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Datafolha: Sem Alckmin, esquerda é quem mais se beneficia em SP

Pesquisa deve reforçar movimento de PT e PSB para que ex-tucano se alie a ex-presidente

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São Paulo

A pesquisa Datafolha mostra que, de um jeito ou de outro, o ex-governador Geraldo Alckmin, recém-saído do PSDB, tornou-se o maior protagonista da corrida estadual em São Paulo.

A maneira mais óbvia pela qual isso ocorre é sua liderança no cenário em que aparece como candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

O ex-governador Geraldo Alckmin durante gravação de reality show criado por seu ex-vice, Márcio França - Eduardo Knapp/Folhapress

Com 28% das intenções de voto, oscilação positiva de dois pontos percentuais com relação ao levantamento anterior, ele tem uma folga razoável, de nove pontos percentuais, sobre o segundo colocado, Fernando Haddad (PT).

As indicações iniciais são de que o ex-governador é quem se posiciona com mais força no eleitorado cativo dos tucanos no estado, mesmo tendo deixado o partido num processo atribulado.

O candidato oficial do PSDB, Rodrigo Garcia, chega a no máximo 8%, embora a comparação com Alckmin seja imperfeita, dado que não foi simulado cenário com a presença do ex-governador e do atual vice.

Além disso, embora o índice de rejeição do ex-governador, de 35%, não seja pequeno, está longe de ser proibitivo para uma vitória em segundo turno. É o mesmo patamar, estatisticamente, que o de Haddad, com 34% de rejeição.

Tudo isso indica que Alckmin, pelo menos nesse ponto da corrida eleitoral, é nome competitivo no estado, ainda que sem contar com a máquina que teve em vitórias passadas.

Nas últimas semanas, no entanto, Alckmin passou a ser protagonista da disputa paulista de uma segunda maneira, o que a pesquisa do Datafolha apenas reforça.

Ele negocia, como revelado pela colunista Mônica Bergamo, da Folha, com o PT para ser vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. O que começou com pinta de balão de ensaio ganhou rapidamente ares de concretude.

O levantamento mostra que, sem Alckmin na disputa estadual, quem se beneficia mais são os candidatos de esquerda.

Isso deve impulsionar na esquerda a negociação para que o ex-governador se alie a Lula, suavizando a rejeição que alguns setores mantêm à junção dos dois antigos adversários do segundo turno presidencial de 2006.

Sem Alckmin, Haddad pula de 19% para 28% das intenções de voto. Márcio França (PSB), ex-vice do ex-tucano, sobe de 13% para 19% em um cenário e 28% em outro. Até Guilherme Boulos (PSOL) se beneficia, passando de 10% para até 18%.

Uma das revelações da pesquisa ilustra bem o impacto da saída de Alckmin da disputa. Sem sua presença, 30% dos que votariam nele para governador optam por Haddad, e 19% por França. Garcia aparece em terceiro lugar, herdando 13% do apoio deste grupo.

Até certo ponto, o desempenho morno de Garcia é algo esperado neste momento. O vice-governador é ainda pouco conhecido do eleitorado e vive à sombra de Doria. Certamente isso mudará a partir de abril de 2022, quando ele herdará o governo com a renúncia de Doria para disputar a Presidência.

Com a máquina administrativa na mão e dinheiro de um pacote de obras que chega a R$ 50 bilhões, Garcia tende a obter índices melhores nas pesquisas. Isso, claro, se não for prejudicado pela associação com Doria, caso a campanha presidencial do atual governador permaneça atolada em patamares de um dígito.

À direita, o cenário também não é muito animador neste momento, mas há sinais de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao menos terá condições de contar com um palanque minimamente digno no maior estado do país.

Seu ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas (sem partido), conseguiu índices que variam de 5% a até 9% a depender do cenário, mesmo nunca tendo disputado uma eleição e nem ter qualquer relação política ou pessoal com o estado. Não é um patamar desprezível, e que permite ao menos sonhar com uma candidatura que não seja nanica.

Já a direita não-bolsonarista ainda aparece sem espaço, com Arthur do Val (Patriota) marcando no máximo 3% e Vinicius Poit (Novo) com 1%.

Após um segundo semestre movimentado no cenário estadual, a perspectiva é de que esse cenário fique mais ou menos congelado pelos próximos três meses, que é o período que o próprio Alckmin estima para tomar sua decisão de sair para o governo ou abraçar Lula na disputa presencial.

Dos cafezinhos do ex-governador nas padarias do estado sairá o rumo que a eleição estadual terá em 2022.

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