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Doria fala em vaivém planejado para ter apoio do PSDB e cita fim de ameaça de golpe

Tucano confirma saída do governo de SP para concorrer à Presidência e critica articulação em torno do nome de Eduardo Leite

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São Paulo

João Doria afirmou nesta quinta-feira (31) que houve um planejamento para conseguir um apoio explícito do PSDB ao resultado das prévias, que definiu seu nome como candidato do partido à Presidência da República nas eleições deste ano.

A fala ocorreu em referência ao vaivém de informações que circulou nesta quinta sobre a possibilidade de o tucano ficar no Governo de São Paulo e desistir da candidatura à Presidência.

O governador do estado, João Doria, durante anúncio da renúncia do cargo para entrar na corrida presidencial - Bruno Santos/ Folhapress

Doria definiu as últimas 24 horas como estratégia política. "Eu diria que é um comportamento estratégico, isso faz parte da vida política, você ter estratégia para poder construir caminhos e solidificar esses caminhos", disse.

O tucano também acusou a articulação em torno do nome de Eduardo Leite (PSDB-RS), perdedor das prévias, de golpista. O gaúcho tenta se viabilizar candidato a presidente.

"Não houve desistência, houve sim um planejamento para que pudéssemos ter aquilo que conseguimos, o apoio explícito do PSDB através do seu presidente Bruno Araújo. A carta que ele assinou hoje não deixa nenhuma dúvida. Nem agora nem depois", disse.

"Hoje ficou claro através dessa carta que não há golpe, não há nenhuma forma de você negar a existência de prévias e do resultado das prévias. Isso seria admitir que o PSDB se tornou um partido golpista", acrescentou.

Doria disse que Leite não teve a dignidade de reconhecer a derrota e afirmou que o clima agora no PSDB é o da democracia. "Quem faz golpe é ditadura, governos autoritários. Quero lembrar Eduardo Leite, hoje é 31 de março, dia do golpe militar. Não caminhe por essa linha, Eduardo."

Parte dos tucanos, porém, acredita que a desistência de Doria foi real e motivada pelo seu diagnóstico de que a candidatura era inviável e não tinha nem o apoio completo da sua sigla. O tucano marcou 2% de intenções de votos na última pesquisa Datafolha.

A tese de que a carta de Araújo freou um golpe também é rechaçada por líderes do partido, sobretudo os ligados a Leite. O diagnóstico é o de que Doria conseguiu rachar ainda mais a legenda e comprou uma briga desnecessária com seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB).

Há a avaliação de que aquilo que Doria chama de estratégia, na verdade, foi um tiro no pé e expôs as fragilidades de sua candidatura.

Doria afirmou a jornalistas que recuou do recuo após obter "o apoio determinado do partido" com a assinatura da carta.

"Prova definitiva que só há um candidato, que foi o candidato que venceu as prévias do PSDB. Eu aplaudi e cumprimentei o Bruno e me senti fortificado para avançar nesse programa", disse.

Doria ainda citou como positivo o afunilamento da terceira via, com a possível candidatura de Sergio Moro a deputado federal.

"Quem tem que estar preocupado a partir de agora é Lula e Bolsonaro, porque ganhamos tração e ganhamos força", disse ele, que chamou o afunilamento da terceira via de "melhor via".

"Eu respeito Moro, eu não quero falar que fica mais fácil. Nós vamos convidar o Moro também para nos ajudar, para apoiar. É uma pessoa de bem, temos que somar todos os brasileiros de bem", disse ele, pregando diálogo e união de forças entre os partidos para derrotar Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Com o recuo desta quinta da decisão de desistir de concorrer à Presidência da República e de renunciar ao Palácio dos Bandeirantes, Doria mantém o plano original de mirar o Planalto e permitir que Rodrigo assuma o cargo e dispute as eleições para o governo paulista.

Doria fez o anúncio de sua renúncia em um evento de despedida no Palácio dos Bandeirantes com prefeitos paulistas, como estava previsto.

Para tentar dissipar o mal-estar que foi vendido por todo o entorno dos tucanos, real ou não, o evento teve ares de lançamento de candidatura, com bateria de escola de samba e um longo vídeo enaltecendo a imagem de "pai da vacina" Coronavac de Doria, entre outros pontos de seu governo.

O deputado estadual Paulo Fiorilo (PT-SP) afirmou que irá ingressar com representação no Ministério Público Eleitoral contra Doria. Segundo ele, o tucano utilizou evento de sua agenda como governador para anunciar a sua renúncia ao cargo e sua pré-candidatura à Presidência.

Doria havia comunicado Rodrigo na quarta-feira (30) sobre sua decisão de se manter no governo, abrindo uma crise no PSDB e na base aliada. Desde então, aliados de Doria passaram a atuar para que ele mantivesse o combinado.

Araújo então divulgou uma carta na qual reafirmava que Doria seria o candidato, respeitando o resultado das prévias do ano ano passado, na qual derrotou o então governador Leite.

Leite renunciou ao governo do Rio Grande do Sul, anunciou que permanece no PSDB e disse que se vê em condições de ser candidato ao Planalto, numa tentativa de virar a mesa das prévias.

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