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General Fernando Azevedo, ex-ministro de Bolsonaro, desiste de direção do TSE

Militar alegou questões pessoais de saúde e familiares para recusar convite da Justiça Eleitoral

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Brasília

O general do Exército Fernando Azevedo, ex-ministro da Defesa do governo Jair Bolsonaro (PL), desistiu de assumir a Diretoria-Geral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

De acordo com o tribunal, Azevedo comunicou a decisão aos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes sob a alegação de "questões pessoais de saúde e familiares".

O general Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro - Evaristo Sá - 29.mar.2021/AFP

Os dois magistrados assumem, respectivamente, os postos de presidente e vice da corte eleitoral no final deste mês. A partir de agosto, a presidência ficará a cargo de Moraes.

O militar da reserva conversou pessoalmente com os ministros e explicou a eles que exames médicos realizados recentemente indicaram a necessidade de cuidados especiais com a saúde.

Rui Moreira, atualmente à frente da direção-geral do TSE, aceitou convite de Fachin para prosseguir no posto durante a próxima gestão. ​

Nesta quarta, o tribunal divulgou as respostas para uma série de perguntas formuladas pelas Forças Armadas sobre a segurança das urnas. O material reforça a defesa que a corte vem fazendo nos últimos meses sobre a segurança do sistema eleitoral.

A escolha de Azevedo para a função, encarregada de tocar questões administrativas do tribunal, foi apontada como parte dessa estratégia e era vista como possível constrangimento para Bolsonaro. Está subordinada ao cargo de diretor-geral a área de tecnologia, responsável pelas urnas eletrônicas e softwares utilizados nas eleições.

Nos últimos meses, Bolsonaro protagonizou um embate com integrantes do TSE, principalmente Barroso, ao levantar, sem provas, suspeitas sobre a confiabilidade do sistema eleitoral.

Como mostrou a Folha, Azevedo vinha participando de reuniões de transição no TSE, atualmente comandado pelo ministro Luís Roberto Barroso.

O general emitiu sinais de que a indicação a um cargo na corte, diretamente relacionado à realização das eleições, poderia ajudar a neutralizar eventuais contestações ao resultado das urnas.

Ele disse ter aceitado o cargo por se tratar de uma instituição de Estado. "Como ministro da Defesa, eu representava as três Forças, que são instituições de Estado. As eleições e a Justiça das eleições, o TSE, também representam o Estado brasileiro. Não tem partido político representando. Não tem uma maioria, uma minoria", afirmou.

Saiu surpreso de uma reunião de transição no TSE, quando foram discutidas questões relacionadas ao pleito de outubro.

"Fiquei um pouco surpreso. Já sabia da magnitude das eleições de 22, mas a logística é impressionante. É uma logística de guerra."

​Azevedo teve participação, ainda que discreta, na campanha de Bolsonaro em 2018. Atuou em um grupo que formulou propostas para o então candidato à Presidência.

De janeiro de 2019 a março de 2021, o oficial do Exército exerceu o cargo de ministro da Defesa. Em uma crise militar sem precedentes desde a década de 1970, o ministro e os comandantes das três Forças Armadas foram demitidos pelo presidente.

Além de comandar a pasta da Defesa na gestão de Bolsonaro, o general atuou como assessor especial do Supremo, a convite do ex-presidente da corte Dias Toffoli. A passagem dele pelo tribunal propiciou a aproximação com ministros.

Enquanto esteve no Executivo, o militar da reserva do Exército trabalhou para manter as Forças Armadas longe da política, com um viés mais institucional e imparcial.

Sempre que o presidente insinuava acionar o Exército para resolver seus embates políticos, dizem ministros do STF, era o general quem entrava em cena. Procurava os magistrados para afirmar que os militares respeitam a Constituição Federal e não concordam com a ideia de novo golpe.

Essa postura foi considerada como um dos motivos para sua demissão. Foi substituído pelo general do Exército Walter Braga Netto, também da reserva.

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