Fala de Arthur do Val é asquerosa, diz Bolsonaro, que tem histórico de frases sexistas

Presidente falou brevemente sobre o assunto neste domingo, na porta do Palácio da Alvorada

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que já proferiu várias frases sexistas durante a sua carreira, condenou os áudios do deputado estadual Arthur do Val (Podemos) que destratou mulheres ucranianas em situação de vulnerabilidade por causa da guerra.

Ao ser questionado sobre o caso por repórteres no cercadinho frequentado por apoiadores no Palácio Alvorada, neste domingo (6), Bolsonaro disse que a frase é "tão asquerosa que nem merece comentário".

O presidente Jair Bolsonaro fala com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em setembro do ano passado - Foco do Brasil no YouTube

Vídeo com a declaração do presidente foi publicado pela CNN Brasil.

Arthur do Val, que anunciou a retirada de sua pré-candidatura ao Governo de São Paulo após a repercussão de sua fala, é ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre) e apoia o ex-juiz Sergio Moro, atualmente rival político de Bolsonaro.

O parlamentar, que visitou o país invadido pela Rússia, enviou áudios a amigos dizendo que as ucranianas são "fáceis" por serem pobres —e que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a "melhor balada do Brasil".

Jair Bolsonaro tem um longo histórico de falas sexistas, em consonância com atitudes defendidas por vários de seus aliados e apoiadores.

Ele já disse que só não estupraria uma deputada porque ela era "feia", já defendeu, como presidente, o turismo sexual no Brasil, desde que não fosse praticado por gays, afirmou defender salários menores para mulheres, entre outras manifestações.

"Fica aí, Maria do Rosário [PT-RS], fica. Há poucos dias tu me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fica aqui para ouvir", afirmou em 2014, em discurso no plenário da Câmara.

"Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? 'Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade. (...) Por isso que o cara paga menos para a mulher. (...) Eu sou um liberal, se eu quero empregar você na minha empresa ganhando R$ 2 mil por mês e a dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu.", afirmou Bolsonaro em 2014, em entrevista ao jornal Zero Hora.

Dois anos depois, em 2016, Bolsonaro repetiu o raciocínio em entrevista à apresentadora Luciana Gimenez na RedeTV!: "Eu não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente".

"Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens. A quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher", afirmou em 2017, em Palestra no clube Hebraica, no Rio.

Já como presidente, defendeu em 2019 o turismo sexual no Brasil, desde que não fosse praticado por gays. "Quem quiser vir aqui [ao Brasil] fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. O Brasil não pode ser um país de turismo gay. Temos famílias", disse em 2019, durante café da manhã com jornalistas.

Um ano depois, em 2020, ele insultou a repórter da Folha Patrícia Campos Mello, em conversa com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada. "Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]."

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