Descrição de chapéu Eleições 2022

PT aprova documento para dar aval a alianças de Lula com centro

Alas majoritárias do partido afirmam que antigos rivais são bem-vindos para derrotar Bolsonaro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O comando do PT aprovou nesta quinta-feira (24) documento que avaliza alianças do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com partidos de centro. Apoiada por 64,8% do diretório nacional, instância máxima petista, a resolução pavimenta a escolha do ex-governador Geraldo Alckmin para vice na disputa pelo Palácio do Planalto.

O comando do PSB convocou para semana que vem uma reunião com a cúpula petista com intuito de anunciar o apoio a Lula e formalizar a indicação de Alckmin para vice de sua chapa.

"Todas e todos que decidirem pelo enfrentamento a Bolsonaro como prioridade política dos próximos meses terão no PT um aliado para aquela que será a eleição mais importante que já enfrentamos", afirma o documento.

O ex-presidente Lula durante evento do PT - Ricardo Chicarelli - 19.mar.22/AFP

Encabeçada pela CNB (Construindo Um Novo Brasil), tendência de Lula, que detém mais de 50% do partido, o documento afirma que as convergências entre os partidos de esquerda, progressistas e democráticos devem resultar na constituição de uma federação partidária de que, ao menos, PT, PC do B e PV façam parte.

Segundo o texto, "a federação apresentará ao Brasil o nome de Lula para liderar a oposição a Bolsonaro, consolidará a coligação com o PSB, bem como com a federação PSOL-Rede".

"Ainda seguiremos dialogando com os outros partidos de oposição ao governo Bolsonaro no sentido da ampliação do campo de apoio à candidatura de Lula", acrescenta.

Sob o título "Lula, a esperança do povo brasileiro", o texto diz que para derrotar o bolsonarismo é preciso dar uma resposta de unidade da sociedade brasileira.

Essa unidade, continua, tem seu conteúdo baseado no "enfrentamento ao ódio, às desigualdades, à política genocida e à depredação ambiental de um governo que em três anos só promoveu destruição e retrocessos".

Apesar da contestação de alas minoritárias, o texto originalmente apresentado pelo grupo de Lula sofreu pequenas alterações. Uma delas diz respeito ao parágrafo que aponta para a opção por Alckmin na vice. Sem citar o nome do ex-tucano, que se filiou ao PSB nesta quarta (23), a redação proposta pela corrente majoritária dizia: "a candidatura de Lula deverá trazer, já na composição da chapa de presidente e vice-presidente, a ampliação e a unidade que se espera das forças de oposição ao governo nesta quadra da história".

Esse trecho foi mantido, mas ganhou a seguinte ressalva "respeitando os compromissos programáticos antineoliberais".

Logo após propor uma chapa que represente ampliação, a resolução petista afirma que antigos rivais serão agora bem-vindos.

"Faremos, a partir de um núcleo democrático-popular, a incorporação de setores e segmentos que serão imprescindíveis neste movimento político que estamos construindo. Quem outrora não esteve conosco é mais do que bem-vindo a participar deste movimento que devolverá a cadeira de presidente da República ao povo", conclui.

O texto conclama "a unidade dos setores democráticos ao redor não apenas de uma candidatura à Presidência da República, mas também de um movimento político e social que derrote o neoliberalismo, Bolsonaro e enfrente o bolsonarismo".

Após listar críticas ao governo Bolsonaro —como na condução da política econômica e no combate à Covid-19—, o texto afirma que a ampliação deste movimento, "como a esquerda brasileira já soube fazer em outros momentos", deve vir acompanhada de um potente programa de transformações que responda emergencialmente às urgências do povo.

"Oprimida pelo custo de vida, pela pandemia e pela violência, a maioria do povo brasileiro encontra esperança no fim do governo Bolsonaro e na volta de Lula à Presidência da República."

Além da CNB, as tendências Movimento PT e Resistência Socialista endossam o documento, que não cita a Venezuela ao enumerar vizinhos que souberam derrotar extrema direita e ao lado dos quais um governo petista contribuiria para a "reconstrução de um novo mundo, de paz, solidariedade, cooperação e justiça social".

A possibilidade de ampliação de alianças e de composição com Alckmin foi criticada no documento da Democracia Socialista, tendência que, nas eleições internas, liderou chapa que compõe a segunda maior força partidária.

Como movimento negativo, o texto cita "a disposição de Lula, ao que parece já com andamento bastante avançado, de indicar Geraldo Alckmin, protagonista importante do neoliberalismo no país, para vice- presidência, colocando no centro uma aliança com forças neoliberais não bolsonaristas no país e em São Paulo".

Além disso, a DS alerta para "a indicação de uma ampla abertura às alianças com forças conservadoras e de direita, como o PSD de Gilberto Kassab, que deve inclusive se expressar em composições em estados com grande eleitorado, em detrimento de um maior protagonismo das esquerdas". A proposta de resolução foi rejeitada pela maioria.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.