Descrição de chapéu datafolha ameaça autoritária

Datafolha: 2 em 3 brasileiros dizem que manifestações bolsonaristas ameaçam democracia

Maioria vê ameaça em atos que pedem fechamento de Congresso e STF; risco percebido é maior sobre fake news

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São Paulo

Dois terços da população dizem considerar que as manifestações bolsonaristas pedindo o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso ameaçam a democracia, de acordo com pesquisa Datafolha.

Segundo o levantamento do instituto, 66% afirmam que manifestações nas ruas com estas pautas ameaçam a democracia, enquanto 31% responderam que elas não ameaçam e 3% disseram não saber.

Os resultados foram muito semelhantes quanto a manifestações nas redes sociais que peçam o fechamento dos dois Poderes: para 65%, elas ameaçam a democracia.

Já a divulgação de notícias falsas envolvendo políticos e ministros do STF é vista como problemática por uma parcela maior da população. Para 77% dos entrevistados, o fenômeno é uma ameaça à democracia, enquanto 19% disseram que não ameaçam e 3% disseram não saber.

O Datafolha ouviu presencialmente 3.667 pessoas em todo o Brasil de segunda-feira (13) até a quarta-feira (15). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Na pesquisa de junho de 2020, 68% responderam que manifestações nas ruas pedindo o fechamento do STF e do Congresso eram uma ameaça à democracia. Em comparação com o valor atual de 66%, houve uma variação dentro da margem de erro.

O mesmo ocorreu em relação às manifestações nas redes sociais, cujo percentual era de 66% e agora foi de 65%. Quanto aos entrevistados que disseram ver nas notícias falsas contra ministros e políticos uma ameaça, o total passou de 81% para 77%.

O levantamento atual foi realizado praticamente uma semana após os atos bolsonaristas do 7 de Setembro, de raiz golpista e autoritária.

Em discurso na avenida Paulista em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que não mais cumpriria decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e o chamou de “canalha”.

Um dos alvos principais de Bolsonaro e dos manifestantes, Moraes é responsável por diferentes investigações na corte envolvendo tanto o presidente como seus aliados e familiares. Entre elas está o inquérito das fake news, alvo de críticas desde sua instauração.

Assim como em outras manifestações bolsonaristas, em diversas cidades do país, cartazes com pautas antidemocráticas, como a defesa de uma intervenção militar e a destituição de ministros do STF, foram empunhados por apoiadores do presidente.

Já na ocasião da pesquisa de junho de 2020, fazia menos de duas semanas que o acampamento do chamado movimento "Os 300 do Brasil", grupo armado de extrema direita, tinha sido desmontado em Brasília e que um grupo lançou fogos de artifício contra o prédio do STF.

No levantamento mais recente, empresários e aqueles que ganham mais de 10 salários mínimos foram dos poucos segmentos em que a minoria considera que há risco à democracia tanto em atos de rua quanto em manifestações nas redes sociais pedindo o fechamento dos Poderes Legislativo e Judiciário.

Já em relação às notícias falsas contra ministros e políticos, os dois grupos veem ameaça: 60% dos empresários e 74% dos que ganham mais de 10 salários.


​Também entre aqueles que avaliam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom houve uma percepção maior de ameaça nas fake news (69%) do que nos atos de rua (40%) ou em redes sociais (43%) pedindo o fechamento das duas instituições.​

Por outro lado, 79% daqueles que avaliam o governo como ruim ou péssimo veem ameaças nos atos de rua, assim, como 72% dos que ganham até 2 salários mínimos.

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