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Lula diz ter pena dos 'moleques messiânicos' da Lava Jato e cita condenação de Deltan

Ex-procurador Deltan Dallagnol foi condenado a indenizar Lula por caso do PowerPoint

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Belo Horizonte

O ex-presidente Lula (PT) chamou nesta quinta-feira (23) de moleques messiânicos os ex-integrantes da Lava Jato de Curitiba. O petista disse que vai estudar novos pedidos de indenização contra eles após as eleições presidenciais deste ano. Lula ficou 580 dias presos após denúncia e condenação da Lava Jato.

"Eu tenho pena, porque esses moleques que criaram a força-tarefa em Curitiba, eles não só me prejudicaram como prejudicaram a imagem do Ministério Público, que é uma instituição da qual eu e os brasileiros temos que ter o mais profundo respeito", afirmou o ex-presidente em entrevista à Rádio Super N, de Belo Horizonte.

"Eles tentaram quase que destruir (...) a Polícia Federal também teve delegados irresponsáveis, e teve um juiz irresponsável como cidadão que eu não vou dizer o nome dele", afirmou, se referindo ao juiz responsável pela Lava Jato, Sergio Moro, hoje pré-candidato a presidente pelo Podemos.

O ex-presidente Lula durante evento do PT - Ricardo Chicarelli - 19.mar.22/AFP

Nesta semana, a Quarta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que o ex-procurador da República Deltan Dallagnol deve pagar indenização de R$ 75 mil por danos morais ao ex-presidente Lula por "ataques à honra" na entrevista na qual divulgou a denúncia do tríplex em Guarujá (SP).

Essa entrevista ficou conhecida pela apresentação de PowerPoint reproduzida em um painel. Foram 4 votos a 1 a favor da condenação do ex-procurador. Cabe recurso.

Para os ministros, Deltan usou expressões que não constavam na denúncia e tinham como objetivo ferir a imagem do ex-presidente. À época, Deltan afirmou que Lula era "o grande general" do esquema da Petrobras e que comandou uma "propinocracia".

Nesta quinta, Lula foi questionado na entrevista sobre a condenação de Deltan. "Entrei com um processo contra esse procurador porque ele é um messiânico, um mentiroso."

"Fala de honestidade e tentou criar um fundo para a turma dele com dinheiro da Petrobras, R$ 2,5 bilhões. Então achei que tinha que entrar com processo e graças a Deus eu tenho todos os meus processos anulados", disse o ex-presidente.

Deltan Dallagnol, então coordenador da Lava Jato, apresenta Power Point sobre Lula em 2016
Deltan Dallagnol, então coordenador da Lava Jato, apresenta Power Point sobre Lula em 2016 - Reprodução/YouTube

Na ação que chegou ao STJ, a defesa de Lula afirmava que a entrevista coletiva de Deltan "se transformou em um deprimente espetáculo de ataque à honra à imagem e à reputação" do ex-presidente.

Eles pediram R$ 1 milhão em danos morais pela realização da entrevista de setembro de 2016 na qual ele explicou a denúncia da Operação Lava Jato contra Lula pelo caso do tríplex em Guarujá (SP), que mais tarde levou o ex-presidente a ser condenado e preso.

Os magistrados, após discussão, fixaram essa indenização em R$ 75 mil. Corrigido desde o mês em que a entrevista foi concedida, o valor final será superior a R$ 100 mil.

Na entrevista à rádio, ao ser questionado sobre o que achava de Moro, Lula disse se tratar do maior mentiroso da História do Brasil.

"Não me fale dessa pessoa. É o maior mentiroso que passou pela história do Brasil. Que conseguiu enganar 100% da imprensa, conseguiu enganar 100% da política, conseguiu enganar a sociedade. Como mentira não dura a vida inteira, finalmente a casa caiu e ele virou essa coisa grotesca que está se apresentando como candidato à Presidência da República."

Sem velha guarda

Questionado sobre a possível participação da ex-presidente Dilma Rousseff, do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e do ex-presidente do PT, José Genoino, em seu possível governo, Lula afirmou ter respeito por todos, mas que nenhum estará em sua administração.

"Primeiro que não tem sentido uma ex-presidente da República trabalhar, auxiliar num outro governo. Tenho profundo respeito pela Dilma. A Dilma teve uma competência técnica extraordinária, mas eu acho que tem muita gente que surgiu depois que nós governamos esse país, tem muita gente nova, e muita gente que vamos colocar", afirmou.

Lula foi então lembrado de ter sido chamado pela ex-presidente Dilma para ser seu ministro da Casa Civil, o que ocorreu em março de 2016. O ex-presidente chegou a ser nomeado, mas a indicação foi barrada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), depois de ação impetrada por PPS e PSDB, questionando a legalidade do ato.

O entendimento à época era o de que a nomeação de Lula serviria para retirar as investigações contra o ex-presidente da Lava Jato de Curitiba e transferi-las para o STF.

"Quando fui convidado pela Dilma eu disse que em um palácio não cabem dois presidentes. Tentei ficar até uma hora da manhã conversando com a Dilma mostrando para ela da ineficácia de tentar levar um ex-presidente para dentro do palácio. Seria um incômodo para ela e seria um incômodo para mim", afirmou.

O ex-presidente disse que ministros à época acharam que deveria aceitar a indicação. Um deles, Jaques Wagner, responsável pela Casa Civil à época, e que deixaria o cargo para a entrada de Lula.

"Acharam que eu deveria aceitar, mas depois não deu certo. Mas eu entendo que não deva participar. Eu entendo. Tentei convencer, um dia você pode entrevistar a Dilma. Eu não queria por conta disso."

Ainda sobre auxílios, o ex-presidente declarou ainda que há quem possa ajudar, caso vença a eleição, até mesmo não fazendo nada.

"E essas pessoas que têm experiência podem me ajudar dando um palpite, podem me ajudar conversando, me ajudar, às vezes, as pessoas podem me ajudar não fazendo nada, porque nós vamos fazer um governo muito baseado nas necessidades básicas do povo", disse.

Para Lula, tanto a ex-presidente Dilma como Dirceu e Genoino não aceitariam participar de seu governo.

"Essas pessoas continuam tendo muito valor para mim. Todos eles são meus amigos. Tenho profundo respeito. E obviamente que não vão repetir a passagem deles pelo governo. Não há necessidade. Eu poderia te dizer: nenhum deles aceitaria. Vou te antecipar. Nenhum deles aceitaria participar, porque eles sabem da importância que eu tenho de fazer um governo ousado para o período 2023/2026", disse.

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