O que Alcolumbre está fazendo não se faz, diz Bolsonaro ao cobrar sabatina de Mendonça ao STF

Presidente cita apoio que já deu a senador para cobrar avanço em indicação feita para vaga de ministro da corte

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Rio de Janeiro e Guarujá (SP)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou neste domingo (10) o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) por ainda não ter pautado a sabatina no Senado do ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal).

"Quem não está permitindo a sabatina é o Davi Alcolumbre (...) Teve tudo o que foi possível durante os dois anos comigo e de repente ele não quer o André Mendonça. Quem pode não querer é o plenário do Senado, não é ele. Ele pode votar contra, agora o que ele está fazendo não se faz. A indicação é minha", disse Bolsonaro durante entrevista em Guarujá (SP), onde está passando o feriado prolongado.

"Se ele quer indicar alguém para o Supremo, ele pode indicar dois. Ele se candidata a presidente ano que vem e no primeiro semestre de 2023 tem duas vagas para o Supremo", continou.

O presidente Jair Bolsonaro ao falar com apoiadores em Guarujá (SP)
O presidente Jair Bolsonaro ao falar com apoiadores em Guarujá (SP) - Reprodução / Jair Bolsonaro no facebook )

Bolsonaro indicou Mendonça para substituir o ex-ministro Marco Aurélio Mello em 13 de julho, mas Alcolumbre, presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), ainda não pautou a sabatina, trâmite obrigatório para a nomeação.

A indicação de um ministro do STF ligado à bancada evangélica é uma demanda de líderes de grupos religiosos, que têm cobrado tanto o governo como o Senado pelo desbloqueio da análise do nome de Mendonça.

Agora, como mostrou a Folha, o centrão quer indicar um novo nome para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal, abrindo uma crise entre o governo de Jair Bolsonaro e líderes evangélicos. Mendonça tem apoio firme entre alguns dos principais líderes do segmento, e a movimentação do centrão fez explodir a insatisfação.

Uma articulação dos principais ministros do grupo que comanda a Câmara dos Deputados busca viabilizar o nome de Alexandre Cordeiro de Macedo, o presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Macedo teve sua indicação defendida por Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Fábio Faria (Comunicações), e o tema foi debatido em dois jantares ocorridos na semana passada em Brasília.

Bolsonaro está hospedado no Forte dos Andradas, em Guarujá, para passar o feriado de Nossa Senhora Aparecida. Neste domingo, ele saiu do local para passear na Praia Grande e reclamou a apoiadores sobre a impossibilidade de ir ao estádio para ver um jogo do Santos por não ter o passaporte da vacina contra a Covid.

O presidente também voltou a falar sobre o veto à distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa e renda em mulheres em situação de vulnerabilidade, como moradoras de rua e presidiárias.

"Está uma onda terrível. O malvadão do Bolsonaro vetou o projeto do absorvente. A deputada autora do projeto [pessoas ao redor do presidente, como o deputado Helio Lopes (PSL-RJ), sussurram o nome da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP)] sabe que quando se apresenta um projeto que tem despesa, tem que apresentar a fonte de custeio. Se eu sancionar, eu estou em crime de responsabilidade", disse.

O projeto determinava que as ações previstas para distribuição dos absorventes entrariam nas contas de dotações orçamentárias do SUS (Sistema Único de Saúde) para atenção primária.

Bolsonaro também afirmou que o custo do projeto é muito superior a R$ 100 milhões e que, se o Congresso derrubar seu veto, terá que "tirar dinheiro da saúde e da educação" para custear a ação.

"Não é a cegonha que vai levar o modess [absorvente], alguém tem que levar, há uma logística para isso. (...) Se o Congresso derrubar o veto, eu vou tirar dinheiro da saúde e da educação, vou ter que tirar de algum lugar", disse.

Bolsonaro sugeriu, ainda, que Tabata utilizasse a verba de gabinete para custear o projeto. "A Tabata, já que é mulher, pega a verba de gabinete e compra. Sei que não pode isso, mas arranja uma maneira de atender a população mais necessitada."

Ainda que o presidente tenha citado Tabata Amaral, a deputada não figura entre os autores do projeto de distribuição de absorventes vetado por ele. O projeto é assinado pela deputada Marília Arraes (PT-PE) e por outros 34 parlamentares.

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