a análise da ação que discute se os indígenas só têm direito à terra que ocupam antes da promulgação da Constituição, em 5 de setembro de 1988. A tese é defendida por ruralistas, pelo presidente Jair Bolsonaro e pela bancada do agronegócio no Congresso.

Azevedo ainda comentou sobre o desemprego e a inflação e pediu que a população olhe para aqueles que passam fome.

“Não podemos ficar indiferentes à essa realidade que mistura o desemprego e a alta inflação, acentuando gravemente exclusões sociais. São urgentes políticas públicas para a retomada da economia e a inclusão dos mais pobres no mercado de trabalho", defendeu.

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