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PSOL encarrega Boulos de negociar adesão a Lula a partir de agenda de esquerda

Reunião da executiva da sigla, nesta sexta (11), determinou que líder do MTST vai integrar comissão de negociação com o PT

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São Paulo

O pré-candidato ao Governo de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, vai integrar uma comissão criada pela sigla para tratar das negociações com o PT e demais partidos da esquerda em busca da criação de uma aliança em torno do nome do ex-presidente Lula (PT) nas eleições de outubro.

Além do líder sem-teto, o presidente nacional da sigla, Juliano Medeiros, e a deputada federal e líder da bancada do PSOL na Câmara, Talíria Petrone (RJ), vão integrar a comissão.

A composição do grupo foi discutida na primeira reunião da executiva nacional do PSOL deste ano, realizada nesta sexta-feira (11).

Lula e Boulos conversam nesta terça-feira (1º)
Lula e Boulos durante conversa no último dia 1º - Divulgação/Lula no Twitter

No encontro, foram estabelecidos os temas que deverão ser levados à mesa de discussão com o PT. O PSOL defende que o programa de governo de Lula encampe pontos de uma agenda de esquerda.

A ideia é que um ato na próxima quarta (16), em Brasília, com a presença de dirigentes dos partidos de esquerda, oficialize a abertura das negociações e apresente a pauta. Além da coligação com o PSOL, o PT negocia federação com PSB, PC do B e PV.

"Vamos lançar na quarta-feira a plataforma do programa que vamos apresentar à campanha de Lula. Queremos fazer reunião com os partidos para apresentar ponto a ponto e para que isso seja adotado como agenda única da esquerda", afirmou Boulos à Folha.

Os três eixos programáticos aprovados na reunião são a revogação do teto de gastos e de reformas promulgadas nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL); políticas ambientais e a implementação de uma reforma tributária.

As reformas mencionadas pelo PSOL na reunião foram a reforma trabalhista, a reforma da Previdência e o teto de gastos.

Na área ambiental, o partido propõe a elaboração de medidas para financiar a transição energética, defesa de um novo modelo de desenvolvimento da Amazônia, desmatamento zero, garantia de direitos aos povos indígenas, tradicionais e quilombolas.

A reforma tributária proposta pelo PSOL prevê uma diminuição da taxação no consumo de bens essenciais e populares e foco na taxação de renda e propriedade, incluindo a criação de impostos dos super-ricos.

Além dos três pontos mínimos, o partido afirma que pretende discutir com as demais siglas políticas de enfrentamento ao racismo e para promover igualdade de gênero. No total, como mostrou a Folha, o partido preparou uma agenda de 12 pontos.

Entre representantes do PSOL, há um clima de otimismo de que essas propostas poderão ser incorporadas pelo PT. Nos bastidores, porém, líderes do partido preveem um embate difícil.

A campanha de Lula vem acenando para o centro, com a tentativa de atrair o PSD e a construção de uma chapa com Geraldo Alckmin (sem partido) como candidato à vice. Psolistas apontam que as questões ambientais propostas se chocam com o setor ruralista.

A revogação do teto de gastos e a taxação de grandes fortunas tampouco são consensuais no PT. O partido, por outro lado, já admitiu o debate sobre revisar pontos da reforma trabalhista.

Na ala minoritária do PSOL que é contra a aliança com Lula e defende uma candidatura própria, a negociação com o PT em torno de uma agenda é vista como jogo de cena. Na prática, afirmam, o apoio ao petista ocorrerá mesmo se esses pontos não forem adotados em seu programa.

A executiva nacional do PSOL voltou a reforçar, na reunião, que a principal meta do partido é derrotar Bolsonaro e que isso exige a unidade dos partidos de esquerda.

"Vencer as eleições é só o primeiro passo. Além disso, precisaremos de um programa que derrote, ao mesmo tempo, o neoliberalismo e a extrema-direita. Para ser implementado, esse programa enfrentará a resistência de setores poderosos, o que vai exigir disposição para o conflito e a mobilização popular", divulgou Medeiros, em nota.

Em um congresso realizado em setembro passado, o PSOL definiu por 56% a 44% que iria apoiar a campanha de Lula e não iria lançar candidato próprio ao Planalto. Essa decisão ainda deve ser confirmada em uma conferência da legenda prevista para abril.

Por isso, membros do PSOL esperam que, até lá, a adoção da agenda única tenha avançado entre os partidos.

Na reunião desta sexta, a executiva da legenda também prorrogou em 15 dias o prazo das atividades de um grupo criado para discutir a possibilidade da federação com a Rede, que avança.

Como o STF (Supremo Tribunal Federal) ampliou o prazo para a formação de federações até 31 de maio, membros do PSOL afirmam que a aliança com a Rede deve se concretizar e tem o apoio da maioria em ambas as legendas.

Como a Folha mostrou, havia a expectativa de o aval para a aliança já ser estabelecido no encontro, no entanto, divisões na sigla adiaram essa decisão.

Parte do PSOL vê a federação como uma forma de reposicionar o partido, de maneira forçada, mais para o centro. O senador Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP), que é um dos articuladores da aliança, defende a chapa Lula-Alckmin —enquanto o PSOL rechaça a aproximação com o ex-governador paulista.

Com a chegada da Rede, a ala minoritária do PSOL, que ainda prega uma candidatura própria ao Planalto, tende a perder mais força.

Inicialmente, o impasse em torno da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, com a esquerda dividida entre as candidaturas de Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB) e Boulos, não era um item previsto para o encontro. Segundo participantes, o tema não foi abordado.

A expectativa é que a questão seja tratada mais adiante, quando houver mais clareza sobre viabilidade eleitoral dos nomes colocados e a construção de coligações.

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