Dilma chama Arthur do Val de nefasto e cita ataques do MBL em seu impeachment

Ex-presidente critica deputado estadual de SP em evento organizado pelo PT no Dia Internacional das Mulheres

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São Paulo

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) criticou as declarações sexistas do deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, sobre mulheres ucranianas, e relembrou os ataques que recebeu do MBL (Movimento Brasil Livre) durante o processo de seu impeachment. O deputado faz parte do movimento.

"Nós vimos o deputado Arthur Mamãe Falei ter talvez a manifestação mais deplorável de ódio, de violência e de desrespeito à mulher, ao falar das mulheres ucranianas pobres. É desqualificado, nefasto", disse a petista ao participar de evento do partido sobre o Dia Internacional das Mulheres, na tarde desta terça (8).

"Ele mostra tudo o que há de mais corrupto, no sentido amplo da palavra, no patriarcalismo misturado com escravidão e neoliberalismo e, no caso dele, neofascismo também", seguiu a petista.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT)
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - Francisco Cañedo-30.nov.21/Xinhua

A ex-presidente também relembrou os ataques que recebeu do MBL durante o processo de seu impeachment e criticou o que chamou de "dupla moral" de parte da sociedade, inclusive da imprensa, ao reagir às declarações naquele momento.

"As frases que o MBL usou para me qualificar naquele momento foram ‘burra’, ‘vagabunda’, ‘prostituta’, ‘vai para casa’, ‘vai para o tanque’, algo assim. E pairou um silêncio generalizado. Naquele momento, o MBL foi ultravalorizado", continuou a petista.

"A dupla moral é esclarecedora também do fato de que a imprensa não adota sempre padrões de tratamento adequado às mulheres, só quando lhe interessa. Só quando vem em apoio a alguma coisa que ela defende. E, no meu caso, não me defendia, nós sabemos disso", disse ainda.

Nesta terça (8), o Podemos anunciou que acatou a desfiliação do deputado Arthur do Val, alvo de processo de expulsão da legenda após o vazamento dos áudios.

O parlamentar, que visitou a Ucrânia na semana passada, enviou áudios a amigos dizendo que as ucranianas são "fáceis" por serem pobres —e que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a "melhor balada do Brasil".

Após a repercussão do caso, Arthur retirou a sua candidatura ao Governo de São Paulo pela legenda. Ele admitiu que enviou os áudios a um grupo de amigos.

Em entrevista à Folha, o parlamentar afirmou que irá se afastar do MBL e se defendeu de uma possível cassação na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Ainda em seu discurso, a petista disse que o processo de impeachment que sofreu teve linguagem e práticas misóginas e machistas.

Dilma também criticou a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que há uma "distorção da política social", somente com fins eleitoreiros.

"Bolsonaro está fazendo políticas sociais que ele não fez durante todo o seu governo em ano eleitoral buscando ganhar adeptos", disse. "A política social de Bolsonaro sempre dura poucos meses, não são políticas estruturantes e que contemplam de fato os interesses daqueles aos quais elas se destinam."

Ao final, Dilma disse ainda que as mulheres não devem votar em Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro.

"Todos os programas que o Bolsonaro fizer e beneficiar as mulheres, eu sou a favor da gente defender a seguinte palavra de ordem: ‘Pegue os recursos e vote contra ele’. Não vote nele. Isso é uma arma de criticar a forma pela qual ele tenta, de uma certa forma, tratar a mulher como sendo incapaz de raciocinar e ver seus interesses escusos", disse.

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