MBL se opõe a Bolsonaro, decide ir à Ucrânia e reforça guerra eleitoral

Arthur do Val, pré-candidato em SP, e Renan Santos afirmam querer mostrar outra narrativa e são alvo de críticas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Em movimento de contraposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL), dois líderes do MBL (Movimento Brasil Livre) decidiram ir à Ucrânia, reforçando as discussões sobre a guerra no debate eleitoral brasileiro.

O deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, pré-candidato ao Governo de São Paulo pelo Podemos, e um dos dirigentes do MBL, Renan Santos, afirmaram estar a caminho do país que sofre ataque da Rússia. Eles dizem que o objetivo é conversar com a população.

Ambos são apoiadores do projeto presidencial de Sergio Moro (Podemos) e críticos de Bolsonaro. No caso da invasão russa à Ucrânia, também atacam a postura de neutralidade do presidente sobre o assunto.

Arthur do Val em evento de filiação ao Podemos
Arthur do Val em evento de filiação ao Podemos - Adriano Vizoni/Folhapress

Em vídeo divulgado nesta segunda (28) no Telegram, Arthur do Val afirmou que ambos estavam em Frankfurt, na Alemanha. "Vamos para Viena, depois vamos pegar um carro, vamos atravessar a Eslováquia", disse.

Renan afirmou que já estava na fronteira com a Ucrânia. Segundo ele, a viagem foi feita com dinheiro próprio.

"A gente tem um presidente covarde, que está na prática do lado do [presidente russo Vladimir] Putin municiando [de forma negativa] a imagem do nosso país internacionalmente. O concorrente dele, que é líder na pesquisa, o petista, o Lula, a mesma coisa. Que é isso? A gente vai ficar se baseando em quê? Nesse tipo de informação?", disse Arthur do Val à Folha, por mensagem de áudio.

"Isso aqui é uma guerra do século 21, o celular é como um revólver, cara, é uma guerra de informação", afirmou.

O líder do MBL Renan Santos afirma que a dupla pretende "mostrar outra narrativa", num vídeo divulgado no Telegram. Ambos afirmam ter ido com dinheiro próprio, durante o recesso de Carnaval, e que não estão lá para cumprir agenda política oficial.

Nas redes sociais, diversas pessoas fizeram críticas à viagem. "MBL sempre oportunista para ficar gritando seu extremismo, triste usar uma situação dessa como palanque, já existe uma cobertura jornalística disso, não precisa ficar indo lá", escreveu um usuário do Twitter.

"Riquinhos brasileiros entediados resolvem pagar de blogueiros no meio da guerra…vai dar várias fotos interessantes pro insta e uns likes. Faz uma campanha de doação de grana pra eles q ajuda mais!", disse outro.

Entre os críticos da viagem, está o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente. "Deve estar achando que lá é palco de manifestação, igual a Avenida Paulista. Depois arruma problema e vai sobrar pro Bolsonaro resolver", escreveu, compartilhando um post crítico ao deputado.

O deputado respondeu à publicação. "Não preciso de ajuda de bandido, Flavio. Minha viagem não tem um centavo de dinheiro público e a Alesp está em recesso! Vai cuidar das rachadinhas e dos processos que você responde", escreveu.

Arthur do Val já publicou diversos vídeos do trajeto até a Ucrânia. Quando foi candidato à Prefeitura de São Paulo em 2020, ele adotou estratégia de ir até a cracolândia, no centro paulistano, e fazer publicações de lá. Chegou a flagrar um confronto entre a guarda e usuários de drogas.

Criticado por adversários por sua aproximação com a Rússia, o presidente Jair Bolsonaro disse no domingo (27) que não vê a guerra na Ucrânia tendo impacto eleitoral no Brasil e afirmou que está trabalhando gradualmente na construção de alianças para o pleito.

Em entrevista coletiva em um hotel em Guarujá (SP), Bolsonaro disse que "nós não podemos interferir" na guerra da Ucrânia. "Nós queremos a paz, mas não podemos trazer consequências para cá", declarou, ao defender posição de neutralidade do Brasil.

O ex-ministro Sergio Moro, pré-candidato a presidente da República pelo Podemos, disse repudiar "a guerra e a violação da soberania da Ucrânia". O também ex-juiz da Lava Jato criticou o posicionamento de Bolsonaro na crise.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.