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Senador escolhido ao TCU terá cargo vitalício, salário de R$ 37 mil e poder político

Kátia Abreu (PP), Antonio Anastasia (PSD) e o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB), disputam a vaga na corte

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São Paulo e Brasília

O Senado previa para a noite desta terça-feira (14) a análise das indicações para a vaga de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) aberta com a saída antecipada de Raimundo Carreiro. O cargo tem sido alvo de grande disputa entre senadores já que proporciona salário alto, estabilidade e poder político.

Os nove ministros que compõem a corte têm cargo vitalício e só se aposentam compulsoriamente aos 75 anos. O salário também é bem atrativo. Os integrantes do tribunal ganham uma remuneração bruta de R$ 37.328,65,​ mais uma série de benefícios.

Politicamente, a corte tem relevância por atuar como fiscal do Poder Executivo. Cabe ao TCU julgar as contas do governo federal, realizar inspeções e auditorias de repasse de verbas, por exemplo.

Estão no páreo a senadora Kátia Abreu (PP-TO), o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). ​

Montagem com os candidatos à vaga de ministro do TCU, Kátia Abreu (PP-TO), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Antonio Anastasia (PSD-MG)
Montagem com os candidatos do Senado à vaga de ministro do TCU, Kátia Abreu (PP-TO), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Antonio Anastasia (PSD-MG) - Divulgação

A vaga na corte foi aberta após o plenário do Senado ter aprovado, no dia 30 de novembro, a indicação de Raimundo Carreiro para o cargo de embaixador do Brasil em Portugal. Foram 65 votos favoráveis, 5 votos contrários e 1 abstenção.

Antes da aprovação, Carreiro já havia passado por sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Carreiro oficialmente só iria se aposentar em 2023, portanto não haveria a necessidade de o Senado escolher agora o seu sucessor. No entanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu indicá-lo ao posto em Lisboa.

Com a previsão de saída de Carreiro da vaga que ocupa no TCU, senadores com força política no Congresso se colocaram em lados opostos e agora disputam o cargo.

Como não há uma regra formal, as indicações que pertencem ao Senado para a vaga no tribunal vinham sendo decididas por acordo e consenso, com a sessão de escolha se configurando apenas como um rito formal.

Entretanto não há um acordo entre os parlamentares para a atual disputa, a ser decidida com a votação.

Disputa pela vaga do TCU em guerra gastronômica, e Kátia Abreu, inicialmente favorita, tentou conseguir votos com doces de Pelotas (RS). - Jefferson Rudy-10.dez.21/ Agência Senado

Na mais ferrenha briga entre senadores por uma vaga no TCU dos últimos 13 anos, até suplentes entraram em jogo para tentar virar votos às vésperas da sessão que elegerá o próximo ministro da corte.

Como mostrou a Folha, o embate está acirrado e se intensificou na reta final, com acusações de "golpe baixo" entre os candidatos.

Para os suplentes, a nomeação de um dos senadores significa a oportunidade de eles assumirem uma vaga no Senado.

No caso de Kátia Abreu, os dois suplentes, um do PT e outro evangélico, apoiador de Bolsonaro, têm enviado mensagens e ligado para parlamentares pedindo apoio.

Em outra frente, o líder da Igreja Quadrangular, Bispo Guaracy Batista da Silveira (PSL-TO), segundo suplente de Kátia, disparou mensagens a senadores nos últimos três dias também em busca de respaldo.

Em outra raia, Anastasia tem contado com a articulação do diretor de Assuntos Técnicos e Jurídicos da Presidência do Senado, Alexandre Silveira, seu primeiro suplente. Anastasia é o candidato do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de quem Silveira é próximo.

Presidente do PSD de Minas, o diretor do Senado já foi deputado federal por dois mandatos e tem atuado nas costuras de bastidor da candidatura do senador mineiro.

Nos últimos dias, ganhou força o nome de Bezerra. Nos bastidores muitos parlamentares falam no "efeito Mendonça", em referência à vitória da indicação do ex-ministro André Mendonça para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), que mostrou a força do governo na Casa em uma difícil disputa.

Nomes influentes no Senado também apontam que a ascensão de Bezerra está relacionada com a liberação de emendas em troca de votos.

Embora ressaltem que Bolsonaro se manteve neutro na disputa, o representante do presidente no Senado tem acesso direto a ministérios. Bezerra negou veementemente por meio de sua assessoria de imprensa que esteja negociando emendas para obter apoio.

Senadores aliados dos três candidatos tentaram até o último minuto construir um acordo para evitar a disputa nesta terça.

A ideia seria buscar cargos com mandato a serem assumidos pelos senadores para se retirarem da disputa. Os três candidatos terminam o mandato em janeiro de 2023 e, segundo aliados, têm o receio de não serem reeleitos no ano que vem.

A votação promete ser apertada. Os aliados de cada candidato têm propagado placares muito distintos.

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