Datena critica chapa Lula-Alckmin e fecha acordo para apoiar Doria e Rodrigo Garcia

Apresentador deve disputar o Senado, mas não descarta ser vice de um dos tucanos em 2022

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Nova York

Em mais uma reviravolta na corrida eleitoral de 2022, o apresentador José Luiz Datena irá apoiar os tucanos João Doria para a Presidência e Rodrigo Garcia, para o Governo de São Paulo.

"Fui convidado e aceitei participar da chapa deles, disputando um cargo majoritário", afirmou ele, que estava de malas prontas do PSL para o PSD de Gilberto Kassab para disputar o Senado por São Paulo.

Datena durante a campanha eleitoral de 2018 com o então candidato a governador Doria
Datena durante a campanha eleitoral de 2018 com o então candidato a governador Doria - Reprodução/Facebook - 28.jun.2018

Em princípio, ele deve buscar a mesma vaga, mas outras opções não estão descartadas. Questionado se ele poderia ser vice de um dos tucanos, Datena disse: "Estou preparado. Se eles não arrumarem ninguém melhor, por que não?".


​Já o partido pelo qual ele vai concorrer é uma incógnita até aqui. "Vai depender da coligação, mas pode ser o próprio PSDB", disse Datena. Em 2018, ele chegou a ser anunciado como pré-candidato do DEM ao Senado na chapa de Doria ao governo paulista, mas desistiu.

Doria disse que, "diferentemente de 2018", ele acredita que Datena irá até o fim na campanha. O tucano afirma que não há ainda uma definição acerca da posição dele na chapa.

Em seu programa na TV Bandeirantes, o apresentador é crítico contumaz do governo paulista. "Isso mostra um desprendimento do Doria e do Garcia. Eles sabem que eu posso agregar, posso ajudar a corrigir alguma coisa. Acredito que você possa mudar o sistema por dentro", disse.

A decisão é um revés para Kassab, e mais um efeito colateral do balé envolvendo o nome do ex-governador Geraldo Alckmin, que já anunciou sua saída do PSDB.

Alckmin quer disputar o governo paulista, provavelmente pelo PSD, mas aceitou o namoro proposto pelo PT e pelo PSB para discutir ser vice de Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa do ex-presidente de voltar ao Planalto.

​​Isso desagradou a vários aliados, como a Folha mostrou. "Eu acho que essa indefinição está fazendo muito mal para o Alckmin. Pesou 100% na minha decisão [de apoiar Doria e Garcia]", disse o apresentador, por telefone.


​Para ele, Lula "não se desgastou nada com essa ideia, ao contrário do Alckmin".

O ex-governador viu sua pretensão de tentar voltar ao Palácio dos Bandeirantes barrada pelo atual ocupante do cargo, Doria, que cumpriu o acordo eleitoral de 2018 de lançar o seu vice Garcia à sua sucessão.

O caminho foi acidentado. Garcia era do DEM, partido que Doria queria ver a seu lado em 2022, mas a desagregação da sigla depois que o grupo de Rodrigo Maia (RJ) perdeu o controle da Câmara para o centrão em janeiro o levou a se filiar ao PSDB.

Com isso, ele virou o candidato natural no tucanato, apesar da pressão de aliados de Alckmin. Garcia já teve o nome homologado, após se inscrever sozinho para as prévias do partido no estado.

Com o caminho obstruído, restava a Alckmin ver Doria derrotado na disputa interna com o governador Eduardo Leite (RS) pela indicação à vaga de presidenciável tucano. O paulista venceu as prévias no sábado (27), por 54% a 45%.

No meio tempo, o ex-governador aceitou a corte feita pelo PT e pelo PSB, que lançaram o balão de ensaio de que ele seria um vice ideal na chapa com seu adversário histórico Lula.

Isso alienou parte de sua base política em São Paulo, francamente antipetista, que esperava um "não" peremptório de Alckmin. Kassab esperava ver o ex-governador filiado a seu partido numa chapa com Datena para o Senado.

Aliados de Kassab lançaram a ideia de que Datena poderia ser o candidato a governador também, mas ele não topou.

O apresentador sempre foi próximo de Doria. Agora, dá um empurrão enorme na candidatura de Garcia, que é pouco conhecido. Popular, ajuda também o governador em sua busca de ser o nome da chamada terceira via para desalojar Jair Bolsonaro do segundo turno presumido contra Lula em 2022.

Até aqui, o principal rival de Doria nessa tentativa é o ex-juiz Sergio Moro, que filiou-se ao Podemos e tem se movimentado como candidato.

No caso paulista, resta saber se Garcia vai enfrentar ou não Alckmin. PT e PSB querem ver a pista livre para seus eventuais candidatos no estado —hoje, o ex-prefeito Fernando Haddad e o ex-governador Márcio França, respectivamente.

A esta altura, as pesquisas colocam Haddad como líder na contenda pelo Bandeirantes, mas historicamente o eleitorado paulista tende ao conservadorismo local —mesmo no auge da popularidade de Lula na Presidência, o partido nunca chegou ao governo estadual.

Assim, observadores da política paulista apostam que o nome da centro-direita que chegar ao segundo turno tem mais chances de vencer.

Se Datena não disputar o Senado, a briga pela vaga ficará bastante difusa no campo da centro-direita.

O senador José Serra (PSDB) já disse que quer concorrer à reeleição, mas seu estado de saúde inspira cuidados e Doria já sugeriu que ele poderia ter uma eleição mais tranquila à Câmara dos Deputados.

Serra está licenciado. Seu suplente, José Aníbal (PSDB), apoiou Leite contra Doria e não terá apoio da ala majoritária do partido em sua busca pela legenda. O presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, já disse que quer entrar na disputa.

O jornalista Igor Gielow viaja a convite da InvestSP

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